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Chikungunya: entenda o que é e saiba mais | Sua Saúde na Rede

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E aí, recentemente ganhou atenção da mídia também uma outra virose de origem no continente africano que provocou uma grande epidemia no Caribe e mais recentemente no Brasil, afetando os estados do Amapá e da Bahia, especificamente as localidades de Oiapoque no Amapá e a cidade de Feira de Santana na Bahia. É a febre pelo vírus chikungunya, um nome difícil de pronunciar, mas que quer dizer “aquele que anda curvado” no dialeto suaíli, que é o idioma da Costa Oriental da África onde o vírus se originou. A doença recebeu esse nome porque os pacientes afetados pela doença apresentam fortes dores nas articulações, o que faz com que se curvem de dor.
A febre chikungunya é uma doença febril aguda, com febre muito alta e início súbito, e principalmente muita dor no corpo, principalmente nas articulações. Os pacientes costumam contar que horas começaram a ter os sintomas, por exemplo: “fiquei doente no sábado às 9:30 da noite”. A importância desse relato é que os primeiros sintomas se manifestam de forma intensa, causando muito desconforto aos pacientes. Essa doença é viral, causada pelo vírus chikungunya, que é transmitido por um mosquito, o mesmo que transmite a dengue e a febre amarela no ambiente urbano.
No caso do chikungunya, o vetor é uma subespécie do mosquito Aedes, chamado Aedes albopictus, que é mais importante na transmissão do vírus do que o Aedes aegypti, que é mais comum na transmissão da dengue e febre amarela no Brasil. Temos infestação do território nacional por ambas as espécies de mosquitos, e a doença é transmitida de homem para homem através do vetor, ou seja, do mosquito.
A febre chikungunya já foi descrita na Costa Oriental da África, em algumas populações insulares do Oceano Índico e do Sudeste da Ásia. Nessas populações, a taxa de ataque, ou seja, o número de pessoas da população acometida pela doença durante o surto inicial, pode chegar a 70% da população. No entanto, na maioria das vezes, a taxa de ataque oscila em torno de 30%. A doença é assintomática na maioria dos casos e auto-limitada. Não existe tratamento específico, apenas sintomático para controle da febre e das dores articulares. No entanto, entre 8% e 20% dos indivíduos podem evoluir para dores articulares crônicas, que podem se tornar recorrentes no primeiro ano e posteriormente se tornarem mais crônicas, levando a quadros de artrite deformante nos membros inferiores, semelhante ao que vemos na artrite reumatoide. Esse é um ponto de preocupação, pois um contingente razoável de pessoas afetadas pela doença necessitará de cuidados de saúde, em uma área onde é difícil disponibilizar profissionais com treinamento adequado para esse tipo de tratamento.
Essa doença, assim como a dengue, deve evoluir em surtos epidêmicos. A diferença é que se espera que, no caso do vírus chikungunya, por pequenas diferenças de comportamento em relação ao vírus da dengue na infecção do vetor e na infecção humana, as epidemias sejam mais abruptas, crescendo mais rapidamente e tendo uma duração um pouco menor do que as epidemias de dengue. Enquanto as epidemias de dengue ocorrem no Brasil no período do verão, de dezembro a abril/maio, com duração de 4 a 5 meses para cada surto epidêmico, no caso do chikungunya, espera-se uma epidemia com duração de 6 a 8 semanas, ou seja, de 1 mês e meio a 2 meses. No entanto, o número de casos pode ser de 3 a 8 vezes maior do que o número de casos de dengue, o que levará a uma sobrecarga no sistema de saúde.
Durante os anos das grandes epidemias de dengue, já foi necessário montar tendas de campanha e locais de atendimento extras, além dos fixos existentes no serviço de saúde. No caso do chikungunya, essa demanda pode ser ainda maior, devido ao grande número de casos e ao curto intervalo de tempo. Isso levará a uma sobrecarga significativa no sistema de saúde. É importante ressaltar que não existe tratamento específico nem vacina disponível para esse vírus. As medidas de precaução e controle são as mesmas recomendadas para o controle da dengue: uso de repelentes, que infelizmente não são muito eficazes contra os mosquitos do gênero Aedes; e uso de barreiras individuais de proteção, como mosquiteiros impregnados com inseticida e roupas impregnadas com inseticidas.
A febre chikungunya é uma doença preocupante devido à sua sintomatologia intensa e ao risco de evolução para dores articulares crônicas e deformidades graves. Por isso, é importante que a população esteja alerta, adote medidas de prevenção e busque atendimento médico assim que surgirem os primeiros sintomas. A prevenção deve ser uma prioridade, tanto do ponto de vista individual, evitando a proliferação do mosquito vetor, quanto do ponto de vista coletivo, com ações de combate ao mosquito em nível comunitário.
Fonte: Febre Chikungunya – saiba o que é | Sua Saúde na Rede por Sua Saúde na Rede