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Lesão do Ligamento Cruzado Anterior em Mulheres: Diferenças em relação aos homens explicadas.

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Olá pessoal, meu nome é Leonard, sou médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho e também médico do esporte. Hoje, vou responder uma pergunta frequente no consultório: quem se machuca mais no caso de ruptura do ligamento cruzado anterior, homens ou mulheres?
Se você respondeu que são os homens, você não está totalmente errado. Estatisticamente, os homens se lesionam mais. No entanto, quando comparamos esportes em que homens e mulheres competem no mesmo nível, as mulheres se lesionam muito mais do que os homens. Por exemplo, no futebol, a taxa de ruptura do ligamento cruzado anterior em mulheres é quatro vezes maior do que em homens. No basquete, essa taxa chega a ser cinco a seis vezes maior, e em esportes de contato como o râguebi, a diferença pode chegar a sete ou oito vezes maior.
Mas por que as mulheres se lesionam mais? Existem três mecanismos básicos de lesão: o mecanismo biomecânico, o mecanismo hormonal e o mecanismo anatômico.
Primeiro, o mecanismo biomecânico. As mulheres têm uma anatomia desfavorável no joelho devido à angulação da bacia, o que aumenta o risco de lesões. Além disso, os ligamentos das mulheres são mais frouxos e menos resistentes do que os dos homens, o que significa que eles não conseguem suportar a mesma energia cinética. A contração muscular na musculatura adutora da coxa (quadríceps) ocorre de forma mais rápida do que na musculatura do glúteo médio, o que faz com que o joelho da mulher desvie para dentro, causando um desequilíbrio dinâmico.
Segundo, o mecanismo hormonal. Durante o período pré-menstrual, o corpo feminino atinge o pico de produção de estrogênio, o que reduz a quantidade de proteína nos ligamentos. Isso pode levar à maior fragilidade dos ligamentos, resultando em lesões mais frequentes durante essa fase do ciclo menstrual.
Por fim, o mecanismo anatômico. O formato da bacia da mulher, em geral, é mais frouxo e menor do que o do homem. Além disso, as mulheres têm menos colágeno em seus ligamentos. Isso significa que a energia cinética de um ligamento em uma mulher não é a mesma que em um homem. A musculatura também pode influenciar, já que o tempo de resposta muscular da mulher é reduzido e desincronizado, o que pode levar a um desequilíbrio dinâmico do joelho.
Com base nesses mecanismos, podemos concluir que as mulheres têm uma maior predisposição para lesões nos ligamentos cruzados anteriores.
Agora, vamos falar sobre os cuidados pré e pós-operatórios para mulheres que precisam passar por cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior.
Após uma ruptura do ligamento, o processo inflamatório e a formação de fibrose dentro do joelho são mais intensos nas mulheres. Por isso, é recomendado esperar um pouco mais antes de realizar a cirurgia em comparação com os homens. Enquanto os homens podem ser operados dentro de duas a três semanas após a lesão, para as mulheres, é melhor aguardar um pouco mais. Isso ocorre porque as mulheres têm maior probabilidade de formar fibrose e, se houver ruptura com lesão do ligamento colateral medial, as chances de rigidez e dores pós-operatórias são maiores.
O enxerto utilizado na cirurgia é basicamente o mesmo, mas é preciso ter cuidado extra com a força e rotação da broca ao fazer os túneis ósseos, pois o osso das mulheres geralmente é um pouco mais frágil. O pós-operatório inicial também é semelhante, iniciando a fisioterapia nas primeiras semanas, incluindo hidroterapia.
Durante a reabilitação, é importante realizar uma fisioterapia pré-operatória com exercícios de ganho de movimento e eletroestimulação. A partir do quarto mês, inicia-se a fase de fortalecimento. É importante considerar que as mulheres têm mais dificuldade em ganhar massa muscular devido ao nível mais baixo de testosterona e à menor enervação. Por isso, é necessário tratar o distúrbio biomecânico e o desequilíbrio dinâmico. Após o sexto mês, entra-se na fase preventiva, com cuidados especiais no retorno ao esporte, como observar a aceleração, desaceleração e aterrissagem.
O retorno ao esporte para as mulheres deve ser mais lento e gradual para minimizar o risco de uma nova lesão. Testes funcionais são aplicados para avaliar a rapidez e agilidade neuromotora, e é importante que a mulher esteja totalmente reabilitada, sem dor e com teste isocinético normalizado antes de voltar à prática esportiva.
Além disso, é fundamental analisar se a mulher está usando algum medicamento hormonal, como contraceptivos, que possa afetar a resposta motora e a recuperação pós-operatória. Em alguns casos, pode-se considerar a troca de medicação em conjunto com o ginecologista responsável.
É importante destacar que todas essas recomendações devem ser seguidas de acordo com a avaliação e orientação do médico especialista.
Espero ter esclarecido suas dúvidas sobre esse tema. Se tiver mais perguntas ou comentários, fique à vontade para escrever abaixo. Não se esqueça de se inscrever no meu canal para mais informações e compartilhar esse conhecimento com outras pessoas.
Fonte: LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR EM MULHERES: Entenda as diferenças em relação aos homens. por Dr. Adriano Leonardi