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Cefaleia em salvas: causas, sintomas e tratamentos


Olá pessoal,
Nesse vídeo eu falarei sobre uma das piores dores de cabeça que existe, a cefaleia em salvas. Mas antes, gostaria de lembrar que este canal fala sobre os principais diagnósticos e tratamentos relacionados a dores crônicas. Então, se você tem interesse sobre o assunto, considere se inscrever. E se você gostar dessas informações, curta esse vídeo, porque isso ajuda muito no nosso trabalho.
A cefaleia em salvas causa fundamentalmente uma dor muito forte atrás ou ao redor de um dos olhos. Essas crises são frequentemente acompanhadas de sintomas como lacrimejamento, nariz escorrendo, uma falta de um pouco mais caída e vermelhidão no olho sempre do olho acometido.
O padrão de dor da cefaleia em salvas é causado por um desarranjo entre o hipotálamo, que é uma estrutura cerebral, o nervo trigêmeo e o gânglio esfenopalatino, que fica na região da face. Esse desarranjo causa então uma vasodilatação, uma dilatação dos vasos sanguíneos aqui da cabeça, o que pode provocar bastante dor.
Vamos começar com alguns dados estatísticos que são bastante importantes. A doença acontece em 1,1% da população mundial, então felizmente é uma doença relativamente rara. É mais frequente nos homens e também acontece mais na idade adulta, entre 20 e 40 anos de idade. Alguns pacientes têm mais chances de ter cefaleia em salvas do que outros. Por exemplo, quem tem história familiar de primeiro grau ou seja, quem tem um pai ou uma mãe com a doença, esses pacientes têm 14 até 40 vezes mais chances de ter cefaleia em salvas.
Outros fatores que podem predispôr a doença incluem tabagismo, traumas cranioencefálicos, entre outros.
Os sintomas da cefaleia em salvas são bastante característicos, mas é muito importante prestar bastante atenção para não confundir o quadro com uma enxaqueca ou eventualmente com uma dor de cabeça menos conhecida chamada de hemicrania paroxística.
Reforçando, os sintomas ocorrem ao redor de um dos olhos durante aquela crise. É sempre no mesmo olho. Alguns pacientes podem até ter dor no outro olho em um outro episódio, mas naquele episódio de dor é sempre no mesmo olho. É do tipo facada de forte intensidade. O paciente costuma ficar muito agitado, ao contrário da enxaqueca, que o paciente fica bastante quietinho. Essas dores vão durar então de 15 minutos a 3 horas, se não forem tratadas e ela tem ciclos de melhora, ou seja, o paciente pode ter semanas de crise de dor e depois passar um tempo alguns meses sem dor alguma.
Essa é a forma episódica da doença que acontece em 80 a 90% dos pacientes. Alguns pacientes têm a forma crônica, 10% deles, onde o paciente então não vai ter esse período de alívio. Alguns pacientes inclusive tem dores sempre na mesma época do ano.
Para fazermos o diagnóstico é muito importante que tenhamos pelo menos algumas dessas características sempre do lado da dor. Então, o olho um pouco avermelhado, lacrimejamento, o nariz desse lado entupido ou escorrendo, um leve inchaço da pálpebra ou eventualmente uma fraqueza da pálpebra que nós chamamos de ptose palpebral. O olho fica um pouquinho caído.
O diagnóstico da cefaleia em salvas é feito de forma clínica. Isso significa que vamos utilizar as características da dor do paciente e o exame físico para confirmar o diagnóstico. Alguns exames de imagem podem ser importantes, como a ressonância nuclear magnética do encéfalo, mas isso para excluir uma causa mais grave e muito mais rara, por exemplo, um tumor cerebral.
O tratamento da cefaleia em salvas se faz fundamentalmente em duas vertentes. A primeira é o tratamento abortivo, que tem como objetivo abordar, cortar aquela crise que está instalada naquele momento. E o segundo é o tratamento preventivo, que naturalmente tem como objetivo prevenir novas crises.
Para o tratamento daquela crise que está instalada, uma das medidas mais eficazes é a administração de oxigênio puro através de uma máscara de alto fluxo durante 10 a 20 minutos. Normalmente se faz isso em regime de pronto-atendimento, mas o paciente que tem o problema já sabe disso pode muito bem ter esse dispositivo em casa.
Com relação a medicamentos, o medicamento mais eficaz para tratar aquela crise são da classe dos triptanos, que são medicamentos já bastante conhecidos para o tratamento de crises de enxaqueca.
Nós temos o tratamento preventivo que é extremamente importante, porque as dores são muito fortes. O melhor medicamento para isso chama-se verapamil. Um medicamento que foi desenvolvido para o coração, na verdade. Outras opções são corticoesteroides, medicamentos como topiramato, lítio ou medicamento mais recente chamado indometacina.
Aqui eu sugiro fortemente que vocês não se automediquem, sem antes conversar com o médico, sem antes definir precisamente o diagnóstico, porque cada tipo de dor de cabeça tem o seu tratamento específico. E para alguns raros pacientes que não melhoram com nenhum medicamento, com nenhuma medida clínica, nós temos à disposição técnicas intervencionistas que normalmente objetivam aquele gânglio esfenopalatino, aquele grande que eu falei lá no começo, que está envolvido na gênese, na origem do problema. Então, nós podemos por exemplo funcionar esse gânglio esfenopalatino, guiados por um raio-x, injetar uma substância anestésica antiinflamatória. E em alguns pacientes nós precisamos fazer o que chamamos de radiofrequência do gânglio esfenopalatino. Nós colocamos então uma agulha especializada ao redor dessa estrutura nervosa desse gânglio. Por dentro dessa agulha é colocado então o eletrodo que é ligado a um gerador de rádio-frequência. Esse aparelho emite uma corrente elétrica, cujo objetivo é diminuir os impulsos dolorosos provenientes dessa região.
Fonte: Tudo sobre cefaleia em salvas por Dr. André Mansano – Tratamento da Dor