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Psoríase: doença de pele crônica sem cura que gera preconceitos.

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Hoje é o Dia Mundial da Psoríase

Um problema de pele crônico que afeta cerca de 5 milhões de brasileiros. A doença, de fundo emocional, causa muito desconforto e não tem cura. O tratamento mais moderno e eficiente é muito caro, variando de 5 a 10 mil reais por mês. Mas temos uma ótima notícia: esses medicamentos vão ser distribuídos pela rede pública de saúde, conforme mostra reportagem de Samara Bastos.

Começou com uma coceira na nuca aos 12 anos de idade. Em pouco tempo, o corpo de Natália estava todo marcado.

“Eu tenho no tronco, nas costas, nas pernas, nas linhas. A minha psoríase é bem assim, não moderada.”

A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, caracterizada por lesões avermelhadas que descamam. Em geral, aparecem no couro cabeludo, cotovelos e joelhos. Além disso, um terço dos pacientes com psoríase também pode desenvolver uma inflamação nas articulações.

As causas ainda são pouco conhecidas pela medicina. O que se sabe é que, além da relação genética, a doença pode estar ligada a fatores psicológicos, estresse, uso de medicações e até infecções.

É uma doença muito democrática: qualquer um pode desenvolvê-la durante a vida, mas é mais comum na fase dos 20 aos 30 e 40 anos de idade. No entanto, há crianças que têm psoríase, assim como pessoas na faixa dos 70 e 80 anos.

No caso de Natália, o avô dela tinha psoríase, e mesmo convivendo com a doença por mais de 20 anos, o maior problema para ela é expor as lesões que chamam a atenção.

“Quando era mais nova, eu não tinha coragem de colocar o biquíni porque mostra as lesões, então estava sempre de camiseta e shorts, usar vestido, usar roupas sem manga. Então, tudo isso, todo aquele calor, e eu tô me escondendo. A gente vê o olhar do outro, e nem sempre o olhar do outro é de compreensão.”

A psoríase não é contagiosa, mas o preconceito ainda é grande, e muitos pacientes têm a autoestima e a vaidade afetadas devido à doença pelas escamas que vão se desprendendo da pele.

Em torno de 2% da população mundial tem psoríase. Só aqui no Brasil, são pelo menos cinco milhões de pessoas com a doença. Em 80% dos casos, ela se manifesta de forma mais leve, com descamação e coceira em pequenas partes do corpo.

A dona Cibele faz parte dos 20% que desenvolvem a forma mais grave da doença. A psoríase tomou conta do meu corpo inteiro, inclusive o meu rosto.

O tratamento, em geral, é feito com pomadas, remédios para aliviar a coceira e terapia que usa raios ultravioleta para diminuir as lesões.

Natália já fez todos esses tratamentos, mas nem sempre consegue controlar as crises. Quando está muito atacada, a pele chega a rachar.

A boa notícia para ela e para outros pacientes que sofrem com psoríase nas formas moderada e grave, é que um tratamento mais moderno vai ser distribuído pelo Sistema Único de Saúde.

São os chamados medicamentos biológicos, que vão direto no problema da questão. Eles são anticorpos que vão se ligar aos mediadores da inflamação, ou seja, aquilo que está levando à inflamação da pele e também para as articulações.

As medicações já existem, mas o custo é alto, variando entre cinco e dez mil reais por mês. Dona Cibele usa as injeções que são bem parecidas com as de insulina. Ela conseguiu tratamento de graça porque faz parte de um programa de estudos do fabricante, e os resultados são muito bons.

Agora ela só ataca um local, a parte de baixo das minhas pernas, e nem me preocupo mais. Ela faz parte de mim, me entendeu? E tudo bem! Hoje em dia, não fico preocupada com a aparência, porque não é uma coisa que incomoda tanto. Estou percebendo que agora dá pra incomodar e posso, hoje em dia, na piscina, posso colocar um maiô de praia que ninguém vai ficar me olhando atravessado. Entendeu? Porque quase não tem mais sinal da psoríase.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que os medicamentos devem ser disponibilizados até o fim deste ano. Para essa nova opção de tratamento, é preciso indicação e laudos médicos.

Natália espera enfim poder melhorar a qualidade de vida: “O que eu venho lendo, sempre acompanho os grupos, as coisas pela internet, o resultado que as pessoas têm com esse medicamento é muito bom. Então, a taxa de controle da qualidade de vida que a pessoa tenha é muito boa. Então, eu almejo muito isso, para mim, para a minha autoestima e também é qualidade de vida.”

Fonte: Psoríase: doença de pele é crônica e não tem cura, e causa preconceitos por Hoje em Dia