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Consolidação pulmonar: O que é e como é feito o exame de RX de tórax

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Saudações a todos, vamos analisar este exame de raio-x de tórax em posição pa e perfil. Inicialmente, vamos analisar a pa, uma das coisas importantes quando analisamos o raio-x de tórax é comparar a densidade de um lado com o outro. Você pode fazer uma comparação global ou uma comparação horária para verificar a assimetria da densidade. Então, na porção superior, a simetria está preservada e a densidade está simétrica no terço médio. Comparando um lado com o outro também está preservada no terço inferior.

Observamos que na base direita há um aumento de densidade, uma opacidade em relação à base esquerda, ou seja, a base direita está um pouco mais branca. Em raio-x, chamamos isso de opacidade. Então, há uma opacidade na base direita em relação à esquerda. Uma outra coisa que podemos fazer com a tecnologia digital é editar parâmetros da imagem para acentuar a diferença de densidade. Fazendo isso, vemos que ficou mais evidente essa opacidade na base do pulmão direito. O pulmão normalmente tem essa cor cinza bem escura porque o ar fica preto no raio-x. Uma opacidade significa que o ar dentro dos alvéolos foi substituído por alguma outra estrutura, ou seja, ele perdeu a coloração preta, a densidade preta do ar, e ficou mais opaco em decorrência de uma densidade diferente, de algum material diferente que está ocupando os alvéolos, como líquido ou sólido.

Observe que essa opacidade tem limites mal definidos, não conseguimos definir totalmente os limites dela. Essa é uma observação importante, porque uma opacidade com limites bem definidos provavelmente é uma massa, enquanto uma opacidade com limites mal definidos não deve ser uma massa.

Antes de analisarmos o perfil, vamos compreender o seguinte raciocínio: na porção superior do tórax, nós temos uma grande quantidade de tecidos moles que são radiopacos, ou seja, são brancos. Aqui na região dos ombros, para fazer o perfil, o feixe de raio-x atravessa toda essa quantidade de tecidos moles e ele vai ser absorvido nesses tecidos moles. Portanto, na região da coluna torácica, a porção superior é mais branca, mais radiodensa. A gente visualiza com muita dificuldade os corpos vertebrais. À medida que vamos descendo, a quantidade de tecidos moles diminui, ou seja, a densidade vai diminuindo e a quantidade de ar vai aumentando. O ar tem baixa densidade ao raio-x, portanto vai ficando menos denso, menos branco, e você observa isso na coluna. A coluna, que era mais branca, mais opaca, mais densa na porção superior, vai se tornando mais nítida, mais escura na porção mais inferior. Isso é o degradê normal da coluna.

Neste caso, observamos que há um degradê normal, mas quando chegamos aqui embaixo, volta a ficar opaco. Isso ocorre em decorrência da opacidade no parênquima pulmonar, aqui na base, na região basal posteroinferior direita. Veja que ela não toca o diafragma, por isso não tem o sinal da silhueta no pa. Não apaga o diafragma porque a opacidade não está em contato com o diafragma.

Além de marcar a opacidade aqui com a edição da imagem, vemos nitidamente a opacidade no pa e no perfil e conseguimos localizá-la. Portanto, diante de uma opacidade pulmonar, qual vai ser o nosso raciocínio em relação à causa? Primeiro, temos que afastar a possibilidade de ser uma atelectasia, que é a perda de volume pulmonar. Não há neste caso nenhum sinal de perda volumétrica, o hilo direito está no lugar, o diafragma direito está no lugar, o coração está no lugar. Portanto, não há nenhum sinal de que houve perda volumétrica da base desse pulmão direito. Portanto, não deve ser uma atelectasia. Então, deve ser realmente uma consolidação.

A consolidação significa que o ar de dentro dos alvéolos foi substituído por alguma outra substância, por isso ficou mais branco. Essa substância pode ser o resultado de um processo inflamatório, por exemplo, uma pneumonia ou uma tuberculose ou uma micose pulmonar. Essa substância que substituiu o ar pode ser sangue, por exemplo, no caso de um infarto pulmonar ou uma embolia pulmonar com infarto. No caso de uma contusão pulmonar ou uma vasculite pulmonar. No caso, por exemplo, do pulmão do craque. Outra possibilidade é o ar ter sido substituído por lipídios, por exemplo, longa aspiração de óleo ou no caso de pneumonia lipídica. Outra possibilidade é o ar ser substituído por líquido proteína nas iMO, por exemplo, na proteína do surfactante alveolar. Outra possibilidade é o ar ser substituído por células neoplásicas, por exemplo, linfoma ou adenocarcinoma, que ocupa os alvéolos e produz uma grande quantidade de muco. Então, as células neoplásicas em conjunto substituem o ar presente naquele segmento, levando a uma consolidação. Portanto, uma consolidação não permite um diagnóstico etiológico, você tem que fazer necessariamente a correlação com os dados clínicos, laboratoriais e eventualmente com o controle evolutivo e se houver alguma dúvida, a tomografia computadorizada pode ajudar em alguns casos bem indicados e selecionados.

Neste caso, como a história já é sugestiva de um processo infeccioso, tratava-se de uma pneumonia bacteriana adquirida na comunidade.

Para finalizarmos o caso, sempre analisamos todas as áreas do raio-x e usamos as ferramentas que o software daikon permite e que o programa de edição de imagem DAECON nos fornece. Uma delas é a lupa mágica ou janela mágica, onde você consegue alterar em pontos específicos os parâmetros da imagem e conseguir uma visualização melhor em áreas onde a radiodensidade é alta. Esse é um grande benefício da radiografia digital.

Veja aqui nessa janelinha mágica que observamos uma imagem oval com calcificação anelar periférica na região paravertebral esquerda projetado aqui na hipocôndria esquerda. Eu não tenho outros exames dessa paciente, mas foi feito uma tomografia computadorizada e essa imagem era uma imagem cística calcificada na adrenal esquerda.

Como não havia alterações clínicas, como não havia alterações hormonais e havia exames antigos demonstrando a presença da mesma lesão e não alterada, e como no acompanhamento não houve alteração segundo o relato do caso, foi assumido o diagnóstico como um provável cisto adrenal calcificado ou um pseudo cisto pós-traumático calcificado no grénal. Talvez uma sequela de hemorragia renal antiga. Não é o caso desta paciente.

Obrigado, até o próximo caso!

Fonte: Rx de tórax com consolidação. por Jezreel