Pular para o conteúdo

Jovem tem amnésia quase total após acidente de paraquedas: conheça a história emocionante

  • por
  • posts

Imagine acordar um dia no hospital e não saber como foi parar lá, pior ainda, não reconhecer a própria mãe ou a filha. Isso aconteceu com o publicitário que sofreu um acidente de paraquedas. Mas como isso é possível? Veja agora na série de reportagens especiais.

No dia 14 de maio de 2012, o paraquedista Igor Leandro, com toda sua experiência, fez o salto nº 588 na Califórnia. Porém, mesmo com tamanho experiência, um imprevisto na hora do pouso mudaria para sempre a vida do atleta.

Igor era um jovem publicitário apaixonado pelo pára-quedismo. E depois do acidente, ele acordou na cama de um hospital sem reconhecer ninguém ao redor. Ele teve uma pancada muito forte no cérebro, que se deslocou dentro do crânio. Desconectou-se. Nem a mãe dele, nem a filha, ele conseguia reconhecer. “Eu fico tentando me lembrar de algumas coisas que me são ditas e eu não consigo me lembrar, nem como que eu perdi essa memória, mas eu sei que eu perdi”, diz Igor. É confuso mesmo, como não se lembrar de quase nada? Ele não consegue saber exatamente o que esqueceu. As comidas que ele gosta, por exemplo. Ele não se lembra. “Não consigo mesmo”, diz ele. Ainda bem do paladar, não. De time de futebol, não. Também não.

Foram 15 dias em coma, com fraturas e lesões no cérebro. Ele ficou um mês internado no hospital, aqui em Brasília. A primeira visita da filha dele, ela entrou, ele não tratou como filha dele. É uma pessoa… mais uma pessoa. E ele tinha uma ligação mais forte com a filha. Esse dia se assustou. O médico atual não tá l… tá lá nos Estados Unidos. “‘Vitória, você…”.

“E aí, prótese”, diz Igor, enquanto aponta para prótese metálica em sua cabeça. “A peça que tampa o buraco. Uma pessoa quando ele nasceu… agora é como se o pai estivesse criando um novo filho. Toda a chance que eu tenho das nossas conversas, eu estimulo a memória dele. Eu digo: “Não sei se você já sabe…”.” “Pense só duas memórias ficaram intactas no meio do apagão que o cérebro sofreu: falar inglês e entender inglês. Mexer no computador dele. No computador dele ele sabe tudo”.

Mas como é possível que algumas memórias foram mantidas e outras não? Existem pessoas que passam a não reconhecer mais, por exemplo, familiares ou pessoas famosas. Isso é chamado de prosopagnosia, ou seja, não conseguir mais a capacidade de reconhecer e diferenciar rostos.

O maior dano ao cérebro de Igor foi causado pela desaceleração brusca quando o paraquedista atingiu o solo. O cérebro é como uma gelatina. O impacto provocou um choque dentro do crânio e destruiu vários grupos de neurônios. O cérebro ficou com um painel de led com muitas luzes queimadas, outras mais fracas e outras normais. Isso explica porque ele se lembra de algumas coisas e outras não.

Com os estímulos, as luzes que ficaram semi apagadas vão reacendendo pouco a pouco, e a memória vai melhorando. Mas as lâmpadas que queimaram não voltam mais. São esses neurônios que perderam suas lâmpadas. Ficam mais fracas. E com a reabilitação, a gente vai tentar fazer com que elas fiquem mais fortes, na luminosidade, e se possível, ter o mesmo brilho das lâmpadas que são normais.

Depois do acidente, Helio Paula largou o trabalho e os negócios para cuidar do Igor em tempo integral. E vive essa batalha diária, abastecendo o filho com lembranças da família e do mundo. “Todos os dias têm um quê. Conseguimos isso. Todos os dias têm uma vitória”.

“Hélio, Paula, e eu fui reaprendendo, com as coisas têm que funcionar”. Cuba também perdeu instintos básicos, como olfato, paladar, e a capacidade de rir e de chorar.

A queda acabou criando uma nova relação entre pai e filho, que não tinha sido possível na infância. “Ele tá me recriando, porque ele já tinha me criado. Ele recriou”. “Não quem criou você foi sua mãe”. “Agora eu tô tendo a chance de criar você”. O Guga pode não se emocionar como antigamente, ao ouvir as palavras de quem aprendeu a ser pai, o ex-paraquedista que perdeu o passado agora tem uma nova história cheia de amor e carinho.

O que ser nunca mais a minha esperança é que ele chegue a um ponto em que permita ser independente. Que ele se recupere e consiga se inserir na sociedade.

Fonte: Jovem perde quase toda a memória após sofrer acidente de paraquedas por Jornal da Record