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Novidades do ASCO 2018 sobre o tratamento do câncer de mama: Quando evitar a quimioterapia


Olá, meu nome é Dindi Bayeux, o chefe de serviço de Mama Devem Haver Universitário. Hoje é um prazer conversar com vocês sobre os resultados de um estudo novo chamado Telex, que terá um grande impacto na vida de pacientes com câncer de mama.
Como você sabe, existem vários tipos de câncer de mama. O mais prevalente de todos é o câncer de mama que é hormônio independente. A maioria das mulheres apresenta um câncer de mama desse tipo. Eu diria que 60 a 70 por cento das mulheres por ano que são diagnosticadas com câncer de mama vão precisar tomar um tipo de terapia hormonal para diminuir a chance de que esse câncer de mama volte em outras partes do corpo, ou seja, o que chamamos de recorrência.
Como evitar a recorrência é importante, às vezes, a gente quer ser o mais agressivo possível e evitar isso de qualquer maneira. Mas, às vezes, o sacrifício é grande ao tomar uma terapia. A maioria das pacientes não tem problema com isso, mas a quimioterapia é uma outra história, pois tem uma toxicidade grande que pode até mesmo ser permanente em alguns casos. Então, é importante ter um teste ou alguma coisa que possa dizer para nós se precisamos de quimioterapia ou não.
Pacientes com câncer de mama é uma coisa muito importante, e um estudo que nos propomos a fazer justamente se propôs a fazer isso: descobrir que pacientes que a gente não precisa usar a quimioterapia de uma forma bem segura e com bastante confiança.
O que este estudo fez foi pegar 10 mil pacientes que tinham tumores pequenos de câncer de mama, todos eles sendo hormônio independentes. Todas as pacientes não tinham envolvimento de linfonodos quando fizeram a cirurgia, e todas as pacientes fizeram um teste que se chama Oncotype DX. Esse teste, se você olhar o papel que vem com o resultado, tem um escopo, tem um número que corresponde a um risco de recorrência. Quanto mais alto o número, maior a chance de haver uma recorrência de câncer de mama, quanto menor o número, menor a chance.
Como vocês podem imaginar, quanto maior a chance de recorrência, o tratamento tem que ser mais agressivo. Então, às vezes, a gente tem que usar não só a terapia hormonal, mas também quimioterapia para prevenir que esses tumores possam voltar no futuro. Mas, com esse teste, quando você vê como numericamente qual é a pontuação que a paciente recebe, se ele for alto, a gente sabe que a quimioterapia é necessária. Se for baixa, a gente sabe que não precisa.
Se a pontuação ficar no meio, é um escolha intermediária, e a gente não sabe se a quimioterapia é necessária ou não. Então, era mais ou menos aquela discussão individual com um paciente, dependendo do que a gente via em outros aspectos, como tipo de tumores, tamanho, se tinha alto grau ou não, era uma decisão individualizada tomada.
Mas, o que esse estudo Oncotype DX fez é justamente pegar essas pacientes que tinham essa escolha intermediária, e metade das pacientes tomaram quimioterapia junto com a terapia e metade dos pacientes não tomaram quimioterapia. Todas as pacientes foram seguidas por quase dez anos.
Hoje, a gente sabe que, com base no resultado desse estudo, pacientes que têm tumores entre 1,5 centímetros sem envolvimento de linfonodos que são dependentes de estrógeno, que vão precisar tomar terapia hormonal; se a pontuação no resultado do teste for menos de 25, a gente sabe que a quimioterapia é desnecessária. Ela acrescenta efeitos colaterais, mas não ajuda a prevenir o tumor a recorrer.
Então, hoje a gente sabe que, com bastante acurácia, realmente quem tem uma pontuação abaixo de 25 não vai precisar de quimioterapia. A única exceção são pacientes que têm menos de 50 anos. Pacientes jovens tendem a ter um tumor um pouco mais agressivo. Essas pacientes, mesmo no estudo Oncotype DX, tiveram um benefício muito pequeno de quimio, mas não era zero. Então, pacientes com menos de 50 anos, tem outras características de tumor que eu citei anteriormente, ainda deve se ter uma discussão individualizada se precisa ou não de quimioterapia.
Mas, para pacientes acima de 50 anos, com tumores pequenos, linfonodos negativos, dependência de estrógeno, a quimioterapia hoje em dia é desnecessária, conquanto que o teste mostre pontuação abaixo de 25. O impacto disso globalmente é enorme, porque a maioria das pacientes se apresentam com esse tipo de câncer de mama quando diagnosticadas, justamente com essas características.
Fonte: ASCO 2018 | Câncer de mama: Quando a químio não é necessária por Vencer o Câncer