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Transtorno Bipolar: o que fazer após o diagnóstico – Episódio 1 da websérie Bipolaridades

Para além de haver diagnósticos de transtorno bipolar de diversos tipos – bipolar tipo 1, onde a pessoa tem episódios de mania e episódios de depressão; bipolar tipo 2, onde predominantemente a pessoa tem depressão e episódios do tipo mania; transtorno ciclotímico – o termo bipolaridade no plural diz muito mais respeito à queda de ordem no particular no adoecimento psíquico. A gente vive numa época em que há uma proliferação de diagnósticos, onde tudo é patologizar. É muito comum você ouvir a pessoa dizia: “olha, fulano é bipolar”. E a gente está tratando aqui de pessoas que recebem o diagnóstico vindo de um profissional. É diferente, é outra situação, é outro contexto.

Diferentemente de um diagnóstico de uma doença física, por exemplo, onde você tem ali um dado, um marcador biológico, um diagnóstico de transtorno de humor bipolar ou de qualquer outro transtorno mental não se âncora em algo que possa ser mensurado. Tem a ver com a experiência clínica do profissional que dá esse diagnóstico, o profissional: o médico psiquiatra. E aí, no primeiro momento, é comum sujeito ficar assustado com esse diagnóstico. “O que eu faço a partir daí?” E muitas vezes vai buscar se informar de outras formas quenão com a ajuda profissional. E, por não ser um diagnóstico que diga respeito a uma questão de ordem objetiva e física, muitas vezes, esse diagnóstico vem com uma ferida no psíquico da pessoa. “O que é isso que eu tenho? Que eu não reconheço, que eu não consigo visualizar, que eu não consigo enxergar?” E que, sobretudo, vem de um profissional que não consegue mostrar: “Olha aqui, no cérebro, onde é que está o seu transtorno de humor bipolar.” Porque não existe um marcador biológico. Então, é comum e há uma certa resistência inicial a esse diagnóstico. Não só esse, mas há outros de transtorno mental. É comum procrastinar o tratamento e adiar o início do tratamento.

E essa talvez seja a estratégia menos eficaz, menos interessante. É importante buscar ajuda especializada. É importante buscar se informar com profissionais que tenham experiência para que seja feito o tratamento, seja proposto o tratamento mais adequado. Diferente novamente de uma doença física, quando você tem algum diagnóstico de diabetes, na China ou no Brasil, provavelmente, o protocolo do tratamento será o mesmo tratamento químico. No caso, quando você tem um diagnóstico de transtorno bipolar, você pode ser diferente do seu vizinho. Pode, senão, você é diferente do seu vizinho que tem o mesmo diagnóstico, porque as causas do adoecimento, embora as características gerais sejam parecidas – alguém que tem mania fica acelerado, pensa muito rápido, perde a necessidade de sono; diminui em depressão, a pessoa perde a libido, perde a vontade de fazer as coisas – essas características gerais se repetem, mas sempre há algo da ordem da particularidade no que desencadeia essas crises.

Então, é importante buscar ajuda profissional de uma forma mais ampla. Não somente com o acompanhamento psiquiátrico, mas com acompanhamento também psicológico, pra lidar com o que é da ordem do geral desses sintomas da mania e depressão. É onde a medicação vai entrar como moderadora dos sintomas, digamos assim, e o que é da ordem do particular, porque ainda não há uma indicação que possa acessar o que há de singular, o que é de particular no tratamento do sujeito no seu adoecimento psíquico.

Fonte: Episódio 1: Recebi o diagnóstico de Transtorno Bipolar, e agora? | Websérie Bipolaridades por Holiste Psiquiatria