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Amanda Ramalho abre o coração sobre seu diagnóstico de autismo

Agora posso falar no meu outro podcast. Claro que é o meu Carro Chefe, que é a esquizofrenia, uma condição de saúde mental que conheço bem. Eu tenho tratamento desde os 16 anos e sempre fui uma criança estranha. Meu hiperfoco é a saúde mental, pois eu sempre quis saber mais e mais sobre isso, porque eu sou assim? Porque tenho essas questões? Por que dói tanto? Eu lido com ansiedade e depressão desde muito nova, mas no ano passado, recebi um diagnóstico de autismo, o que explicou muitas coisas na minha vida.

Ao mesmo tempo que você recebe um diagnóstico, você meio que diz pra si mesmo: agora é isso pra sempre. Mas eu sempre fui assim, então não sei viver de outra maneira. Agora entendo melhor, mas o que me deixa ansiosa e me faz entrar em colapso é a falta de compreensão e adaptação da sociedade às nossas diferenças. Tenho aprendido muito sobre o autismo e o universo da neurodiversidade. O mundo não é adaptado para nós, nós é que nos adaptamos às coisas.

Por exemplo, eu sempre precisei dormir em uma posição específica e nunca entendi o motivo. Agora eu sei que isso é uma característica comum em pessoas autistas. No começo foi difícil lidar com o diagnóstico, porque eu comecei a lembrar de situações que não compreendia na época. Por exemplo, se eu tivesse entendido que uma pessoa estava sendo irônica e não brigando comigo, não teria brigado com ela. Mas agora tenho respostas para tudo e isso é libertador.

Perguntada se o diagnóstico a libertou ou a aprisionou, a resposta é que as duas coisas aconteceram. Por um lado, conseguir explicar muitas coisas alivia a culpa e a vergonha. Por outro lado, ela sempre teve uma vida pública e expôs muitas coisas de sua vida que muita gente nunca aconselhou. Isso é um pouco chato, mas faz parte.

No começo, foi difícil lidar com o autismo, mas ela agora entende o que precisa fazer para se adaptar e viver da maneira que gosta. O trabalho, por exemplo, é complicado, porque uma pessoa autista pode precisar levantar para se sentir mais à vontade em algum momento do dia. Coisas simples, como segurar objetos, também fazem parte de um processo de regulação.

Para as mulheres com autismo, é ainda mais complicado lidar com o diagnóstico, pois muitas vezes elas são diagnosticadas erroneamente com depressão, transtorno bipolar ou borderline. Isso acontece porque, quando crianças, elas são consideradas apenas meninas típicas, que não gostam de esportes, não interagem muito com as pessoas e usam um vocabulário adotizado. Com o tempo, elas fazem concessões e se tornam personagens de si mesmas. Quando meninos têm autismo, é mais fácil de detectar, pois são mais introspectivos e não gostam de chutar bola, por exemplo.

Curiosamente, os hiperfocos das meninas autistas costumam ser as princesas, o que é considerado normal e não excêntrico. A menina quieta é vista como comportada e uma princesa, enquanto o menino quieto é visto como preocupante. Desde pequena, sempre gostei de sentar de uma maneira peculiar, pois não consigo ficar parada.

No geral, o diagnóstico de autismo trouxe muitas respostas para a vida da apresentadora, mas também trouxe uma série de adaptações que precisam ser feitas para que ela possa viver da maneira que gosta.

Fonte: AMANDA RAMALHO se ABRE sobre DIAGNÓSTICO de AUTISMO por Cortes do Venus [OFICIAL]