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Histerectomia: Saiba quando é recomendada, como é a cirurgia e se vale a pena.

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E se você sofre com sangramentos menstruais de difícil controle, cólicas frequentes, não tem mais nenhum desejo de ter filho e acha que tirar o útero pode ser uma boa ideia, você está certa! Assista então esse vídeo até o final, porque nele vou explicar mais em detalhes sobre as situações em que essa cirurgia pode ser realizada, como ela pode ser feita, a recuperação e tudo mais.

A histerectomia, ou retirada do útero, é uma das cirurgias ginecológicas mais realizadas no mundo. Isso porque, de fato, o útero na mulher um pouco mais velha muitas vezes se torna um incômodo difícil de lidar, que faz a mulher ter que ficar usando medicações hormonais para controlar os sangramentos.

Um aspecto muito importante é que quando a mulher entra na menopausa, ela passa a ter que fazer a terapia hormonal da menopausa (tenho outros vídeos aqui no canal do YouTube inclusive falando sobre a importância disso para todas as mulheres). Aí, o útero se torna um problema, porque os hormônios dessa terapia hormonal têm sobre o útero uma ação negativa, e então a gente precisa na terapia hormonal dar um terceiro hormônio, a progesterona, que não tem nenhuma outra função que não seja proteger o útero dos efeitos negativos da terapia hormonal.

E portanto, na mulher que já não tem mais útero, a terapia hormonal da menopausa se torna muito mais fácil, mais simples. A gente não tem que ficar usando por tantos anos outro hormônio e lidando com a questão do útero.

Isso não significa que a retirada de útero é indicada para todas as mulheres, obviamente. Mas estou dizendo que em mulheres que já sofrem com problemas uterinos, como miomas, adenomiose, sangramentos uterinos anormais, e já estão numa idade mais avançada e que ela não tem mais desejo de ter filho, ela nem conseguiria mais, a retirada do útero pode ser uma ideia boa. Isso vai resolver isso de forma definitiva para o resto da vida da mulher.

E falando então sobre os tipos de cirurgia, como isso pode ser feito, basicamente são dois tipos principais. O mais tradicional, ainda a forma mais realizada no mundo, mas que não é a melhor, é a forma convencional, dita aberta, ou por laparotomia, ou seja, um corte igual a uma cesárea. É uma cirurgia razoavelmente tranquila, o risco é pequeno, mas a recuperação é um tanto pior porque é uma recuperação como se fosse uma cesárea. Tem um corte, são várias camadas, a mulher leva mais tempo para conseguir voltar às atividades habituais, ao trabalho, atividade física e tudo mais.

A forma melhor, mais sofisticada e também mais cara, menos disponível, menos acessível, é a histerectomia por videolaparoscopia, ou seja, com a câmera e os furinhos, da mesma forma como é feita a REMOÇÃO DA vesícula, apêndice, etc. Na nossa área hoje é que a gente faz muito, a gente só faz ela basicamente. É a cirurgia tradicional que a gente reserva para os casos muito grandes, que não é possível fazer por laparoscopia.

A cirurgia por laparoscopia é feita com um pequeno furo no umbigo, não é uma incisão de 10 cm, e mais três cortes pequenos, bem baixos (vou mostrar algumas imagens aqui para ter ideia do que eu estou falando). São feitos de forma estética e baixinhos, abaixo da linha da calcinha do biquíni. E por lá a gente faz toda a cirurgia e remove o útero pelo canal vaginal. A mulher de fato não fica com nenhum corte, a vagina fica suturada no final.

E é muito importante esclarecer isso: que a retirada do útero não muda nada para a mulher quando ela fala de sexualidade, nada mais. Algumas mulheres têm uma certa objeção em retirar o útero pela questão psicológica, como se isso interferisse na feminilidade. Isso não é verdade, nada disso acontece. Elas continuam tendo relações sexuais normalmente e no lugar a lubrificação é a mesma. Deixa de ter o órgão que levava aos sangramentos indesejados e dores, etc.

Nesta imagem aqui eu mostro como é uma laparoscopia ginecológica, que a gente usa também para diagnóstico médico. Aqui é uma cirurgia que acabou de terminar, com os cortes ainda com curativo. A gente usa essa colinha que fica por cima, impermeabiliza e dá uma olhada. Não tem nenhum cuidado especial com as cicatrizes, pode ir embora no mesmo dia da cirurgia, às vezes no dia seguinte. A operação é muito boa, muito rápida, volta rapidamente às atividades, como qualquer cirurgia feita por laparoscopia.

A maior restrição da histerectomia, seja convencional ou por laparoscopia, é que para a mulher voltar a ter atividade sexual com penetração vaginal, ela precisa esperar em média um mês e meio a dois meses para que o fundo da vagina, onde estava o útero, esteja bem cicatrizado. E depois disso ela leva a vida normalmente, sem nunca mais ter os incômodos das dores ou do sangramento.

Como eu falei, essa é uma cirurgia que realizamos muito aqui no Brasil. A gente recebe muitas mulheres de outros lugares, outras cidades e estados e até países que moram fora e faz esse acompanhamento no Brasil. Elas vêm muitas vezes para serem operadas com as equipes aqui em São Paulo, no Hospital Albert Einstein. Somos muito acostumados a lidar com esse perfil de paciente e é uma situação em que a mulher pode ficar por poucos dias aqui, alguns dias além da cirurgia, sendo vista no pós-operatório, e tem condições de voltar com segurança para a cidade de origem.

De um modo geral, no SUS, aqui no Brasil, a cirurgia que ainda é mais amplamente disponível é a cirurgia tradicional. Que também, por mais que seja um pouquinho mais falha a recuperação, ela é razoavelmente simples e com uma boa recuperação. Muito parecido com a recuperação de uma cesárea.

Espero que esse vídeo tenha esclarecido esse assunto. De fato, para algumas mulheres pode ser uma excelente solução. E lembrando aqui também: existem formas mais simples de contornar os problemas do útero, como com o uso de contraceptivos hormonais. Então, a histerectomia geralmente é reservada como último recurso. Mas, se for desejo da mulher, tem uma solução mais definitiva, isso deve ser conversado com o médico. Isso é considerado.

E se você tem outras conhecidas, amigas que sofrem com problemas de sangramentos, dores, problemas menstruais, já estão numa idade que já não têm mais desejo de ter filhos, compartilha esse vídeo também. Pode também ajudá-las!

Forte abraço e até mais!

Fonte: Tirar o útero vale a pena? Como é a cirurgia de histerectomia e quando é recomendada. por Dr. Igor Padovesi