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Manifestações clínicas da doença renal crônica: tudo o que você precisa saber I Parte II

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No estágio 5 da doença renal crônica, ocorre uma redução intensa da taxa de filtração glomerular para 10 a 15 ml por dia. Isso causa uma série de sintomas inespecíficos, como mal-estar, fraqueza, insônia, dificuldade de concentração, náuseas e vômitos. Esses sintomas são geralmente associados ao acúmulo de substâncias tóxicas no organismo.
Antes mesmo de chegar ao estágio 5, outros sintomas que refletem disfunção generalizada podem aparecer. No entanto, é importante ressaltar que nem todos os pacientes apresentarão todos os sintomas e nem todas as manifestações a seguir serão encontradas.
Uma das manifestações cutâneas observadas é a hiperpigmentação da pele, que pode ocorrer devido ao acúmulo de pigmentos como a melanina. Além disso, a palidez também pode ser observada devido à redução do hematócrito.
Manifestações cardiovasculares também podem ocorrer devido à relação íntima entre a função renal e cardiovascular. O prejuízo na função renal leva a um aumento na volemia, o que pode resultar em sobrecarga de volume, hipertensão e edema. A sobrecarga de volume também pode levar à hipertrofia do músculo cardíaco e aumentar o risco de isquemia, podendo evoluir para insuficiência cardíaca. Além disso, o prejuízo na excreção renal pode levar ao acúmulo de potássio, aumentando o risco de arritmias cardíacas.
Os metabólitos em excesso devido à disfunção renal podem gerar manifestações neurológicas, como insônia, perda de concentração e confusão mental. Além disso, o acúmulo desses metabólitos também pode reduzir o apetite, causando desnutrição, náuseas e vômitos.
O rim desempenha um papel importante na regulação da produção de células vermelhas do sangue. Na doença renal crônica, a redução da capacidade de secreção do hormônio eritropoetina pelas células renais pode afetar a produção de células vermelhas do organismo, resultando em anemia.
A doença renal crônica também pode levar a alterações ósseas, como a osteodistrofia renal. Isso ocorre porque as células renais desempenham um papel na ativação final da vitamina D, que é essencial para a absorção de cálcio pelo intestino. A perda de massa renal leva à redução da ativação adequada da vitamina D, causando hipocalcemia e estimulando a liberação do hormônio da paratireóide (PTH). O aumento do PTH leva à perda de matriz óssea e enfraquecimento dos ossos.
Além disso, as disfunções renais podem afetar o metabolismo da glicose e levar à menor resistência em eventos hipoglicêmicos. A disfunção renal também pode levar à acumulação de ácidos no sangue, causando acidose metabólica.
Os exames laboratoriais frequentemente mostram acúmulo de substâncias como ureia, creatinina, ácido úrico, potássio, magnésio e fósforo devido ao prejuízo na excreção renal. Por outro lado, pode ocorrer uma redução nos níveis de sódio, principalmente se a ingestão de água for excessiva em relação à perda de líquidos através do suor. Também pode ocorrer uma redução nos níveis de cálcio devido à redução da absorção intestinal estimulada pela vitamina D.
É importante ter um acompanhamento nutricional para ajustar a dieta e evitar mais alterações nos eletrólitos. Deve-se ter cautela no controle do aporte de proteínas e açúcares, especialmente em pacientes diabéticos. Além disso, é essencial revisar constantemente os medicamentos utilizados para evitar variações nos eletrólitos e os efeitos nefrotóxicos que podem aumentar o risco de desenvolvimento de lesões renais.
Algumas medicações comumente utilizadas incluem diuréticos, principalmente os de alça, que podem aumentar a excreção renal e ajudar no controle do edema. Também são utilizados medicamentos para o controle dos níveis de ácido, como o bicarbonato, para evitar mudanças bruscas no pH. Medicamentos inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) e bloqueadores do receptor de angiotensina II (BRA) são utilizados para reduzir os efeitos da angiotensina II, sendo eficazes na diminuição da progressão da doença renal.
Em relação às causas da doença renal crônica, é importante controlar a diabetes e a hipertensão, que são as principais doenças associadas ao desenvolvimento da doença. Outras causas incluem doenças renais agudas, como glomerulonefrite, síndrome nefrótica e síndrome nefrítica, que podem evoluir para lesões renais crônicas. É essencial investigar o histórico familiar e realizar exames periódicos para identificar casos precocemente ou acompanhar a evolução da doença renal crônica.
Fonte: DOENÇA RENAL CRÔNICA I PARTE II: Manifestações clínicas por Prof. Aline Cordeiro