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Excesso de Ferritina no Organismo: Causas e Doenças Associadas

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É mais um está de volta pra falar de saúde. Você sabe que a ferritina é uma proteína responsável pelo armazenamento e transporte do ferro no nosso organismo. Apesar de fazer parte do nosso corpo, se tiver em excesso pode acarretar uma série de doenças graves, como cirrose, câncer de fígado, diabetes, arritmias cardíacas e ainda demência precoce. Para gente prevenir e entender como prevenir que isso aconteça, quais são os tratamentos indicados? Hoje a gente recebe aqui o médico hematologista, doutor Fábio Benedetti. Boa tarde, seja bem-vindo.

Tudo bem, doutor?

Bem, quando a gente fala em ferritina, é pra gente entender qual a importância disso, né? Da gente ter uma proteína no nosso corpo que carrega o ferro, que é tão importante também para a composição do nosso organismo.

Bom, o importante é a gente saber que a ferritina, na verdade, ela representa o estoque de ferro. Então, muitas vezes a gente lança mão desse exame para saber como está o estoque de ferro das pessoas. Por exemplo, em alguém tem anemia, para saber se essa anemia é por deficiência de ferro ou não. Mas ela não se altera exclusivamente na deficiência de ferro, o excesso ou deficiência do ferro, ela se altera em algumas outras situações. Como em situações onde tem inflamação no organismo, algum tipo de inflamação. Ela pode ser decorrente de uma outra situação que você está passando, exatamente o que a gente chama de uma falsa elevação. Não é o exame que deu errado, mas é o organismo que gera uma interferência nessa ferritina e faz com que ela se manifeste, com que o número no exame seja mais elevado do que realmente ela é.

Em quais situações isso pode acontecer? Isso pode acontecer em qualquer situação inflamatória, como por exemplo uma gripe ou uma outra infecção. Mas o mais frequente é a gente ver essa alteração relacionada às síndromes metabólicas. Por exemplo, a alteração do colesterol, alteração de glicose, sobrepeso. Essas situações todas podem cursar com elevações um pouco mais leves de ferritina. E aí tem as situações mais graves, que são as menos frequentes. É exatamente a nossa preocupação sempre, são as situações mais graves que, infelizmente, elas não são tão frequentes assim, principalmente relacionadas com uma doença chamada hemocromatose, que é uma doença genética e que, em verdade, o que ela faz é que o nosso organismo perde o controle sobre o balanço do ferro no organismo e faz com que o nosso organismo progressivamente estoque/guarde mais ferro no seu organismo, nos seus órgãos de estoque.

E aí o que pode acontecer, isso depende muito do órgão mais afetado. Em geral, o órgão mais afetado nessa circunstância da hemocromatose é o fígado. E esse estoque exagerado no fígado, com o passar dos anos, ele vai gerar gordura no fígado numa tentativa de defesa do organismo. E se isso não for corrigido, isso evolui para a cirrose, eventualmente câncer de fígado. Pode ser depositado no pâncreas e gerar diabetes. No coração, gerar arritmias ou eventualmente insuficiência cardíaca. Então, dependendo de onde está depositado esse ferro, gera uma lesão no organismo, naquele órgão, que vai desencadear, no passar dos anos, algumas lesões.

Mas a gente tem que tomar cuidado também, não assustar as pessoas. Isso não vai acontecer em todo mundo que tenha ferritina elevada. Se a gente tivesse que escolher um ponto de corte, vamos dizer assim, uma gravidade, para a gente começar a se preocupar, seria uma ferritina acima de 1.000. Então, os estudos provam que ferritinas acima de 1.000 persistentemente elevadas durante cinco a dez anos podem gerar todas essas complicações. Ferritinas um pouco mais baixas ou por menos tempo, nesse nível, não há comprovação de que efetivamente possam causar essas complicações mais graves. Mas já existem indícios de que algumas situações mais leves, como algumas alterações hormonais ou alterações articulares, elas já podem causar câncer. Tem alguma forma de identificar se está com a ferritina elevada ou não? Ou é só uma coisa que pode ser vista em check-ups com o médico?

Ela, por si só, não dá nenhum sintoma. Eventualmente, se a gente tiver alguma complicação, como por exemplo, grau inicial de cirrose, vai se ter os sintomas da cirrose. Se tivermos diabetes, a gente pode ter os sintomas. Já vai se indicar o tratamento, exatamente. Mas ela, por si só, não dá sintomas. A gente tem uma pergunta aqui do público, deixa dar uma olhada. Pode colocar na tela. “Gostaria de saber qual é o nível certo de ferritina que um adulto precisa ter.”

Bom, depende um pouquinho do laboratório, do aparelho usado para a dosagem da ferritina. Mas em geral, entre 200 e 300. Esse nível máximo varia um pouco, modificado do homem para a mulher. Tem lá uma… minha vida é isso. Dependendo do laboratório é uma medida, mas varia entre 200 e 300, em geral. Até 500, a gente não se preocupa muito. Acima de 500, a gente começa a se preocupar um pouquinho. E efetivamente precisamos resolver o problema quando ela passa de mil. Quando ela está, por exemplo, acima de 500, vocês fazem então uma investigação para saber o que pode ter ocasionado isso?

A gente precisa sempre fazer uma investigação para saber se ela não está relacionada, por exemplo, com essas causas metabólicas, com alguma infecção, por exemplo. Alguns tipos de hepatite podem gerar isso. E também pesquisamos as causas genéticas. A gente faz alguns exames genéticos para ver se não é algum dos tipos de hemocromatose, que são vários tipos, com agressividade diferentes para cada um dos tipos dessa doença chamada hemocromatose. Antigamente se via essa doença como uma doença bastante grave e extremamente rara. Hoje em dia, as coisas evoluíram e a gente já entende ela como uma doença não tão rara assim e que, sim, na maioria das vezes, não causa complicações. Mas que a gente tem que tomar bastante cuidado dela, porque ela não causa complicações desde que a gente resolva o problema. E, com torne essa questão da ferritina elevada, é resolver o problema. Não é o que significa que a gente vai tratar a ferritina ou a doença que já está instalada.

Como é que funciona? As duas coisas. A maioria das vezes, mais frequente, a gente via ferritina elevada ainda sem uma doença instalada. Por exemplo, algumas doenças não têm reversão. Se a gente tiver uma cirrose grau C, eu não vou ter reversão. Eu posso contorná-la para que ela não siga progredir, mas não consigo reverter. Diabetes também não consigo reverter. Mas muitas vezes, com o controle da ferritina, eu melhoro o desempenho desse organismo e posso usar medicações. O objetivo é que eu não tenha complicações.

Então, o tratamento, principalmente, visa eu não ter complicações e diminuir os níveis de ferritina para que eu não venha a ter uma complicação por conta dela. Está certo. Obrigada, doutor. Obrigada pelos esclarecimentos. A gente agora já vai ficar de olho, sabendo que precisa controlar a ferritina. Brigada. Boa tarde.

Fonte: Entenda como o excesso de ferritina no organismo pode provocar doenças graves por Programa Ver Mais Itajaí

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