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Tratamento e alterações no ECG devido ao aumento de potássio

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Hipercalemia na Emergência Médica

Olá pessoal, eu sou o Dr. Júlio Marçal, médico clínico geral e cardiologista. Sejam muito bem-vindos ao meu canal! No vídeo de hoje, vou falar sobre a hipercalemia na emergência médica.

Mais especificamente, vou abordar as alterações eletrocardiográficas e o tratamento medicamentoso que podemos usar na emergência. Recomendo também assistir a outro vídeo onde falo sobre a abordagem e manejo da hipercalemia na emergência. Esses dois vídeos se complementam.

Antes de começar o vídeo, peço que deixem seu like e se inscrevam no canal, além de seguir nas redes sociais. E para aqueles que já são inscritos, me sigam no Instagram, pois em breve começarei a postar vídeos por lá também. Então, vamos lá!

O aumento do potássio na corrente sanguínea é uma complicação relativamente frequente nos plantões médicos. Se você está de plantão em uma emergência médica, com certeza lidará com casos desse tipo. Muitas vezes, precisamos agir rapidamente para reduzir os níveis de potássio e evitar complicações.

Os valores normais de potássio no sangue variam entre 3,5 a 5,2 mmol/L. No entanto, é importante estar atento à referência do seu laboratório, pois os valores podem variar. Para classificar a gravidade da hipercalemia, utilizarei uma referência que obtive do site AnteOdent. Valores até 5,5 são classificados como leves, entre 5,5 e 6,5 como moderados, e acima de 6,5 como grave.

Antes de interpretar o valor do exame, é essencial descartar a possibilidade de uma pseudo-hipercalemia, ou seja, verificar se o valor está errado devido a questões de coleta ou processamento do exame. Uma vez descartado isso, podemos prosseguir com o raciocínio.

Agora vou falar sobre as alterações eletrocardiográficas relacionadas com a hipercalemia. A primeira alteração que podemos notar é uma onda T apiculada e uma redução do intervalo QT. Em seguida, podemos observar um aumento do intervalo PR e uma prolongação do complexo QRS, ou seja, o QRS fica mais largo. Em estágios mais avançados, podemos notar o desaparecimento da onda P e um alargamento ainda maior do QRS. Em fases muito tardias, o QRS pode apresentar um padrão sinusoidal. Além disso, outras alterações que podemos observar são bloqueios de ramo, taquicardias ventriculares, ritmos idioventriculares e até mesmo supradesnível do segmento ST.

Agora vamos falar sobre as medidas farmacológicas contra a hipercalemia. Temos três mecanismos de atuação para evitar os efeitos do potássio no corpo: antagonizar a ação do potássio na membrana celular, translocar o potássio do meio extracelular para o intracelular e excretar o potássio do corpo.

Para antagonizar a ação do potássio na membrana celular, utilizaremos o cálcio endovenoso, preferencialmente o gluconato de cálcio a 10%. Infundiremos 10 ml dessa solução por via endovenosa em 2 a 3 minutos. Se necessário, também podemos diluir essa solução e infundi-la lentamente em pacientes que estão usando digitálicos, para evitar uma hipercalcemia temporária que pode potencializar o efeito cardiotóxico.

No segundo mecanismo, que é a translocação do potássio do meio extracelular para o intracelular, temos três medicações: solução polarizante (insulina com glicose), inalação com beta-agonista e infusão de bicarbonato de sódio. A solução polarizante consiste em 5 a 10 unidades de insulina regular endovenosa misturada com 500 ml de soro glicosado 10%. Essa solução deve ser infundida em 1 a 2 horas, tomando cuidado para não causar hipoglicemia. A inalação com beta-agonista pode ser feita com fenoterol ou salbutamol, diluídos em soro fisiológico. A infusão de bicarbonato de sódio 8,4% também é efetiva em pacientes com hipercalemia e acidose metabólica. Essa solução pode ser diluída em soro glicosado 5% em uma concentração de 150 ml de bicarbonato para 850 ml de soro glicosado.

No terceiro mecanismo, que é a excreção do potássio do corpo, temos os diuréticos de alça ou tiazídicos e as resinas trocadoras de potássio. O diurético de alça utilizado será a furosemida, na dose de 1 mg por kg de peso do paciente. Essa dose pode ser repetida de acordo com a necessidade. A resina trocadora de potássio utilizada será o poliestirenossulfonato de cálcio, diluído em manitol a 10%. Essa resina pode ser administrada por via oral ou retal, lembrando que possui algumas contraindicações.

Vale lembrar que essas medidas farmacológicas que atuam na excreção do potássio do corpo não devem ser feitas isoladamente. Elas têm um tempo de ação mais demorado, mas são efetivas para remover o potássio do paciente. Além disso, em casos mais extremos, pode ser necessário realizar hemodiálise.

Ao longo de todo o tratamento na emergência, é importante monitorizar o paciente e repetir o eletrocardiograma e a glicemia capilar conforme necessário.

Espero que tenham gostado dessa aula sobre hipercalemia na emergência médica. Lembre-se de assistir também ao vídeo sobre a abordagem e manejo da hipercalemia na emergência, que complementa este conteúdo. Deixe suas críticas e comentários, e até a próxima!

Fonte: Aumento de potássio – tratamento e alterações no ECG por MedTV – DrJulioMassao