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Cirurgia cardíaca menos invasiva: saiba mais sobre a técnica emergente.


Cardiologistas brasileiros aperfeiçoaram uma técnica menos invasiva de cirurgia do coração. Com o uso de um cateter, é possível corrigir defeitos na válvula mitral. O procedimento é indicado principalmente para idosos que poderiam não resistir a uma cirurgia de grande porte. Dona Alzira, uma aposentada de 72 anos, voltou a subir escadas como qualquer pessoa após ter o problema cardíaco corrigido. Antes disso, essa e outras atividades rotineiras deixavam a aposentada exausta.
O cansaço de Dona Alzira era provocado por uma insuficiência na válvula mitral. O defeito faz com que parte do sangue volte em direção ao pulmão, em vez de seguir o fluxo normal para as artérias e veias do corpo. Essa é a segunda maior indicação de cirurgia provocada por defeitos nas válvulas do coração. Em 5 a 10% dos casos, é preciso operar. Mas a idade avançada e outros problemas de saúde impediram Dona Alzira de passar por uma cirurgia convencional. “Seria muito arriscado. Ela tinha doença no pulmão, o que é uma doença importante no sangue e no próprio coração, isso limitou bastante a nossa indicação porque o risco dela de ter um evento é grave de complicações até morte”, explicou o médico.
A solução veio através de um aparelho que tem um grampo na ponta. Através de um cateterismo, o dispositivo chega até a válvula mitral. Ao ficar na posição certa, o clipe que há na ponta do aparelho é aberto e une as pontas na válvula. Ela passa a ficar dividida em duas e melhora o fluxo sanguíneo. “O dispositivo tem uma garra metálica feita de níquel titânio, então, é como se tivesse dado um pontinho ali na válvula. A cirurgia é feita totalmente por cateter”, explicou o médico.
A técnica é uma entre tantas tecnologias de ponta apresentadas no maior congresso de cardiologia intervencionista da América Latina, que está sendo realizado em São Paulo. O dispositivo para a correção da válvula mitral sem a necessidade de cirurgia já foi aplicado em 16 estados do Brasil. Mas os 320 pacientes beneficiados pela técnica ainda representam um número pequeno se comparado à Alemanha, por exemplo, país onde esse procedimento é mais realizado no mundo. Lá, a média de intervenções por semana é praticamente a mesma que o total de procedimentos realizados pelos médicos brasileiros até hoje.
Em quatro anos, o acesso maior das pessoas com doença cardíaca à técnica desenvolvida nos Estados Unidos ainda esbarra numa limitação: não são todos os planos de saúde que cobrem o procedimento. Mas ao ver que o paciente depende do clipe para ter uma vida melhor, cardiologistas como Leandro Costa tratam de convencer para a necessidade do procedimento. Em geral, ele é indicado para pessoas idosas. “O grande ganho dessa tecnologia é promover que ele tem uma sobrevivência com melhor qualidade de vida. Menos sintomas, menos sofrimento. Me sinto mais à vontade, respiro normal, não sinto mais nada como se eu não tivesse operado”, relatou Dona Alzira.
Fonte: Nova cirurgia no coração é menos invasiva por Fala Brasil