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Transmissão do vírus do sarampo: como ocorre e como se proteger

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Crianças, Adultos e Idosos Infectados

O mundo vive hoje a maior crise sanitária dos últimos 13 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde. O Brasil já é o segundo país em número de casos nas Américas, mas por que a doença voltou com tanta força por aqui após ter sido quase erradicada?

É o que mostram os repórteres do Câmera Record. 7 bilhões de pessoas em todo o mundo, pouco mais de 200 milhões só no Brasil. É gente que não acaba mais. Nas ruas, no trabalho, todos se cruzam, todos se conectam. Um prato cheio para a disseminação de qualquer tipo de vírus, e para o sarampo então, pior ainda. Uma pessoa com sarampo pode transmitir até quatro dias antes de apresentar os primeiros sintomas. Então, quem está lá no metrô, em um ambiente mais aglomerado, vai transmitir a doença para um número grande de pessoas. Você tem uma ideia? Os especialistas dizem que o indivíduo infectado com sarampo pode contaminar até cinco pessoas ao seu redor. Já quem contraiu o vírus do sarampo tem grandes chances de transmitir a doença para até 20 pessoas do entorno, poder de contaminação quatro vezes maior.

E ainda temos muitas pessoas que têm a doença assintomática. O que quer dizer isso? Ela está eliminando o vírus, mas não fica doente, não tem o sarampo em si. Então, esse indivíduo, ao estar na multidão, ele pode estar infectando outros. E à medida que o vírus vai achando uma pessoa suscetível, ele vai se espalhando.

O vírus se alastra com facilidade no ar, o que o torna extremamente contagioso. Ele entra no corpo humano pelas vias respiratórias, como nariz e boca, se multiplica na garganta e cai na corrente sanguínea, sendo espalhado pelo corpo. O doente apresenta febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos e manchas vermelhas pelo corpo. Além disso, pode sentir mal-estar intenso. Isso, em média, dura de 3 a 5 dias.

No quinto dia, os sintomas começam a melhorar. Em alguns casos, o quadro pode se agravar. O vírus do sarampo atua muito no sistema imunológico e acaba reduzindo as defesas, diminuindo a nossa resposta imune. Então, as pessoas podem ter pneumonia com complicações, podem ter encefalite, que é uma infecção do sistema nervoso e é bem grave, e podem ter complicações como infecção no ouvido até surdez. Então, em casos mais raros, a morte é uma das causas.

A morte pelo sarampo é a desidratação. Porém, hoje em dia, como o país tem mais pessoas bem nutridas, não estamos vendo mortalidade por sarampo ainda. Isso porque a população está mais resistente.

Para esta especialista em imunologia, a cidade de São Paulo já enfrentou uma epidemia de sarampo antes. Os dados de São Paulo são impressionantes, e isso se dá pela densidade populacional. É quase dobro o número de casos semanalmente.

Nós estamos vivendo uma epidemia de sarampo. E a cautela é crucial em momentos como esse, assim como o estudo da evolução do vírus. O monitoramento do Ministério da Saúde indica o aumento contínuo de casos suspeitos. Quase sete mil casos ainda seguem em investigação, portanto ainda existe chance de aumentar o número de confirmações do sarampo.

Os serviços de saúde não aguardam a confirmação do exame laboratorial para atender um paciente com suspeita clínica de sarampo. Eu tenho 24 horas para notificar o órgão de vigilância municipal aqui na cidade de São Paulo.

A melhor maneira, a medida mais eficaz que temos, é a vacinação. A maior parte da população está sendo vacinada, e isso está protegendo aqueles indivíduos que não podem se vacinar, como as gestantes, os bebês com menos de seis meses de idade, as pessoas imunodeprimidas que fazem tratamento com quimioterapia, tratamento para o câncer, e outras condições que elas não podem receber a vacina.

Leonardo, por exemplo, acabou de completar um ano e não recebeu a primeira dose da vacina. Ele estava tomando antibiótico para otite e a garganta inflamada, e aí não conseguimos dar a vacina. Mas o vírus não esperou, logo que ele melhorou da otite, o menino já começou a apresentar os sintomas.

Gabriela trouxe o filho para este hospital infantil em São Paulo e teve que ficar por aqui. Como é que foi a sua reação? “Eu penso agora porque uma vez que a gente não ouve falar muito, né? E aí você vê agora todo mundo só fala nisso, e a médica mente fala que é uma doença sim, né? Dá um sofrimento muito grande, tem uma dor muito grande.”

Os médicos começaram o tratamento, mas a doença se agravou e o menino passou a apresentar um quadro de pneumonia. Aí começou muita movimentação do lado de fora do quarto.

No final, optaram por uma transferência. Foi uma espera tensa. “Uma palavra muito forte, né? Então, como mãe, você nunca quer ouvir que seu filho vai para lá, é horrível.”

Na unidade de terapia intensiva, Leonardo ficou isolado de outros pacientes. Além de médicos e enfermeiros, sua família podia se aproximar do menino.

Nossa equipe só foi autorizada a entrar no quarto porque todos nós já tínhamos sido imunizadas.

Como é que ele está agora? “Agora é tarde. Né? Retomando a vida normal. Já está pegando nos equipamentos.”

Sinal de que está melhorando. A melhora foi tanta que durante a nossa gravação, o Leo acabou liberado da UTI. No final do vídeo, ele já estava saindo do quarto, acordado e mexendo. Mas agora estão mais tranquilos também.

Na hora da transferência, a menina ainda precisa usar uma máscara. O procedimento faz parte de um protocolo especial para tentar evitar a disseminação da doença. Isso começa na chegada dos pacientes à unidade de saúde.

Já tem um cartaz aqui com os sintomas de alerta inclusive já diz: “se a família percebe que está com os sintomas, use a máscara”. A sala de pré-atendimento também coloca a máscara na criança. A gente tem hora para isso. A gente coloca a máscara, a gente diminui o risco da criança transmitir para outras pessoas.

O primeiro atendimento é feito nesta sala. Você está priorizando para as crianças com suspeita de sarampo. A sala está vazia agora, mas está vazia porque agora temos que desocupar ela durante o período de duas em duas horas.

O vírus do sarampo pode sobreviver e permanecer em suspensão no ar durante muito tempo. Então, é o tempo médio que a gente considera como sendo suficiente para renovar todo o ar da sala.

Na sequência, os pacientes com suspeita de sarampo são levados a leitos especiais e ficam no andar de cima. Se tiverem necessidade de internamento, sobem e preferencialmente ficam nesse quarto. O box que tem pressão negativa também. Por isso, essa pressão negativa faz com que o ar não saia da sala e não contamine o ambiente ao redor. Esse quarto é utilizado para a contenção de doenças virais infecciosas transmitidas por via respiratória.

Fonte: Entenda como ocorre a transmissão do vírus do sarampo por Câmera Record