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Os principais transtornos de personalidade.


Cada um tem a sua personalidade, não é mesmo? Mas será que uma personalidade “normal” e uma personalidade patológica existem? Os transtornos de personalidade! Essa foi uma pergunta feita pela Taiane Melo. Agente falou num vídeo há pouco tempo sobre o transtorno de personalidade borderline, e ela deu a sugestão: “fala sobre os outros transtornos de personalidade, porque parece que tem vários transtornos de personalidade. Como é que funciona?”.
E é interessante a gente entender que a personalidade de cada um tem a sua. Não é o nosso jeito de ser. Cada um tem o seu. E aí, normal não tem problema. A gente quer mais é explosivo, tem gente que é mais controlado, tem gente que é mais tímido e assim vai. Isso não é um problema, desde que não cause problema. Então é mais ou menos assim, o jeito da pessoa, mesmo que seja excêntrico, mesmo que seja meio “diferentão”, é aquele seu amigo que é meio esquisitinho e tal, mas seu amigo está tudo bem com ele, beleza. É o jeito dele. É particular de cada um. Às vezes é um pouco mais, um pouco além do normal ali para o tímido ou para o explosivo. Qualquer característica que seja. Mas também todo o controle não causa tanto prejuízo.
Agora, quando esse desvio da norma é quando esse afastamento, aí quando esse excesso prejudica a vida da pessoa, o jeito de ela ser torna ela um pouco disfuncional. Aqui que a gente fala neles não se enquadra direito, não conseguir produzir, não conseguir se relacionar, não conseguir trabalhar, etc. Para a gente falar de um transtorno da personalidade, o Manual Estatístico Diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria, que é um dos principais livros de classificação dos transtornos mentais, divide os transtornos de personalidade em três grandes grupos: o grupo A, o grupo B e o grupo C, e chama de “clusters” os grandes grupos.
No grupo A, estão as pessoas assim que tem um jeito muito particular. O jeito meio estranho, né? Pessoas que têm dificuldade de experimentar os afetos positivos. Dificuldade de se alegrar. Pessoas que têm ideias meio particulares. Então, é a personalidade esquizóide, a personalidade paranóide que são essas personalidades. É um jeito distante, um jeito afetivamente distanciado. A pessoa não se envolve tanto. O paranóide, ele se acha perseguido, ele acha que tá todo mundo contra ele, aquela pessoa que acha que tudo é com ela, valoriza demais as brigas, vê briga onde não tem, etc.
O episódio é o mais diferente. Então, mesmo cara mais distanciado, evento que não se importa muito com os relacionamentos. E na Associação Americana de Psiquiatria, eles colocaram a personalidade esquizóide típica, que é uma pessoa realmente esotérica demais, com ideias meio paranormais. Ela vive um pouco em função dessas ideias muito fora da caixinha. E tem também uma dificuldade dos relacionamentos. São pessoas que têm relacionamentos problemáticos.
No grupo B, são as pessoas mais instáveis. Tem o transtorno de personalidade borderline, sobre o que a gente já falou. A instabilidade emocional é muito marcante. Mas também tem aí os antissociais, personalidade antissocial. A pessoa que não respeita as regras, que não se importa com o sofrimento do outro, que costuma ser explosiva, costuma ser assim agressiva, etc. Tem a personalidade histriônica, que antigamente se chamava meio de histérica. A pessoa que ela tem que sempre estar no centro. Ela sempre tem que estar dominando a situação. Influenciável. Pessoa meio instável também. E também a personalidade narcísica, que a Associação Americana de Psiquiatria coloca que não tem na classificação internacional de doenças.
A personalidade narcísica tem muito a ver com o narcisismo mesmo. Sujeito tem que ser o centro das atenções. Ele precisa daquele afeto das pessoas dirigido para ele, mas é uma relação superficial. Qualquer desatenção, qualquer coisa que você não olha para a pessoa, acha que você não está dando valor que ela merece, vira briga. Ou seja, atrapalha também dos relacionamentos. Sempre o transtorno de personalidade.
A gente vai ver um prejuízo nos relacionamentos, sejam pessoais, sejam profissionais e assim por diante. E por fim, o cluster C. Na ação das personalidades mais ansiosas. Aquela aumento das emoções negativas. Então, a personalidade ansiosa, que na classificação americana chama de personalidade evitativa. Tudo é perigoso, tudo é uma ameaça, tudo deve ser evitado. A pessoa é medrosa em excesso. A personalidade obsessiva, que na classificação internacional de doença também é chamada de anancástica, que é quase um toque. A pessoa não chega a ter toque. Ela não é escrava dos seus rituais, mas tudo tem que ser certinho, tudo tem que ser rígido. Se aquela pessoa que tem um manual de instruções que ela não falou pra você. Então, se você faz qualquer coisa falou tá errado. Não é assim. Tudo tem que ser do jeito dela, etc.
Então, aquela pessoa com traços mais obsessivos. Também a personalidade dependente. A pessoa que se sente frágil, que ela é incapaz de decidir por si só, se sente muito vulnerável. Então, ela precisa de alguém. Ela trata de uma figura forte. Ela depende do outro para tomar suas decisões e até para saber o que ela mesma quer. Personalidade dependente que também, lógico, que vai trazer prejuízo porque isso coloca um peso na outra pessoa. Ninguém aguenta muito tempo esse tipo de relacionamento. E a pessoa não dá aquele suporte que a pessoa com uma personalidade dependente acha que precisa. Ela se sente perdida, etc.
Então, esses são os grandes grupos que hoje se fala de transtornos de personalidade. É lógico que depois tenha a personalidade mista. Transtorno de personalidade mista que tem um pouquinho de cada coisa. Às vezes, você não sabe exatamente identificar o que está acontecendo ali. Se é mais uma impulsividade, se é mais uma instabilidade. Então, os médicos falam: “essa pessoa tem um traço de personalidade do grupo B”. Então, eu não estou dizendo se é borderline, se é histriônico, mas está ali. Tem esse tipo de padrão. E às vezes, não sabem onde é tão mistura.
Então, podemos afirmar que quando falamos de transtornos de personalidade, é quando o jeito de ser daquela pessoa prejudica faz a pessoa não funcionar bem na sociedade. Ela não se insere direito, não consegue trabalhar. Ela mal consegue se relacionar por causa do seu jeito, e é algo que não está no controle. Não é algo que a pessoa consiga falar: “não vou fazer força que vou melhorar sozinho”. Ela não consegue. Então, é realmente necessário uma ajuda. As psicoterapias são o tratamento de escolha para os transtornos de personalidade. Tem vários tipos de terapia. Tem umas que tem mais estudos para um tipo de personalidade, outros para outro.
Mas de qualquer forma, é sempre um suporte em psicoterapia que vai ajudar a pessoa, primeiro, a se conhecer e entender que aquele é o padrão dela. Para que ela possa perceber como aquilo prejudica nos seus relacionamentos e conseguir se inserir melhor de uma maneira ou de outra, e lidando com esses traços que nem sempre é fácil, mas é possível. Então, é importante a gente buscar ajuda e buscar profissionais especializados.
Era isso. É importante lembrar que tem vários transtornos de personalidade. Está sempre mudando nessas classificações. Elas podem evoluir. Elas já mudaram ao longo da história. Provavelmente vai mudar no futuro. Mas hoje, é isso que a gente entende como transtorno de personalidade. Faz que nem Taiane, deixa aqui a sua dúvida, coloca aqui o seu comentário, pergunta que a gente vai conversando sobre as dúvidas que aparecem aí, quando você assiste esse vídeo. Se inscreve no canal, compartilha que a gente ainda vai responder mais perguntas de vocês.
Fonte: Quais são os transtornos de personalidade? por Daniel Martins de Barros