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Complicações crônicas do diabetes: o que você precisa saber

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Complicações Crônicas do Diabetes Mellitus

Olá, meu nome é Letícia Rodrigues Dealencar, sou médico endocrinologista, e vou falar agora sobre as complicações crônicas do diabetes mellitus. As complicações crônicas podem ser micro ou macrovasculares.

As complicações microvasculares são aquelas com a obstrução dos pequenos vasos sanguíneos, como a neuropatia, nefropatia e retinopatia. Já as complicações macrovasculares são aquelas onde ocorre a obstrução dos grandes vasos sanguíneos, como a insuficiência arterial periférica, doença coronariana e doença cerebrovascular.

O pé diabético é uma combinação da insuficiência arterial periférica e da neuropatia. A retinopatia diabética é a lesão dos vasos sanguíneos causada pela elevação da glicose ao longo de vários anos. Ela se divide em retinopatia não proliferativa e retinopatia proliferativa, onde ocorre a formação de novos vasos sanguíneos, com risco de hemorragia e perda da visão. As manifestações clínicas da retinopatia diabética podem ser a perda da acuidade visual, sensação de cortina caindo com a hemorragia vítreo e perda súbita da visão. Muitas pessoas não têm sintomas até estarem nos estágios avançados da doença, o que pode ser tarde demais para um tratamento eficaz. A velocidade de progressão da doença pode ser rápida e a perda de visão pode ocorrer de forma súbita.

Para diagnosticar essa doença, mesmo em pessoas sem sintomas, é importante realizar um exame oftalmológico anualmente. O paciente com diabetes deve ser submetido a um exame oftalmológico abrangente, nos pacientes com diabetes tipo 2 esse exame deve ser feito desde o diagnóstico e continuamente a partir de cinco anos do diagnóstico do diabetes. Se o exame estiver alterado, deve ser repetido com mais frequência, e se estiver normal, pode ser repetido a cada dois anos. O tratamento da retinopatia diabética envolve o controle glicêmico e fotocoagulação a laser. A indicação do uso de inibidor da enzima conversora da angiotensina ou bloqueador do receptor da angiotensina 2 vai depender da necessidade de cada paciente.

A nefropatia diabética é a doença renal crônica causada pela hiperglicemia. É a principal causa de doença renal crônica nos países desenvolvidos e pode levar à necessidade de hemodiálise. Geralmente é assintomática e começa com uma perda leve de albumina na urina, que evolui para uma perda mais significativa de proteína e redução do ritmo de filtração glomerular. O paciente com diabetes tipo 2 deve ser submetido a um exame de urina anualmente desde o diagnóstico, e o paciente com diabetes tipo 1 a partir de cinco anos do diagnóstico. O tratamento da nefropatia diabética envolve o controle glicêmico, controle da pressão arterial e uso de medicamentos que reduzem o proteinúria.

A neuropatia diabética é a lesão dos nervos causada pela elevação crônica da glicemia. Pode ter diversas manifestações localizadas ou difusas. As formas mais frequentes são a polineuropatia sensitivo-motora e a neuropatia autonômica. A polineuropatia sensitivo-motora causa uma alteração simétrica da sensibilidade, que tem início nos dedos dos pés e vai progredindo para regiões mais proximais. Os sintomas podem incluir perda de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa, dor (geralmente em queimação), formigamento e alteração da sensibilidade. É importante fazer um exame clínico anualmente nos pacientes com diabetes tipo 2 desde o diagnóstico e a partir de cinco anos do diagnóstico nos pacientes com diabetes tipo 1. O tratamento da neuropatia diabética envolve controle glicêmico, controle da pressão arterial e uso de medicamentos para alívio da dor.

O pé diabético é uma das principais complicações do diabetes. As principais causas das lesões nos pés são a neuropatia e a insuficiência arterial periférica. Os fatores de risco para úlceras e amputações incluem história prévia de úlcera, deformidade nos pés, dificuldade visual, nefropatia e descontrole glicêmico. O paciente com diabetes deve ser submetido a um exame detalhado do pé todos os anos e, se forem detectadas alterações, o exame deve ser feito com maior frequência. As lesões nos pés do paciente com diabetes requerem abordagem imediata e o tratamento geralmente é feito por uma equipe multidisciplinar, que inclui um ortopedista e um cirurgião vascular.

As complicações macrovasculares do diabetes incluem doença aterosclerótica cardiovascular, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência arterial periférica. É importante prevenir essas complicações através do controle glicêmico e do controle de outros fatores de risco, como hipertensão, dislipidemia, tabagismo e sedentarismo.

O tratamento precoce do diabetes pode prevenir complicações graves. O rastreamento das complicações deve ser feito de rotina, mesmo em pessoas sem sintomas. O tratamento das complicações nas fases iniciais é sempre mais eficaz.

Fonte: Complicações cronicas do diabetes mellitus por Centro de Telessaúde HC-UFMG