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Fratura de Fêmur em Idosos: Causas e Tratamentos – Renato Rodrigues Pereira

Fraturas do Fêmur Proximal do Idoso

Meu nome é Renato Pereira, sou médico ortopedista e cirurgião em quadril e agradeço o convite. Eu vou falar das fraturas do fêmur proximal do idoso e a importância dessas fraturas, que os trabalhos mostram uma taxa de mortalidade muito grande, podendo chegar até 37% dentro de um ano. Não só na hora da fratura, mas dentro de um ano pode ocorrer essa mortalidade, e além disso, uma a cada quinze pacientes vem a óbito é no âmbito hospitalar. Então é uma fratura que preocupa bastante e que tem que ser muito bem conduzida.

Para mim, o resultado satisfatório das fraturas depende muito do tipo da fratura e do tratamento indicado. As fraturas são classificadas em vários subtipos, sendo algumas delas subtrocantérica, transtrocanteriana, subtrocanteriana, anterior, ana e c, fratura do colo do fêmur. Tendo isso em mente, o tratamento vai mudar com cada tipo de fratura.

A causa principal do idoso é a queda da própria altura, sendo uma queda simples, como um tropeço, uma queda. Claro que acidentes automobilísticos e outros tipos de quedas também geram essas fraturas, mas no idoso, o principal é a queda da própria altura.

Quanto ao diagnóstico dessas fraturas, a gente faz o diagnóstico clínico, através da localização da dor na região do quadril, encurtamento e rodado externo do membro, e o paciente apresenta uma impotência funcional, ou seja, ele não consegue se manter de pé e não consegue andar por conta da fratura. A confirmação do diagnóstico é feita através de exames de imagem, radiografia simples é a principal delas, mas em alguns casos, fraturas sem desvios incompletas, muitas vezes a gente não vê na radiografia e a gente precisa da tomografia ou da ressonância para confirmar o diagnóstico.

Quanto ao tratamento, basicamente, ele é cirúrgico, salvo em poucos casos, onde clinicamente o paciente não pode ser submetido à cirurgia. O tratamento clínico leva o paciente a ficar acamado por 2 a 3 meses, e isso para um paciente idoso é muito. Aumenta muito a morbidade e as complicações. Então, o paciente tendo condição, o tratamento clínico só vai acontecer se o paciente não tiver condição absoluta para a cirurgia. Caso contrário, o tratamento é cirúrgico.

Voltando aos tipos de fraturas, podemos optar pelo método de fixação na subtrocantérica, na transtrocanteriana e na subtrocantérica. Já na colo do fêmur, o resultado com a fixação é insatisfatório, então acaba-se optando pelas próteses, que são a substituição articular.

Quando falamos de tratamento, é importante ressaltar que há uma evolução satisfatória do paciente com uma equipe multidisciplinar acompanhando desde o momento da internação. Ele precisa de um clínico de preferência geriatra, especializado na fratura do idoso, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, enfermagem e a equipe de ortopedia.

A gente preconiza operar o quanto antes esse paciente, então o clínico libera e a gente leva para o centro cirúrgico para operar, para minimizar os riscos. Paciente acamado vai ter complicações pulmonares, gastrointestinais, psíquicas com delírio, e é muito desconfortável para o paciente, tanto a dor quanto para fazer higiene pessoal. Então, a gente procura o quanto antes levar esse paciente para a cirurgia, operou, reabilitação precoce. Aí entra a fisioterapia para tirar o paciente o quanto antes da cama, colocar sentado numa poltrona, fazer treino de marcha com o andador ou a muleta. Ele já anda no dia seguinte da cirurgia com a ajuda de um dublador, apoiando parcialmente a perna operada.

O mais importante é pensarmos bastante na prevenção, que é o método mais eficaz para evitar as complicações do paciente idoso. A prevenção das fraturas é possível com medidas muito simples, como evitar a queda do idoso. E como prevenir todas essas complicações?

Primeiramente, nos cuidados de casa, é importante evitar obstáculos, como tapetes e mesas de centro que podem predispor a queda do idoso. Adaptações, principalmente no banheiro, como suportes na parede próximos ao vaso sanitário, um chuveiro sem box, suporte dentro da região do chuveiro são importantes para evitar a queda. Deixar sempre o piso liso e seco, utilizar fitas antiderrapantes em alguns casos, há toda uma série de cuidados que se devem tomar.

Os calçados também são importantes, evitar calçados abertos, como chinelos de dedo, que aumentam o índice de queda. Animais domésticos também podem ser motivo de queda, o idoso tropeça e cai. Então, sempre deixar o animalzinho de estimação em um lugarzinho específico. Ter um abajur ou alguma luminária próximo à cabeceira é importante para facilitar a locomoção do idoso.

A osteoporose é uma das principais doenças que podem causar as fraturas do fêmur proximal no idoso. Por isso, é importante fazer uma investigação anual do paciente idoso, para identificar a osteoporose e tratá-la de forma medicamentosa. A alimentação também contribui na prevenção e no tratamento da osteoporose, assim como a atividade física regular.

Quanto aos auxiliares de deambulação, é fundamental incentivar o idoso a usar um andador ou uma bengala, para evitar a queda.

Por fim, é importante lembrar que a prevenção é a melhor forma de evitar as fraturas e todas as complicações que envolvem esse tipo de fratura no paciente idoso.

Fonte: Fratura do Fêmur no Idoso – Renato Rodrigues Pereira por Americas