Pular para o conteúdo

Tudo sobre saúde mental: dicas, tratamentos e experiências


Meu nome é Juliana Mateus, ginecologista e obstetra especializada em reprodução assistida. Hoje vamos conversar um pouquinho sobre a síndrome dos ovários policísticos.
O que é essa síndrome? É caracterizada por irregularidade menstrual, hiperandrogenismo e obesidade. O que quer dizer isso? São mulheres que têm irregularidades na menstruação, ou seja, elas têm ciclos muito curtos, muito longos ou não menstruam por vários meses. O hiperandrogenismo consiste no aumento de pelos, principalmente na região de maxila e buço, entre os seios e região lombar. Pode ser de pequena ou grande intensidade e varia muito em relação ao grau de ovário policístico. O aumento de peso consiste nesse aumento de peso, que pode ser só um sobrepeso ou pode ser uma obesidade mesmo, ou seja, pode ser só os 20% de aumento de peso ou muito mais do que isso.
Essa irregularidade menstrual pode causar infertilidade, porque as pacientes que têm ovário policístico não ovulam todos os meses, somente alguns meses esporádicos ou, se ela não estiver menstruando, ela não ovula mesmo. Então fica mais difícil obter uma gravidez. A síndrome dos ovários policísticos prevalece em 15% da população e está associada ao fator genético e fator ambiental.
Quais são as repercussões no corpo da mulher que tem ovário policístico? Como ela tem obesidade ou sobrepeso, ela tem um aumento da resistência à insulina e esse aumento da resistência à insulina, com o passar do tempo, pode levar a diabetes mellitus tipo 2. As pacientes com ovário policístico têm um risco cardíaco aumentado, podendo desenvolver hipertensão arterial e dislipidemia, que é o colesterol alterado e o acúmulo de placas nas paredes dos vasos. A hiperandrogenia também aumenta as chances de desenvolver câncer de endométrio. A obesidade também pode causar distúrbios no sono, como a apneia obstrutiva durante a noite.
O diagnóstico de ovário policístico se dá pela clínica, ou seja, aumento de pelos, ganho de peso e irregularidade menstrual. Ele também tem que ser diagnosticado pelo ultrassom, ou seja, pela imagem de ultrassom transvaginal que vai mostrar a presença de pequenos cistos no estroma do ovário.
O tratamento do ovário policístico é feito com pílulas combinadas que têm o progestagênio, que tem ação de antiandrogênico, ou seja, como a paciente com ovário policístico ela tem muito androgênio circulante no corpo, que é um hormônio masculino, essa pílula vai diminuir a ação desses androgênios. Pacientes que têm o desejo de engravidar, existem outras alternativas medicamentosas que diminuem esse androgênio, para que ela perca peso, diminua a resistência à insulina e consiga ovular de novo. Sempre lembrar que o tratamento de ovário policístico é um tratamento a longo prazo. Você começa o tratamento, porém ele vai demorar uns seis/sete meses para começar a surtir efeito.
Em pacientes que têm hirsutismo (aumento de pelos), é sempre recomendado fazer depilação a laser concomitante com o tratamento para que ela se sinta melhor e comece a sentir resultados um pouco antes.
Para saber um pouco mais desse assunto, acesse as nossas redes sociais.
Fonte: Síndrome dos Ovários Policísticos: o distúrbio endócrino que provoca alteração dos níveis hormonais por Amato – Instituto de Medicina Avançada