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Diabetes Gestacional: Diretriz SBD – Aula MR de Dissecando o Tema

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Dissecando a Diretriz: Diabetes Mellitus Gestacional

O diabetes mellitus gestacional é definido como uma intolerância a carboidratos que surge durante a gestação e não preenche os critérios para a diabetes mellitus franca. É importante ressaltar que essa condição apresenta fatores de risco, tais como idade materna avançada, sobrepeso ou obesidade, histórico familiar de diabetes, aumento no crescimento fetal, polidrâmnio, hipertensão pré-eclâmpsia e síndrome dos ovários policísticos.

Quando se trata do diagnóstico, a diretriz e o Ministério da Saúde preconizam o rastreamento em todas as gestantes. O teste de tolerância à glicose (TTG) deve ser realizado em qualquer momento da gravidez, com valores de glicemia diferenciados das não gestantes. Por exemplo, a glicemia de jejum da gestante deve estar maior ou igual a 92 mg/dL, enquanto em uma paciente não gestante o valor deve ser maior ou igual a 126 mg/dL. Após uma hora de ingestão do TTG, a glicemia deve estar maior ou igual a 180 mg/dL na gestante, enquanto no paciente não gestante é maior ou igual a 140 mg/dL. Após duas horas, os valores são maiores que 180 ou 200 mg/dL, respectivamente.

Quando se encontra qualquer um desses valores alterados, é possível diagnosticar a diabetes mellitus gestacional. Essa condição deve ser investigada desde a primeira consulta de pré-natal, através da análise do histórico da gestante e da realização de exames de rotina, como a glicemia de jejum. Durante a gravidez, é importante que a gestante faça o controle da glicemia através de uma dieta adequada, atividades físicas e, em alguns casos, terapia com insulina.

Tratamento da Diabetes Mellitus Gestacional

O tratamento da diabetes gestacional é semelhante ao da diabetes tipo 1. O famoso “trio” – terapia nutricional, atividade física e terapia com insulina – é amplamente utilizado. No entanto, é necessário destacar algumas peculiaridades desse tratamento em comparação com pacientes com diabetes tipo 1. Na diabetes gestacional, é recomendado iniciar com uma dose de insulina de 0,5 unidades por quilo. É possível combinar insulina de ação intermediária com insulina de ação rápida, sendo que as mais indicadas são detemir e aspart. Glibenclamida e outros antidiabéticos orais não são recomendados nessa condição.

Existe também a possibilidade de utilização de metformina durante a gestação, porém ainda não há um consenso sobre o seu uso devido à passagem da substância pela barreira placentária. Estudos mostram que a metformina atravessa a barreira placentária, mas até o momento, não foram encontradas alterações fetais relacionadas a essa passagem. Portanto, seu uso está começando a ser aceito, mas ainda é necessário mais estudos para garantir sua segurança.

Quando chegamos ao período do parto, é importante ressaltar que não existe contraindicação para o parto normal. A escolha do tipo de parto depende das condições da gestante no momento do parto. Durante o processo de parto, a glicemia deve ser controlada entre 70 e 120 mg/dL. Caso os níveis sejam menores que 70, é possível utilizar um soro glicosado a 10%. Caso sejam maiores que 120, pode ser necessária a administração de insulina para controle imediato.

Após o parto, é indicado o aleitamento materno, que também auxilia no controle glicêmico. É importante lembrar que a diabetes gestacional pode persistir após o parto e, nesse caso, é necessário se avaliar novamente após seis semanas para determinar se ela se tornou uma diabetes crônica do tipo 2. Se a paciente já apresentava diabetes prévia, é necessário ajustar o tratamento de acordo com o período de gestação, aumentando ou reduzindo as doses de insulina.

Conclusão

A abordagem da diabetes mellitus gestacional é essencial durante todo o período da gestação, desde o rastreamento no início até o pós-parto. O diagnóstico precoce e o controle adequado são fundamentais para garantir uma gestação saudável tanto para a mãe quanto para o bebê. É importante ressaltar que cada caso deve ser avaliado individualmente, levando em consideração os fatores de risco e as características de cada paciente. Portanto, é fundamental seguir as recomendações da diretriz e realizar um acompanhamento médico adequado.

Fonte: Dissecando a Diretriz de Diabetes (SBD) – Diabetes Gestacional (DMG)- Aula MR por Medicina Resumida