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Entendendo o processo de cirurgia de transplante


Olá! Eu sou o Dr. Antonio Laender, médico nefrologista e clínico geral. Hoje vou falar sobre a cirurgia de transplante renal.
Imagine que já é madrugada e você recebeu a notícia tão esperada: um potencial doador falecido foi encontrado para você. Antes de tudo, o médico irá fazer algumas perguntas para certificar-se de que você está bem. Se estiver tudo certo, você será orientado a fazer jejum e aguardar o resultado da prova cruzada.
A prova cruzada consiste em cruzar o seu sangue com o material do doador falecido para observar a reação. Se a prova for negativa, significa que o seu sangue não possui anticorpos contra o doador e você pode receber o rim. E assim, você venceu a barreira imunológica!
Depois disso, você será encaminhado para o hospital e irá realizar novos exames para certificar-se da necessidade (ou não) de sessão de hemodiálise antes da cirurgia. É uma corrida contra o tempo, pois os rins são retirados do doador falecido e mantidos em solução gelada até o momento do transplante – quanto menor o tempo de isquemia fria, maior a chance de o rim funcionar.
Após jejum, exames e assinatura do termo de consentimento para a cirurgia, você receberá anestesia geral e outros medicamentos e a cirurgia começará. Ela se inicia com uma abertura ou corte na pele com bisturi na parte inferior da barriga, próximo à virilha, à direita ou à esquerda, dependendo da avaliação da equipe.
Após a incisão, segue-se a retirada do rim do doador do gelo e o mesmo é colocado na melhor posição possível no leito cirúrgico. Em seguida, procede-se à realização de três anastomoses (união entre duas estruturas por meio de uma costura cirúrgica): a anastomose da veia do rim doado com a veia ilíaca de Gilmar, a anastomose da artéria do rim doado com a artéria ilíaca de Gilmar e, por fim, a terceira anastomose, que é a união do eterno rim doado com a bexiga de Gilmar.
Após todas essas etapas, a ferida operatória é fechada e é colocada uma dreno para permitir a drenagem de líquido nos próximos dias. Além disso, é colocada uma sonda na bexiga através da uretra para permitir a monitoração da quantidade de urina e alívio da pressão no interior da bexiga. Essa sonda é removida após cinco dias da cirurgia.
Os rins doentes não são removidos, a menos em raros casos (como quando eles estão muito grandes, como na doença renal policística). Agora, Gilmar possui três rins: dois rins nativos não-funcionantes e um rim transplantado funcionante.
A cirurgia de Gilmar durou cerca de duas horas e ele foi levado para uma sala de recuperação. Uma hora depois, foi transferido para um leito de enfermaria. A permanência hospitalar pode variar de 7 a 21 dias, dependendo das condições do paciente e do doador e da experiência da equipe cirúrgica. Neste período serão feitos ajustes de medicamentos, monitoração de possíveis complicações e sessões de hemodiálise se forem necessárias até que o novo rim desperte e assuma o trabalho dos rins doentes.
O funcionamento do novo rim pode durar de 10 a 15 anos. Agora, Gilmar está livre da diálise e terá que aderir ao tratamento imunossupressor para permitir a aceitação do rim transplantado. Ele também terá que passar por consultas periódicas para prevenir e tratar complicações.
Gostou de saber mais sobre a cirurgia de transplante renal? Compartilhe este texto com quem possa precisar dessas informações e fique ligado nos próximos vídeos!
Fonte: Como é a cirurgia do transplante? por Me custou o rim!