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Remédio para dormir: conheça os riscos de vício, segundo a psiquiatra Maria Fernanda Caliani


Riscos do uso de remédios para dormir

Olá pessoal, eu sou a doutora Maria Fernanda, sua médica psiquiatra. Hoje eu gostaria de abordar um tema muito importante a respeito dos riscos do uso de remédios para dormir.

É muito comum os pacientes chegarem aqui no meu consultório dizendo que já fazem uso de algum tipo de medicação para dormir, seja bromazepan, alprazolam, diazepam, clonazepam, zolpidem, melatonina, prometazina, entre outras. Muitas vezes eles chegam dizendo que usam o mesmo remédio que algum parente ou conhecido usou e sobrou, ou que pediram para o médico prescrever para ajudar a dormir.

Hoje em dia, tantas pessoas fazem uso de medicação para dormir que virou exceção encontrar alguém que consiga dormir sem o uso de nenhum remédio. Isso acontece porque temos muita luz, informação e as coisas são tão aceleradas que estamos sempre atormentados com nossos compromissos. Muitas vezes, até nos surpreendemos quando deitamos e fechamos os olhos e já pegamos no sono, porque normalmente pensamos em nossos problemas, pegamos o celular e assistimos TV antes de dormir.

No entanto, quais são os grandes problemas das medicações para dormir?

Um dos primeiros problemas que encontramos é que a grande maioria desses remédios pode causar dependência. Ou seja, o nosso corpo vai depender daquele medicamento todas as vezes que quisermos dormir, criando sintomas de abstinência caso não o tomemos. Inicialmente, tomamos uma vez só e achamos tão gostoso dormir bem naquela noite, mas depois acabamos tomando novamente por estarmos estressados, ansiosos, ou simplesmente pelo habito de tomar. A dependência é criada, e logo precisamos tomar o remédio todas as noites.

Além disso, essas medicações podem causar tolerância. Ou seja, o corpo acostuma com o efeito do remédio, precisando de doses maiores ao longo do tempo.

Outro problema associado a esse tipo de uso de medicação é a interferência ou interação medicamentosa. Muitas vezes, já estamos tomando outras medicações para pressão alta, diabetes, problemas do estômago, depressão, entre outros, e então começamos a usar uma medicação para dormir, sem nos darmos conta de que eles podem ter interações entre si. Isso pode acabar nos prejudicando, e muitas vezes não há como prever qual será a reação do corpo àquela medicação.

O uso prolongado dessas medicações pode ter impacto na nossa memória e raciocínio, além de poder aumentar o risco de doença de Alzheimer em pessoas que já têm histórico na família.

Portanto, o ideal é que as medicações sejam prescritas apenas nos casos refratários, ou seja, quando já tentamos todos os recursos para dormir, e não tivemos uma resposta adequada. A primeira coisa que o médico fará é uma avaliação adequada do paciente, para ver se ele apresenta uma insônia primária (quando simplesmente não consegue dormir) ou uma insônia secundária (quando deixamos de dormir por conta de outras doenças).

Se a medicação foi necessária, ela será usada por um período mais curto, geralmente para regular o padrão de sono, e então tentamos seguir sem a necessidade de usá-la.

Algumas medidas comportamentais podem ajudar a evitar o uso de medicação para dormir. Por isso, não deixem de procurar uma avaliação médica individualizada, para que o médico possa avaliar o seu caso em particular e prescrever o que é melhor para você.

Obrigada pela atenção, até a próxima!

Fonte: Remédio para dormir vicia? Psiquiatra Maria Fernanda Caliani explica por Neurologia e Psiquiatria

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