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Como lidar com a invalidação da família: guia completo.

Olá,

Uma escrita me pediu para falar sobre a invalidação familiar e isso eu acho tão fundamental para todo mundo porque, por mais que a gente queira se desenvolver ao longo da vida, na hora que você tem mais consciência de quem é você, o que você está fazendo no mundo, a base já foi plantada e ela tá ali pra ser o fundamental do que a pessoa vai se tornar. Então, não tem como negar que é muito importante tudo que a pessoa recebeu, tudo que ela ouviu a respeito dela mesma, principalmente, mas também a respeito dos outros e a respeito do mundo. Tudo influencia na forma que a pessoa vai se ver ao longo da vida, o que ela vai fazer por ela mesma e como ela vai se relacionar com as outras pessoas.

É fundamental em tudo, até por exemplo, uma pessoa que está numa família que é muito interessada em leitura, por exemplo, que ela vê as pessoas lendo, que compra os livros. Não precisa nem que alguém chegar pra ela e falar assim “leia”, não, aquilo é natural. É tão natural para ela ver, ela tem aquilo como um valor dela que ela pode ao longo da vida acreditar que aquilo é dela, que ela gosta de ler, e muitas vezes aquilo foi aprendido pelo exemplo do que ela foi vendo.

E com relação a ela mesma, isso é também é muito forte. Como a família se relaciona com ela. A invalidação familiar tem essa função não é, digamos assim, de a pessoa é ser vista, ser tratada de uma forma tão ruim, desqualificada, que a pessoa passa um longo da vida dela se sentindo nesse sentindo um nada. É as ações da família, pai, mãe, irmãos, avós. Quando a gente fala família são todas as pessoas que compõem a formação dela no dia a dia, as pessoas que estão ali presentes e influenciando. Então, é a atitude e as palavras de desqualificação da criança.

Nessa é bobeira, a Cecília só quer brincar, né? Isso é só brincadeira. Para a criança, a brincadeira é a forma que ela está aprendendo, que ela está descobrindo as coisas, como é que as coisas funcionam. Então, desmerecer, desvalorizar a criança vai fazer é muito forte a possibilidade dessa criança crescer se sentindo desmerecida, sem lugar no mundo, sem ser sempre vista, reconhecida nas suas necessidades. O que a gente chama de maus tratos invisíveis. Às vezes, são coisas que não precisa nem de levar um tapa, nem de levar um grito, mas só aquela cara de criança já é suficiente para ela ter essa sensação de que ela não é importante.

Essa coisa de saúde da criança é querer alguma coisa e não ser atendida, dela cair e não ser atendida. E claro que o extremo oposto também não é positivo. O você não deixa a criança acontecer, nada com ela. Você não permitir que ela tenha autonomia, que ela aprenda que ela pode fazer as coisas sozinha, também é um erro.

Outro erro é quando o adulto não tem tempo. Quando a criança chega contando alguma coisa do que aconteceu durante o dia, o caminho, falou caminho, face àquela coisa, e não tenho tempo para isso, estou muito ocupado para ficar ouvindo essas bobagens. Cria coloca lá dentro da cabecinha dela. Aqui o que ela tem pra falar é do margin. Não é importante.

Aquela coisa de “Ah, você é bobo. Você chora por nada”, né? É cena, segue fazer as coisas. É uma criança, criança chora por nada, é normal, como todas as outras crianças. Mas a criança não tem essa percepção, o que ela tem é a introjeção dessa informação de que ela é incapaz, é boba, ela não sabe as coisas, ela não tem importância nenhuma. Então, ela tem que ficar mais é ficar quietinha num canto sem se manifestar, sem se expressar, e pode virar um adulto que cresce com essa sensação de que ele tem que ficar num cantinho dele, escondidinho, que não ninguém veja. Às vezes, morrendo de vontade de vida.

Ela está fazendo coisas, está falando coisas ainda, mas aquela sensação de que ele não tem vez, vai fazer essa pessoa se frear, a puxar o freio de mão. Vai fazer essa pessoa escolher uma profissão que nem é que ela gostaria, nem é que ela poderia. Pode ser que ela tenha habilidades para outras coisas, mas ela pode escolher uma profissão que vai deixar o escondidinho no canto, que não vai sair da chance nenhuma para ela brilhar. Porque ela nunca pode brilhar, ela nunca teve um local, um lugar de destaque na casa dela, na família dela. E essa sensação, que às vezes são faladas em várias formas, várias palavras são ditas, mas que de alguma forma a criança vai entendendo que ela nunca vai chegar a lugar nenhum é.

Então, até ajuda, até uma forma de ajuda exagerada, quando a criança vai fazer alguma coisa, adulto não deixando. Aqui, eu faço pra você, você não vai conseguir. Daqui, que eu faço. Às vezes, o adulto pode ter até uma boa intenção, achando que está ajudando, mas a informação que está passando para criança é que ela não consegue fazer nada. Então, deixa para os outros, os outros que vão fazer, outros sabem mais do que ela e então só resta ela, esperar a vida passar. E essa coisa de que ela não vai chegar a lugar nenhum, ela nunca vai ser nada, vira uma profecia autorrealizadora. A pessoa acaba inconscientemente falando isso para ela mesma. Ela nunca vai chegar a lugar nenhum e aí ela faz com que ela não chega a lugar nenhum.

Ela não se move para ir a lugar nenhum e ela fala “tá vendo, sempre tiveram certa a meu respeito. Eu nunca seria uma pessoa que faria nada de bacana, de bom”. Só que ela não percebe que ela fez essa profecia que se autorrealiza. Como é que a gente muda isso? Em primeiro lugar, mudando esse diálogo interno, mudando essa percepção a seu respeito, se conhecendo, percebendo quem de fato você é, o que de fato você pode fazer.

E aí é fisioterapia, gente, porque muitas vezes sozinho isso é muito difícil. Nessa está tão envolvido naquela informação que precisa, sim, de uma olhar técnico, uma pessoa que vai te ajudar a atingir, observar quem realmente você é e o que realmente você pode fazer. E aí você vai testando, vai percebendo na sua própria experiência de que, por já ser sempre foi outra pessoa, que nunca foi aquele zero à esquerda, que passou a vida inteira acreditando. Só que um ponto muito importante, não vamos também passar a vida culpando quem fez o que fez, o que falou. Eu acho que sabe, os pais que você teve, a família que você teve, te deram que puderam dar e não é brigando, se revoltando, ficando super bravo, acusando, cobrando. Também não vamos sair do lugar.

O negócio agora é olhar para você mesmo e ver o que você tem para fazer daqui pra frente e toda a vida e ficar de bem com a família, mesmo entendendo que o dia que você for pai, você já é pai, é provável que você não seja um pai perfeito, porque ninguém é perfeito. Então, a gente se observa no melhor possível, dá o melhor possível e toca a vida daqui pra frente.

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Fonte: Invalidação familiar por Psicólogos em São Paulo