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Entenda a Doença de Crohn com um Gastroenterologista.

Doença de Crohn e Colite Ulcerativa: Conscientização e Tratamento

No nosso dia de hoje, vamos falar sobre duas doenças que atingem o sistema intestinal e que não têm uma causa aparente. A Doença de Crohn e a Reta ou Colite Ulcerativa. Para falar sobre esse assunto, temos conosco a Dra. André Vieira, chefe da Clínica de Gastroenterologia do Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo, além de ser vice-presidente da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn. Boa tarde Dra. André, obrigado pela presença.

Entre os nomes enormes das doenças, o nome já diz muito. Pode explicar, por exemplo, porque é importante a gente falar sobre elas?

A Doença de Crohn e a Colite Ulcerativa fazem parte do que a gente chama de Doença Inflamatória Intestinal, que são doenças que causam inflamação crônica no intestino, caracterizada por vários sintomas que acontecem de uma maneira intercalada em períodos de crise e períodos de acalmia. É importante falar sobre essas doenças para que as pessoas tenham um conhecimento maior, porque os sintomas dessas doenças causam sintomas que inúmeras outras doenças também podem ter. Então, se as pessoas não souberem desse diagnóstico, vai ficar cada vez mais difícil de chegar a essa doença. A ideia é justamente melhorar a divulgação, até porque estamos no Maio Roxo, que é o mês de conscientização mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais.

Bom, algumas doenças têm sintomas parecidos com o de muitas outras doenças, e o tratamento pode ser o que acaba complicando. É importante também essa questão da detecção precoce, porque se trata de uma doença tratada como grave e que pode chegar ao corpo inteiro. Então, essas doenças, os sintomas que fazem parte das exigências principais são a diarreia, dor abdominal e a colite ulcerativa especialmente. Temos também o sangramento. Inúmeras doenças podem dar dor abdominal, quantas vezes nós mesmos não comemos algo que não estava muito bom e teremos uma dor de barriga ou uma diarreia. Então, não necessariamente é uma Doença de Crohn, mas um exercício. Isso não é o que a gente tem? Várias coisas podem causar dor abdominal, então a gente tem que estar muito atento a isso.

A doença de Crohn e a Colite Ulcerativa não são necessariamente doença grave. Eu tenho pacientes que podem ter um quadro leve da doença, mas a doença é progressiva, principalmente se não for instituído um tratamento. Quanto antes a gente introduzir o tratamento, realmente é melhor e tem um muito melhor prognóstico desses pacientes, porque essas doenças tendem a ser progressivas e caminharem para uma alteração anatômica do trato intestinal, e há algumas complicações que realmente se a gente não agir precocemente, com o passar do tempo, o tratamento vai deixando de ter tanta eficácia.

Existe uma predisposição maior em especial nos pacientes com risco político e o acometimento maior é na pressão. No entanto, isso não quer dizer que todo paciente com risco político vai ter câncer. Não existe essa correlação. É uma predominância um pouquinho maior, uma incidência um pouco maior nessa população e é algo que a gente tem que se preocupar, mas não é uma incidência sim absurdamente alta.

As pessoas percebem que a doença já está avançando, principalmente quando as pessoas abrem a doença com as complicações. Especialmente na Doença de Crohn, ela pode evoluir com complicações, como por exemplo, fístulas que são comunicações entre uma alça de intestino e a pele, ou entre uma alça e outra alça, ou entre uma alça de intestino e, no caso da mulher, entre o útero e a bexiga. Essas complicações realmente, às vezes, o paciente abre a doença. 30% dos pacientes com Doença de Crohn podem abrir a doença, com uma manifestação chamada amazônia. A presença dessas fístulas realmente elas são muito mais sérias e trazem uma implicação muito grande do ponto de vista da qualidade de vida do paciente.

Hoje, a gente tem medicações muito boas, que trouxeram uma melhora muito grande na qualidade de vida dos pacientes. Algumas já estão disponíveis inclusive pelo SUS, outras ainda não, mas que devem chegar ao nosso país em breve. Nós temos muitas pesquisas não só a nível do nosso país como internacionalmente também. Cada vez mais novas drogas estão sendo estudadas, porque, justamente, a prevalência e incidência dessas doenças cada vez aumenta mais.

Se a gente mapear o nosso país em relação aos pacientes com Doença Inflamatória, podemos identificar certas áreas do nosso país que têm uma maior incidência e, com isso, levar essas informações para as autoridades e ter uma ideia do impacto da doença na vida dos doentes. A ideia é levar para Brasília e mostrar às autoridades o impacto dessa doença, que ainda é uma doença desconhecida.

No site www.abb.org.br/jornada, as pessoas encontram também informações desde o diagnóstico até o tratamento. A associação iniciou uma pesquisa chamada “Jornada do Paciente”. A ideia é mapear o nosso país no que diz respeito a quantos pacientes nós temos, qual é o impacto que essa doença tem na vida dos doentes, dentre outras coisas. Essa pesquisa é justamente para transformar isso em números e levar isso para perto das autoridades e mostrar a importância dessa doença.

Fonte: Gastroenterologista fala sobre Doença de Crohn por TV CÂMARA SÃO PAULO