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Cirurgia de cálculos renais pelo SUS: tempo de espera para pacientes.


Sistema Único de Saúde e a espera por procedimentos médicos em Balneário Camboriú

Quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de uma doença grave ou de um procedimento pode passar por diversas provações e ter uma via sacra burocrática. Em Balneário Camboriú, uma paciente de 45 anos está há um ano sofrendo com dores e na espera de um procedimento, correndo o risco inclusive de perder os rins. Justamente por causa de toda essa demora, eu estive lá. Estive lá na casa dela e conversei para entender melhor como está essa situação. Agora, nesta reportagem, vamos mostrar a rotina da Rubilene, que tem sido assim há pelo menos um ano. Toda semana ela vai parar no hospital com crises. No ano passado, ela descobriu pedras nos rins e passou por cirurgia para a retirada. Houve complicações de hemorragia, o que impediu que os médicos continuassem. Depois disso, as pedras continuaram a se formar e pior, calcificaram todas juntas. Hoje Rubilene convive com duas pedras enormes, uma em cada rim. O órgão tem em média 11 centímetros e as pedras possuem sete centímetros e meio e nove centímetros e meio cada.

O quadro provoca dores insuportáveis e, como os índices estão com a função comprometida, a pele acaba ficando cheia de manchas e feridas. “A minha condição de saúde não está nada bem, na verdade eu conheço meus problemas com problema renal muito grave e eu sei que, se não resolver isso, corro o risco de perder um dos rins. Eu preciso urgente do tratamento quando as pedras aumentaram. Os médicos fizeram o pedido para um outro procedimento que seria a única forma de salvar os rins. Trata-se de uma necrópoleectomia percutânea, que é a técnica cirúrgica usada pelos médicos para remover cálculos renais maiores do que dois centímetros”, explica Rubilene.

No entanto, até agora ela está na fila para o procedimento, assim como muitos pacientes que dependem do SUS. Rubilene está numa espera que não tem fim e pelo menos um ano ela está fazendo o tratamento de saúde tentando amenizar a dor que é diária e muitas vezes paralisante. Ela enfrenta dificuldades quando sai de casa e quase sempre acaba indo parar no hospital com crise de dor.

Para completar, na metade do ano, na revisão do benefício do INSS, a médica que fez a perícia atestou que Rubilene está em condições de voltar a trabalhar, mesmo tendo em mãos todos os laudos da gravidade da doença e sabendo que ela não passa um dia sem dor ou uma semana sem precisar chamar o SAMU. O último laudo médico atesta que Rubilene possui as pedras de sete e nove centímetros, respectivamente, mas a médica do INSS declarou que ela poderia retornar ao trabalho normalmente.

Além das dores de tudo que está passando, Rubilene ainda está preocupada que não quer incomodar as outras pessoas, mas a situação dela é delicada. “Se imagina a situação da Rubilene, essa mulher tem 45 anos. Eu tenho muito respeito por todas as profissões, inclusive também pelos médicos. Agora, uma médica que vê uma pessoa com duas pedras nos rins, uma de sete centímetros e meio e outra de nove centímetros e meio, e diz que ela pode voltar a trabalhar normalmente, é olha, sem comentários”, critica.

Em resposta à gerência de saúde do estado, foi declarado que o pedido da Rubilene para fazer o procedimento está na fila de espera e se comprometeram a orientar o município indicando que seja feita uma declaração médica para que o município possa solicitar a devolução do pedido que já foi enviado e inserir novamente uma manifestação, com urgência, gerando desta forma uma priorização. É importante que um município utilize isso não só para Rubilene, mas para todas as pessoas que estão esperando por procedimento e passando dor. A espera não pode continuar, senão Rubilene pode perder os rins.

Mulher de 45 anos no auge da sua vida e simplesmente matar ali esperando e essa burocracia toda como muitos brasileiros, como ela mesma diz na reportagem. O que se espera é que pelo menos um município utilize isso não só para Rubilene, mas para todas as pessoas que estão esperando por procedimento e passando dor.

Fonte: A espera por cirurgia no SUS: paciente precisa remover cálculos renais por Balanço Geral Itajaí