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Tratamento de Lúpus: mulher vende casa para custear despesas médicas

Não, você levanta de manhã e sai da cama quase correndo. Você tem força à disposição para cuidar da sua casa, do seu marido. Eu limpo meu quintal aqui de 15 em 15 dias, eu mato tudo. Eu trabalho.

Sou doméstica, sou casada há 22 anos. Em 2007, descobri o problema de lúpus. Eu não conseguia fazer a minha tarefa de casa, já era casada e ele saía de manhã. Eu não conseguia nem abrir o olho de tanta dor que eu sentia. Eu não conseguia levantar para fazer o café para ele. Praticamente eu ficava com fome, porque eu não aguentava levantar. Aí chegava meio-dia, aí eu levantava, fazia café, fritava ovo, fazia uma farofa. Ele comia e ia trabalhar. Eu, em vez de arrumar a casa, lavar uma roupa, ia deitar de novo porque não aguentava ficar em pé. Muito, muito ainda mais porque a médica que me deu o diagnóstico de lúpus pegou um exame e disse: “Seu problema é lúpus e não tem cura.” Como eu já estava no fundo do poço, eu já estava com depressão por causa do problema. Quando ela falou assim, parece que eu bati no teto e voltei de novo, e ela saiu da sala. Eu fiquei lá sozinha. Eu não me recordo o tempo que ela demorou lá, mas para mim parece que foi um século. Aí eu acho que ela foi lá ver o livro dela lá que era bom para isso e tal. Ela já chegou, já com a receita pronta: “Você vai tomar Prednisona 80mg por quatro dias.” Quando chegou no terceiro dia, meu corpo estourou todinho de alergia. Aí com essa mais alergia, minhas pernas na época estavam toda cheia de ferida, por causa do lúpus.

Depois de passar por todo esse sofrimento, que foram quase 15 anos nessa luta, passando por todos esses medicamentos químicos, qual foi a melhora que você sentiu com os medicamentos químicos ao longo desses 15 anos?

Eu acho que nenhum. Inchava a cara desse tamanho, minha pele era horrorosa e hoje não tá bonito, imagina. Bom, eu vejo assim um sofrimento muito grande para você, e imagino o sofrimento do seu marido também, em ver você desse jeito. Quer dizer, ele é o homem que mais chama nesse mundo e vê a esposa nessa condição é algo extremamente doloroso, né? A gente quer fazer de tudo para pessoa estar bem, que é pro fessor sair disso e tudo mais.

Entre os tratamentos que você fez, sempre foi na rede pública que você fez de tratamentos, ou você pagava médicos para fazer o tratamento?

Na minha cidade fora, eu pagava tudo. E era… como é que era isso no seu orçamento, já que só o seu marido trabalhava?

Só para fazer meu tratamento, praticamente o salário que ele ganhava. Ele já ganhava pouco. O salário ficava tudo nos exames, remédio. O vendedor lá vendia a prestação para gente. Ele pagava a metade. Hoje vamos supor esse mês, no outro mês ele pagava o restante. Fazia outra maior e com isso só foi aumentando a família. E para acabar de inteirar, nesse meio tempo, o tratamento, como ele era contratado, acabou ficando desempregado. Não tinha dinheiro para comprar remédio, não podia mais fazer os exames. Desempregado, como é que…? Aí ele não tinha paciência, calma, a ideia dele pegou a casa que a gente morava e trocou em outra menor e fomos fazer tratamento, tratando. Daí a pouco, cadê o dinheiro? Acabou. Aí ele falou assim: “Agora vamos vender a outra casa.” E eu falei: “E agora? Não mora onde?” Ainda bem que o pai dele tinha uma, que essa casa aqui né. Falou assim ó, tem um barraquinho lá, você tem que dar um jeito nela lá. Ele aí, a gente veio aqui, a gente veio aqui, deu um balanceada aqui, deu uma limpada e aí depois fomos ajeitando as coisas de coco.

Depois Deus ajudou que depois aí ele conseguiu emprego e graças a Deus tá até hoje. Passou no concurso e graças a Deus achou outro jeito de me tratar. E foi na época que apareceu aqui que meu marido comprou um celular que tem internet, comecei a pesquisar alguma coisa. Eu falei aí comecei remédio caseiro para lúpus. Quando pensa que não, você chegou, apareceu lá na tela. Aí você falou assim de um jeito que eu falei assim: “Parece aqui desses que eu assisti, esse é o melhor.” Eu assisti os outros e eu falei aí, se apareceu lá com a chamada do Drauzio, eu sempre interessei viu. Aí quando foi em janeiro de 2020, eu falei para o marido: “Eu queria tanto fazer esse curso.” Aí eu sentei lá e pensei: “Meu Deus, eu quero fazer esse curso. Como eu faço?” Aí peguei o telefone, liguei para um, liguei para outro: “Você não tem dinheiro para me emprestar? Me arrumou mais um pouquinho.” Liguei para outro um pouquinho, agora eu acho que agora dá para inteirar aí. Gerou esse boleto e no outro dia eu corri lá. Todo mundo veio, trouxe o pouquinho que cada um tinha e juntei. Fui lá e paguei.

Cada planta que eu tomava melhorava 1%, 2%, 5%. Eu sei que eu tomei pareo acho que Cupido e fui tomando. Morinda, chapéu de couro, trançagem, graviola, tudo fui tomando. Tratamento, no final, no final eu fiquei com sucupira, o cordão de frade, o açafrão e ipê roxo e a casca da sucupira. Na água ia tomando e os outros, fazia chá, ia fazendo chá e tomava.

Como é que tá a questão do lúpus hoje?

Hoje, eu lembro que a médica disse para você que era uma coisa que não tinha cura, que você ia ter que sofrer disso o resto da sua vida. Eu queria entender como é que você tá hoje com o seu lúpus fazendo esse tratamento que tipo de dor você sente ainda, que tipo de inconveniente na pele, como é que tá tudo isso depois com esse tratamento de plantas medicinais?

Não, você levanta de manhã e sai da cama quase correndo. Você tem força à disposição para cuidar da sua casa, do seu marido. Eu limpo meu quintal aqui de 15 em 15 dias, eu mato tudo. Eu trabalho.

Fonte: Lúpus: ela teve que vender a casa pra pagar o tratamento por Autor da Própria Saúde