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Hanseníase: causas, sintomas e tratamentos.

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Doenças negligenciadas são um grupo de doenças infecciosas e parasitárias que incapacitam ou matam milhões de pessoas em todo o mundo. A esquistossomose, filariose, peste, doença de chagas, leishmaniose, tuberculose e malária são exemplos dessas doenças. Para compreender o que são doenças negligenciadas, é preciso entender que a saúde é um fenômeno social e biológico. A situação de saúde de cada pessoa depende da forma como ela se relaciona com o ambiente, o trabalho e com outras pessoas, e essas relações estão sempre em movimento, ou seja, constituem um processo social e histórico.

No caso das doenças negligenciadas, são doenças que atingem principalmente moradores de áreas rurais e favelas urbanas, ou seja, populações que foram e são excluídas por um modelo de desenvolvimento. No Brasil, esse modelo concentra renda em poucos e nega direitos, dignidade e cidadania para muitos brasileiros, por causa de fatores políticos, econômicos e sociais.

O processo histórico brasileiro resultou em um país com importantes diferenças e desigualdades entre as regiões. Para se ter uma ideia da desigualdade brasileira, das 16 milhões de pessoas que vivem na extrema pobreza, 59% estão concentradas na região nordeste, 17% na região sudeste e 4% na região sul. A região nordeste ainda apresenta os piores serviços de água tratada, coleta e tratamento de esgotos, já que 53% dos domicílios não estão ligados à rede geral de esgoto pluvial ou fossas sépticas. Além disso, 26% da população da região ainda não sabe ler nem escrever.

Essa desigualdade tem repercussões na saúde. O nordeste é a região que concentra o maior número de casos de doenças negligenciadas. Pernambuco, por exemplo, é um dos estados que apresentam indicadores de saúde e na CEI Taveira ocupa os primeiros lugares em casos de tuberculose e hanseníase. No Brasil, é o único atualmente a ter casos novos de filariose e um dos poucos onde ainda se morre de leishmaniose e de heskeyextorsão mose.

Para enfrentar toda essa situação de saúde, o governo de Pernambuco criou o programa de enfrentamento às doenças negligenciadas, o SANAR, com o apoio de diversas instituições. O SANAR está desenvolvendo diversas ações em 108 municípios prioritários para o controle dessas doenças. As doenças que fazem parte do programa são doença de chagas, esquistossomose, filariose, hanseníase, aziztracoma e tuberculose.

O que é preciso então para enfrentar as doenças negligenciadas? As condições de vida, ou seja, condições de moradia, saneamento, educação, trabalho e lazer estão relacionadas com a situação de saúde. Ter uma saúde melhor significa buscar a resolução dos vários problemas sociais e ambientais através de políticas públicas. Dessa forma, pode-se conquistar importantes direitos sociais e de cidadania. Isso mostra que as soluções para as doenças negligenciadas ultrapassam o campo da saúde e exigem ações de vários outros setores do estado e da sociedade.

No campo específico da pesquisa em saúde, a ciência já sabe como prevenir, controlar e erradicar muitas das doenças negligenciadas. Em Pernambuco, desde 1950, uma instituição de pesquisa em saúde vem se dedicando ao estudo das doenças negligenciadas, a exemplo da filariose, da leishmaniose e da esquistossomose, doença de chagas, peste e tuberculose. É a Fiocruz Pernambuco, que desenvolve um trabalho de pesquisa e ensino em diversos campos da saúde pública, com o objetivo de contribuir para a prevenção e controle de doenças na região.

São estudos voltados, por exemplo, para o aperfeiçoamento de formas de diagnóstico de doenças, para um melhor conhecimento dos insetos e hospedeiros de enfermidades e pesquisas voltadas para uma melhor compreensão do processo saúde-doença. O trabalho de pesquisa em saúde realizado na Fiocruz Pernambuco é colocado a serviço da população, por meio do desenvolvimento de insumos biológicos, pela capacitação de técnicos e gestores e pelo oferecimento de serviços especializados para o sistema único de saúde, o SUS.

A hanseníase é uma doença causada pela bactéria Mycobacterium leprae, descoberta em 1873 pelo médico amor Hansen, da Noruega. É uma enfermidade que se instala principalmente na pele e nos nervos, podendo atacar outros órgãos. O contágio pela hanseníase depende das condições de vida e da resposta imunológica de cada pessoa. O contato com o paciente em ambiente fechado, com pouca ventilação e ausência de luz solar, aumenta a chance de a pessoa se infectar com o bacilo. E por ter uma evolução lenta e sintomas iniciais discretos, muitos não têm logo diagnóstico da doença.

Uma pessoa pega hanseníase através do convívio direto e prolongado com uma pessoa que tem a doença na forma contagiosa e que não esteja em tratamento. O contágio é pela respiração da pessoa infectada, pelo meio das gotas eliminadas no ar pela tosse e pela fala. A transmissão também pode ocorrer através da pele, se existir algum ferimento aberto.

A hanseníase se manifesta após um período de incubação prolongado do bacilo, ou seja, os primeiros sintomas costumam aparecer depois de dois a cinco anos que a pessoa pegou a bactéria. No entanto, a maioria das pessoas que se infectam com o bacilo não adoece. Entre os que adoecem, muitos desenvolvem manifestações na pele com manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, no rosto e nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.

Além da mancha, a alteração da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil. Outras pessoas desenvolvem formas mais graves da doença, apresentando vários tipos de lesões nos nervos e em outros órgãos do corpo. A hanseníase pode causar inflamação e espessamento nos nervos, chamado de neurites, que, se não diagnosticadas e tratadas imediatamente, levam a deformidades, principalmente na face, mãos e pés.

O tratamento é simples e encontrado nos serviços públicos de saúde. É feito com o medicamento oral, em que uma dose mensal é administrada na unidade de saúde e as outras doses são tomadas pelo paciente em casa. O importante é diagnosticar a doença logo no início, porque, tão logo a pessoa começa o tratamento, ela deixa de transmitir a bactéria.

Além da melhoria das condições de vida, algumas medidas podem evitar novos casos, como o diagnóstico e tratamento da doença logo no início. O controle da hanseníase ainda é um desafio. Não há uma vacina específica, e a doença demora a se manifestar, e os sintomas iniciais muitas vezes são discretos. O preconceito e os estigmas que envolvem a doença são fatores que ainda dificultam o seu controle.

A hanseníase é uma doença que apresenta uma grande incidência em Pernambuco. O estado ocupa o nono lugar no Brasil em número de casos na população geral e o quinto lugar em casos em menores de 15 anos de idade. Em 2011, a Secretaria Estadual de Saúde contabilizou um total de 2.649 pessoas com hanseníase, sendo que 286 foram diagnosticadas em menores de 15 anos. A região metropolitana do Recife é responsável, em média, por 60% dos casos diagnosticados no estado. Dessas, o Recife responde por aproximadamente 33% dos casos diagnosticados no ano.

Para conhecer mais o trabalho da Fiocruz Pernambuco, acesse o site da instituição: www.fiocruz.br

Fonte: Hanseníase por Fiocruz Pernambuco