Doutora, preciso contar uma coisa

Ah, agora não, Marley, não é rápido porque tenho que entrar em cirurgia com o chefe.

Bom, eu acho que no início você vai ficar com raiva, mas estou para dar um passo importante e estou muito seguro dessa decisão. Eu acho até que depois você vai se orgulhar de mim, mas por enquanto tenho quase certeza de que você vai…

Doutora: O quê? Desculpe, não ia ser rápido, mas me listei no exército como médico voluntário. Me apresento amanhã.

Doutora: Você fez o quê? Foi assim que eu imaginei que você tinha alguma coisa acontecendo com o George.

Paciente: Sim, ou ele me abraçou. Estávamos felizes e a gente não se abraça quando está feliz.

Doutora: Você está melhor? Sabe sobre sua terapia? Seja lá o que você disse que ficou bom, melhorou ou é fingimento?

Paciente: Como assim? Ah, eu queria saber se as pessoas, mesmo diferentes, se sentem diferentes.

Doutora: E eu vou me casar hoje.

*Música de fundo*

Paciente: No cartório, sem festa, sem farra, rapidinho.

Paciente: Você quer que eu vá junto?

Doutora: Não, não. Só estou contando.

Paciente: Espera aí, tá legal. Tá aqui a minha lista de supermercado. É velho. E isso aqui é novo. Essa aqui é a minha caneta favorita. Então, me devolve.

Doutora: Tá vendo que tudo é azul? Então vai dar sorte.

*Aplausos*

Paciente: Atropelado por um ônibus. Não tivemos condições.

Paciente: Ele está aqui sozinho.

*Música de fundo*

Enfermeira: Começa com os antibióticos.

*Música de fundo*

Enfermeira: Misturinha, lâmina 10. Cadê, brother? Entra devagar. Quando sentir resistência, para. Senão, vai atingir o cérebro.

Enfermeira: Vamos rápido.

*Aplausos*

*Música de fundo*

Enfermeira: Carrega em 360.

*Música de fundo*

Enfermeira: Bastante, por sinal. Tira ele dessa encrenca.

Enfermeira: Eu sei que está difícil, meu amigo, mas ficaria muito grata se você ficasse vivo por mais alguns minutos.

Enfermeira: Está tentando escrever alguma coisa? Consegue segurar?

*Música de fundo*

Enfermeira: Deixa tudo bem. Amanhã vai estar mais forte.

Enfermeira: Avise a sala de cirurgia que estamos prontos.

*Música de fundo*

Paciente: Amanda, você não pode ficar aqui.

*Música de fundo*

Paciente: Você ia gostar de estar sozinha numa hora dessas?

Enfermeira: A gente teve 30 segundos de interação antes dele salvar a minha vida e eu nem fui legal com ele. Eu estava lá num canto quando esse cara comum chegou e sorriu pra mim. Eu tava tão ocupada procurando alguém mais gato que nem olhei pra ele duas vezes.

Enfermeira: Eu só consigo me lembrar dele me empurrando na frente daquele ônibus e quase sendo morto. Ele literalmente me fez sair do chão.

Enfermeira: Aquele ali é o meu príncipe encantado.

Doutora: Tá bom, fica até a gente levar ele para cirurgia, tá?

*Música de fundo*

Médico: Vai ser difícil salvar esse braço. Eu consigo recuperar totalmente operá-lo a tempo. Estou pensando em comprar uma casa.

Paciente: Ah, que bom. A merda deu. Vamos ao cartório hoje à tarde. Vamos casar. Sério.

Médico: Boa notícia. Se eu conseguir salvar estas veias, você pode se permitir ser feliz. Você pode se permitir se casar. Você tem direito. Parabéns. Me dá um abraço aqui.

Doutora: Por que tá todo mundo se abraçando?

Enfermeira: Ah, a noiva ficou encabulada.

Médico: Vamos cuidar das lesões internas enquanto a Dra. Torres implanta o fixador interno. Islam, dê tempo para ele cuidar do braço. Se o paciente não ficar muito asséptico ou hipotérmico, acho que ele tem chance. Eu já vi gente pior saindo.

Médico: Como tá o braço?

Doutora: Só vou ter que refazer a vascularização. Eu tô quase acabando com as lesões internas mais graves. Já já a pelve vai ser toda sua. Pega um pouco mais de compressa, por favor.

Paciente: Você tem coragem de jogar na frente de um ônibus para uma pessoa que não conhece?

Enfermeira: A gente sempre acha que sim.

*Música de fundo*

Paciente: Todos os dias, nesses últimos dois anos, só chegava depois, com a vassoura e a pá de lixo, para fazer a limpeza. Você superou soldados.

*Música de fundo*

Enfermeira: Não acho. Eu acho que ele vai surpreender todo mundo. Acho que ele vai voltar no saco.

Paciente: Por favor.

*Música de fundo*

Paciente: Piorou.

Enfermeira: A sala de cirurgia está pronta.

Paciente: Não ia se casar?

*Música de fundo*

Médico: Meus parabéns. Vão passar a lua de mel na sala de cirurgia. Vamos.

Doutora: Você não precisa ficar aqui. Eu levo você para a sala de espera. Vou segurar a mão dele até você dar anestesia. Acho que ele vai se sentir melhor.

*Música de fundo*

Enfermeira: Arranjou uma amiga de verdade, viu? É isso que dá pular na frente de um ônibus para salvar alguém.

Enfermeira: Eu sei que deve estar assustado, mas a nossa equipe é muito boa.

Enfermeira: Consegue segurar a caneta? Não? Tudo bem. Zero.

*Música de fundo*

Enfermeira: Zero zero sete.

Doutora: Ai, meu Deus. Ai, meu Deus.

*Música de fundo*

Doutora: Olha para mim. Agora.

*Música de fundo*

Doutora: Entendeu? Vamos conversar.

Doutora: A pressão dela…

*Música de fundo*

Enfermeira: Ela assinou. Ela sabia que isso podia acontecer.

Paciente: Comigo.

*Aplausos*

*Música de fundo*

Paciente: Eu te amo.

*Música de fundo*

Paciente: Eu não quero viver sem você.

Paciente: Você mudou a minha vida. Você já disse: faça um planejamento, se fixe no objetivo, trabalhe por ele. Mas de vez em quando olha ao seu redor.

Paciente: Porque a vida é isso.

Médico: Estamos perdendo ele.

Fonte: A Morte de George O’Malley – PARTE 1 | GREY’S ANATOMY DUBLADO PT BR por Super Interativo