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Cuidados no Tratamento da Úlcera Venosa: Dicas e Recomendações.

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O Laço do Trio

Alexandre Amato, cirurgião vascular do Instituto Amato, e hoje eu vou falar sobre úlceras venosas. Vou falar sobre os cuidados locais nas úlceras venosas.

As úlceras venosas são aquelas feridas desencadeadas por muito tempo de insuficiência venosa de refluxo na safena ou no sistema venoso profundo. Isso pode acontecer muito tempo depois de uma trombose ou pode acontecer também de forma primária, por uma questão genética. Essas úlceras venosas costumam ocorrer na face medial, ou seja, na parte de dentro da perna. Elas têm bordas irregulares e podem ser pequenas ou grandes. Elas não costumam doer muito, a menos que estejam associadas a infecção ou uma doença arterial. Essas feridas são de tratamento vascular, é necessário fazer o tratamento da causa da ferida, ou seja, a insuficiência venosa ou refluxo, que precisa ser tratado pelo cirurgião vascular.

Mas também é importante se preocupar com os cuidados locais, que é isso que vou ensinar hoje. A úlcera venosa é diferente das úlceras arteriais. As úlceras arteriais têm normalmente uma borda mais bem delimitada, com áreas isquêmicas ou áreas de tecido morto. Essas úlceras arteriais costumam ser bem doloridas, pois a isquemia, a falta de sangue e oxigênio no tecido, traz muita dor.

Por outro lado, nas úlceras venosas, podemos ter tecido degranulação, que é o tecido vermelhinho que fica no meio da ferida. Podemos ter fibrina, um tecido branco, e também áreas necróticas de tecido desvitalizado ou morto. Essas áreas pretas de tecido morto não têm como recuperar, não têm como voltar a viver. Precisamos retirá-las. A fibrina também dificulta bastante a cicatrização. Pode haver infecção na área, com a presença de pus ou tecido mais amarelado ou esverdeado, onde as bactérias se proliferam. Essa infecção pode trazer um odor pútrido ou mau cheiro.

É importante ressaltar que uma ferida infectada é diferente de uma ferida colonizada. Quando uma ferida está colonizada, significa que há presença de bactérias, o que é comum em nossa pele. Portanto, o exame de cultura dessa ferida não é suficiente para dizer se está ou não infectada. É importante passar no cirurgião vascular para avaliar a ferida, pois o uso de cremes ou pomadas com antibiótico não é suficiente para tratar uma infecção. Quando está infectada, é necessário o uso de antibióticos sistêmicos ou via oral e até mesmo endovenosa.

Quanto aos cuidados locais, é necessário fazer o desbridamento da ferida, ou seja, retirar todo o tecido desvitalizado, fibrina e a infecção, para que a úlcera consiga se fechar. Existem vários tipos de desbridamento, como o desbridamento químico, feito com uma pomada específica, o desbridamento mecânico, em que se utiliza um jato de soro de alta intensidade para retirar o tecido morto, ou o desbridamento cirúrgico, feito pelo cirurgião vascular. Esse procedimento é feito com anestesia em centro cirúrgico e pode ser dolorido, sendo um procedimento bastante cuidadoso.

É importante também manter a perna elevada, para melhorar o retorno venoso e ajudar na cicatrização. O uso de anti-sépticos deve ser utilizado com cautela, pois eles podem matar as bactérias, mas também matam as células necessárias para a cicatrização. O ideal é evitar que a gaze grude na úlcera, utilizando substâncias que podem ajudar com a cicatrização ou realizar o desbridamento químico ou mecânico. Além disso, é fundamental fazer a higiene correta da ferida, utilizando soro fisiológico ou jato de água corrente.

Evite que a gaze grude na úlcera ao fazer o curativo. Utilize faixas para segurar o curativo, jamais colocando fita adesiva diretamente na pele, que já é danificada. O curativo deve ser bem limpo e a gaze deve ser trocada com frequência. É recomendado o uso de meias elásticas adequadas, caso seja indicado pelo cirurgião vascular.

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Fonte: Quais os Cuidados no Tratamento da Úlcera Venosa? por Amato – Instituto de Medicina Avançada