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Saiba tudo sobre a relação entre cirurgia bariátrica e pedra na vesícula | Coluna #92.

A epidemia da obesidade

Há anos, nós dizemos que a obesidade é uma epidemia no século 21 em países desenvolvidos e em desenvolvimento. A incidência mundial de sobrepeso e obesidade aumenta rapidamente a cada ano e vem acompanhada de uma lista de prováveis consequências graves. O acúmulo de gordura excessiva é considerado um fator importante de risco para uma série de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, diabetes e até câncer.

Aqui no Brasil, os números impressionam. Segundo dados recentes, somamos quase 20 por cento de adultos obesos e somos o segundo país do mundo que mais realiza cirurgias bariátricas. Aqueles que passam pela redução do estômago devem necessariamente atender diversos critérios. Um deles é ter grau de obesidade dois ou três, indicado pelo índice de massa corporal (IMC). O IMC é a referência utilizada mundialmente para classificação dos indivíduos em peso baixo, peso normal, sobrepeso e obesidade graus 1, 2 e 3. No cálculo utilizado, é a divisão do peso pelo quadrado da altura, ou seja, a altura vezes altura.

Apesar de ser considerada atualmente a ferramenta mais eficaz no tratamento da obesidade grave, a cirurgia pode trazer problemas pós-operatórios. Um deles é o cálculo biliar, a chamada pedra na vesícula.

Os cálculos biliares são semelhantes às pedras nos rins, mas em vez de se localizarem neles, são depósitos de cristais que se formam na vesícula biliar, o órgão que armazena a bile produzida pelo fígado. As pedras podem se depositar nos canais biliares também, que são aqueles tubos por onde a bile passa quando vai ser utilizada, e podem ser assintomáticos ou provocar dor no abdome, febre, náuseas e vômitos quando nos dão sintomas. A crise da vesícula biliar é das piores dores do aparelho digestivo.

Quando surge sintomas, a crise da vesícula biliar é das piores dores do aparelho digestivo. O surgimento de cálculos biliares está relacionado à perda rápida de peso, como é o caso de quem faz a redução do estômago. Cerca de 40% dos pacientes que são submetidos a esse procedimento apresentam cálculos biliares. O risco é maior durante os seis primeiros meses depois da operação e vai diminuindo conforme o peso se estabiliza.

Como forma de prevenir o agravamento de cálculos biliares nesses pacientes, é comum a recomendação de retirar a vesícula biliar junto com a cirurgia de redução do estômago. Mas essa não é uma prática simples além de ser considerada desafiadora e tecnicamente difícil a sua realização no momento após o procedimento bariátrico, pois fica ao estômago e tudo pode gerar complicações e prolongar a duração da cirurgia e a permanência do paciente no hospital.

Por causa das complicações, uma alternativa para prevenir as consequências desnecessárias dessa dupla cirurgia é seguir com o tratamento medicamentoso, com remédios que são tomados no pós-operatório para evitar o surgimento dos cristais.

Se você ou algum parente está se preparando para essa mudança de vida tão radical, procure um especialista, informe-se sobre o que é possível fazer para encarar o processo da melhor maneira possível e evitar esse problema.

Fonte: Bariátrica e pedra na vesícula | Coluna #92 por Drauzio Varella