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Câncer de mama com metástase óssea: relato com Tatiana Alencar


E aí, Tati, o que aconteceu com a sua perna? Nos conte como foi esse outro acontecimento, né? A gente tem só intercorrências durante o tratamento, né? E essas intercorrências podem ser tanto decorrentes da doença quanto decorrentes dos efeitos colaterais das medicações, né? Não teve intercorrências que poderia ser dos dois lados, né, mas que te afetou muito. Como foi esse processo de descoberta dessa intercorrência?
E logo após as sessões de radioterapia, né, quando eu terminei em fevereiro de 2019, eu comecei a sentir dores como se fosse uma cãibra, alguma coisa incomodando. Acordei como se fosse uma cãibra. E aquele negócio foi aumentando, aumentando, aquela dor aqui próximo da coxa e da virilha, né, que é justamente no acetábulo, é do fêmur. Aí, com as investigações, foi dado o diagnóstico de uma necrose na cabeça do fêmur. E com isso, eu fiquei sem andar, fiquei acamada, não conseguia mais fazer nada nessa cidade, nada, nada, nada, nada. E alguns médicos diziam que era isso, diziam o que era aquilo, mas nenhum dizia que era a cirurgia. Enfim, quando eu fui para o especialista em quadril, já tinha houve um episódio na casa da minha mãe, onde eu passei muito mal. O advogado inteiro sentindo dor, chamaram o SAMU, duas ambulância, ninguém conseguia me acordar. Eu tive que desmaiar por conta das dores, fiquei inconsciente. E os socorristas conseguiram me acordar. Cheguei na emergência do hospital gritando, porque cada quebra-mola, cada buraco que passava era um grito das dores. Eu posso lhe dizer que a dor que eu senti era dor da morte, porque não tinha morfina, não tinha Tramal, não tinha Dipirona, não tinha dose extra, nada passava. E por coincidência, esse médico do quadril ele dava plantão na emergência aonde eu estava internada, para você ver como o coisa de Deus, né. Aí foi aí, foi aí que ele chegou até mim e fez os exames, ele disse “aí é cirurgia, prótese”, né, a necrose a atingir o quadril. Porque isso ocorreu em fevereiro, e já era em maio. E tudo foi providenciado. Tudo foi feito, eu fiz a cirurgia. E depois vem a parte da reabilitação, para aprender a andar novamente. E o sofrimento foi nessas fotos aí, foi quando eu tava no hospital, passei 32 dias internada, é a cirurgia da retirada dos dois ovários, né, como parte do tratamento. O Furoto Miané, que é a cirurgia da retirada dos dois ovários, que é para evitar que o câncer, como Deus em por cento para os dois hormônios, para evitar que ele se alimentasse dos hormônios e está lá, se a doença, né. E com 20 dias que não podia, eu fiz a cirurgia da necrose, né, e na biópsia deu que foi a metástase, né, que o câncer da mama foi para cabeça do fêmur, inclusive no outro dia, os médicos a cirurgia, ele foi no leito e como o seu entorno que a cabeça do seu fêmur estava destruída, tá parecendo assim, o quando o cupim róia madeira. Como foi esse processo de reabilitação, você ficou quanto tempo sem poder andar?
Até que fiquei mais ou menos uns três meses sem andar, ahã. E tem uma foto aqui, acho que é um vídeo, é que esse foi esse momento assim, vou deixar eles verem, já já eu explico e pronto. Mas não chore não, que tá sendo gravado, viu? E aí, meu Deus, quando eu lembro de tudo, esse foi depois de mais ou menos uns três meses que eu tava sem andar, porque eu tinha que ficar imóvel numa mesma posição, não podia para cima, nem para baixo, nem para o lado, fazendo tudo em cima de uma cama. E foi no outro dia, com menos de 24 horas que eu tinha feito a cirurgia da prótese, né, eu tinha que ficar de pé, você pensa aí no sufoco para você ficar de pé. Então, assim, as dores, o medo de pisar no chão e até que o meu cérebro entendesse que eu iria pisar e que eu não iria sentir dor e que eu tinha ali a perna, é uma sensação assim, eu não sei nem te explicar, eu acho assim que é de outro mundo. Eu tinha perna, mas o meu subconsciente era como se eu não tivesse a perna, né. Ficava tipo “seu pisar no chão, seu andar, vai doer”. Então, ficava aquilo na minha cabeça, né, que iria doer. Então, foi a primeira vez que eu fiquei de pé. Ali, era fisioterapeuta, porque eu tinha que fazer as fisioterapias, né. Foram em torno, mais ou menos, depois, eu passei um tempo no hospital, foi para casa. Em casa, fiz fisioterapia. Depois, fui para clínica. Foram, então, umas, eu acho, duas as sessões de fisioterapia, só para parte do quadril, né, de marcha, fortalecimento, né, para poder aprender andar. Aí, nessas fotos aí, foram na clínica, né. E assim, eu agradeço demais a fisioterapeuta Ângela, é né. Ah, a Ângela que me ajudou muito nesse momento, assim, difícil que era fisioterapeuta oncológicas e vascular lá, nessa clínica. Hoje, a gente somos boas amigas, né. Ela contribuiu bastante, trabalhava a minha parte respiratória, a parte da coluna, a parte para voltar a andar. Mas foi bem complicado todo esse período, foi assim bem complicado mesmo.
Fonte: Relato: câncer de mama com metástase óssea – com Tatiana Alencar por Dr. Douglas Gomes