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Transtorno Bipolar: Dicas de Tratamento com a Psiquiatra Maria Fernanda Caliani

Transtorno Bipolar – Tratamento

Olá pessoal, eu sou a Maria Fernanda, psiquiatra. Na semana passada, fiz um vídeo falando um pouco sobre o Transtorno Bipolar, suas causas, diagnóstico e quadro clínico. Se você não acompanhou, confira o link abaixo para se atualizar sobre o tema. Conforme prometido, estou aqui hoje para falar um pouco mais sobre o tratamento do Transtorno Bipolar. Vamos lá!

Estabilizadores de Humor

O tratamento do Transtorno Bipolar é feito com medicações que chamamos de estabilizadores de humor, como ácido valpróico, depakene, lamotrigina, topiramato, carbonato de lítio e carbamazepina. Esses medicamentos são usados para estabilizar o humor e impedir que o paciente evolua para um quadro de euforia, mania ou depressão profunda. Em casos de sintomas associados, como delírios de grandeza ou ideação suicida, pode ser necessário associar medicamentos como antipsicóticos ou antidepressivos, caso a depressão seja muito severa. No entanto, a base do tratamento do Transtorno Bipolar é feita com estabilizadores de humor. Estima-se que 80 a 90% das pessoas que tiveram episódios de mania apresentarão um novo episódio dentro de cinco anos. É uma incidência muito alta. Se você teve um primeiro episódio de mania ou depressão, a chance de apresentar um novo episódio dentro dos próximos dois anos é de 60%. Se tiver um segundo episódio, a chance de ter o terceiro é de 73%. Por isso, o tratamento é indicado não só para tratar a crise atual, mas para prevenir e impedir que novos episódios aconteçam. A boa notícia é que descobriram que a medicação torna as recorrências menos prováveis e as crises, quando acontecem, são mais fracas e menos intensas se o paciente estiver em nosso time.

Mudanças no Estilo de Vida

Algumas mudanças no estilo de vida do paciente serão necessárias, como consultar um psiquiatra regularmente, fazer alguns exames de sangue, regular o ciclo de sono (o sono é um dos melhores amigos de quem tem Transtorno Bipolar) e controlar o nível de estresse. O paciente vai precisar ter uma forma melhor de gerenciar seus problemas da vida, mas nenhuma dessas mudanças requer que ele abra mão dos seus objetivos de vida. Ele poderá casar, ter filhos, ter o círculo social dele, trabalhar, enfim, seguir todos os planos que ele fez para a vida dele.

Terapia e Diário de Humor

Além de tomar a medicação para controlar a variação de humor, o paciente pode fazer terapia com o objetivo de psicoeducação e autoconhecimento. Uma ferramenta importante nessa terapia é o diário de humor. Com ele, o paciente passa a se conhecer melhor e consegue identificar quais são os fatores que podem contribuir para que ele tenha uma crise. Com isso, ele consegue evitar ou controlar esses fatores e, portanto, controlar as crises. É muito importante que o paciente com Transtorno Bipolar informe a família, amigos e colegas de trabalho sobre a natureza da doença, pois assim ele terá um suporte e apoio dessas pessoas ao redor dele.

Criatividade e Personalidade

Há um mito de que o tratamento do Transtorno Bipolar poderia atrapalhar a criatividade ou a personalidade do paciente, mas isso não é verdade. As pessoas com Transtorno Bipolar geralmente são mais criativas e produtivas. Van Gogh, por exemplo, tinha Transtorno Bipolar e foi um grande pintor. Ter Transtorno Bipolar não significa que você vai ter que abrir mão da sua personalidade ou de suas aspirações. É como diabetes ou hipertensão, são doenças crônicas que exigem o uso de medicação por um tempo indeterminado, a longo prazo e de uso regular, mas o uso correto diminui as chances da doença interferir na vida do paciente.

Conclusão

Espero ter ajudado um pouco sobre o tratamento do Transtorno Bipolar. Se tiver dúvidas mais específicas sobre medicações ou sobre algum outro aspecto do tratamento, coloque aqui nos comentários. Terei o maior prazer em respondê-las. Até o próximo vídeo!

Fonte
Como tratar o Transtorno Bipolar. Psiquiatra Maria Fernanda Caliani explica por Neurologia e Psiquiatria