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Ancilostomíase: conheça os parasitas A. duodenales e N. americanus (Parasitologia #16)

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Olá, bem-vindos ao nosso canal de Farmácia, Saúde Jovem e Ciência. Hoje temos mais uma vídeo aula, desta vez sobre a ancilostomíase, o famoso amarelão. Já ouviu falar? Existe um personagem do Monteiro Lobato, inclusive, que é muito famoso, não sei se da sua época, provavelmente não, mas esse personagem é muito interessante porque ele é sempre amarelado, cansado, sempre está pelos cantos, com um pezinho ali no rio sentado, e as pessoas dizem que ele é simplesmente preguiçoso. Mas, na verdade, ele tem ancilostomíase, e isso pode ser muito bem visto no ciclo da pobreza, que eu explico em nosso primeiro vídeo. Mas já estamos aqui para falar sobre a ancilostomíase. É causada por diferentes parasitas, os principais são o Ancylostoma duodenale e o Necator americanus. No mundo, predomina principalmente o Necator americanus, em regiões costeiras e tropicais. Já o Ancylostoma duodenale é mais comum em lugares mais frios, porque ele consegue entrar em dormência. Aqui no Brasil, vai acontecer mais nas regiões rurais, onde as pessoas não têm saneamento básico e costumam andar descalças. O Jeca Tatu é normal e sempre está, na verdade, descalço. E não é uma doença que acomete bebês. A maioria das pessoas que pegam a doença têm mais de seis anos, adolescentes e adultos.
A morfologia se destaca. O verme adulto tem uma cápsula bucal assustadora e os machos têm uma bolsa copuladora. Então, é um verme que tem macho e fêmea. Bom, vamos começar o ciclo. Vamos começar o ciclo pela parte em que uma pessoa contaminada defeca e os ovos vão parar no meio externo, ali no solo, se tiver as condições ideais, aquelas clássicas que a gente sempre vê por aqui: oxigenação, temperatura, umidade. Esses ovos vão ficar embrionados, a larva vai se desenvolver até chegar ao estágio L3, onde nós, seres humanos, entramos. Aí, quando a larva está no estágio L3, a forma infectante penetra no nosso pé ou alguma outra parte do nosso corpo exposta. E aí, primeiro chega na parte dos nossos vasos linfáticos, passa pelos nossos vasos sanguíneos e vai dar aquele rolê parasita dentro de nós. Então, ele vai parar lá nos nossos pulmões, vai depois entrar nos nossos alvéolos. O que é muito interessante, porque a oxigenação dos alvéolos é o que ajuda a larva a passar para o estágio L4. E aí o rolê não para por aí, vai acontecer aquele negócio de a larva voltar pela traqueia, faringe e a gente vai engolir. E aí, ela chega lá no nosso intestino delgado, com a cápsula bucal, e se fixa na parede do intestino e vão atingir a maturidade sexual depois de seis a sete dias e vão botar ovos a rodo, milhares todos os santos dias. E existem relatos de parasitas que conseguiram sobreviver por até dez anos nos intestinos.

Você percebeu que só tem ser humano e o parasita nessa história. Você percebe que não tem outro hospedeiro. Pois é, esse é um exemplo de ciclo monoxênico. Em relação aos sintomas, a penetração das larvas na pele pode causar uma dermatite local e uma coceira que é bem característica. A migração das larvas pode dar mais sintomas, principalmente quando elas estão no pulmão. Pode acontecer tosse, inflamação na garganta, entre outros. Inclusive, a febre pode durar semanas. Ou seja, os sintomas das larvas no pulmão são mais graves. A pessoa pode ter laringite, faringite, laringite irritativa, angioedema, labirintite. Ai meu Deus, que sensação de que não consegue engolir direito, nem imagino que deve ser isso, mas deve ser horrível. Dor ao falar e ao engolir. Já os adultos do intestino podem causar também outros sintomas, como perda de apetite, diarreia, indigestão, cólica, náusea, vômito e até ulceração intestinal. Além disso, pense que o verme ele vai estar com o aparelho bucal dilacerando a nossa mucosa. Ele se alimenta de sangue, então isso pode trazer consequências. A pessoa pode perder muito sangue e ter anemia ou hipoproteinemia. E eu gosto de pensar que se na sua prova cair a teoria dos parasitos, é super fácil, porque é só pensar onde o verme está no seu corpo para saber os sintomas. E é possível sim chegar no diagnóstico clínico, numa boa anamnese e analisando os sintomas. Por exemplo, aquela coceira no local, característica, é possível. Mas também, você pode fazer exames laboratoriais para ter certeza. O exame laboratorial é o exame de fezes, procurando os ovos. E os medicamentos usados são o mebendazol 100mg, independente do peso da pessoa, esse não pode ser usado em gestante, e o albendazol, também interessante, dose única. É interessante também fazer o controle da cura. Ou seja, precisa ter certeza que a pessoa foi curada. Você tem que refazer o exame sete dias depois do tratamento, 14 dias e 21 dias.

E a minha prevenção vai ser aquela coisa chamada saneamento básico. Quer dizer que sim, pode ser uma doença evitável. Sim, ela pode sumir se a gente realmente investir no básico, que é o direito da nossa população. Além disso, é interessante educação em saúde. Por exemplo, ensinar como se lava as mãos corretamente ou também ensinar as pessoas que é importante nessas áreas usar sapato para evitar a penetração das larvas. E tratamento dos infectados, lembrando que temos mapa mental dos parasitos na lojinha. Segue a gente no Instagram e é isso. Até a próxima aula! Beijos, tchau tchau tchau.


Fonte: ANCILOSTOMÍASE: A. duodenales e N. americanus | PARASITOLOGIA #16 por Flavonoide