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Exercícios para pessoas com transtorno de pânico | Dra. Anna Luyza Aguiar

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Isso é uma verdade científica que o exercício físico faz bem para o cérebro, faz bem para pacientes de ansiedade, faz bem para pacientes com quadros de depressão, faz bem para quadros cognitivos, inclusive idosos com questões demenciais, e isso nós sabemos. Faz bem para a produção de neurotransmissores, faz bem para a produção de BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro) para as conexões cerebrais.

Mas o raciocínio de “Faça exercício físico” não serve para pacientes com transtorno de pânico de uma forma geral. O vídeo de hoje é para tirar dúvidas sobre isso.

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É bom existem pacientes que sofrem com quadros de transtorno de pânico

E eles ficam com medo de fazer exercício físico porque um dia apresentaram uma crise em pleno exercício. Isso é algo que a gente precisa prestar atenção e orientar muito bem.

Vamos pensar o seguinte: a gente sabe que na crise, um paciente tem um aumento significativo de adrenalina, aumento da frequência cardíaca, da frequência respiratória, toda aquela ativação de hiperventilação que pode acontecer, o medo exacerbado, tudo que eu já falei, inclusive em outros vídeos como nesse aqui de palpitação (que você pode assistir depois desse).

Mas a gente também sabe que no exercício físico isso acontece, há um aumento de adrenalina, da frequência cardíaca, da frequência respiratória, e isso imita uma crise, é por ativação biológica. Um paciente pode ter uma crise em pleno exercício físico por conta tanto da adrenalina aumentada quanto pela produção de lactato (ou ácido lático) que é produzido durante o exercício. São duas formas químicas que a gente pode falar das duas aqui sem detalhes biológicos.

Mas esse lactato ele é detectado na região cerebral, ativa um circuito de alerta de sufocamento que pode gerar hiperventilação. O que é hiperventilação para quem não conhece esse termo? Aquela sensação de que tem que fazer assim, como aumentar a frequência respiratória. São dois fatores importantes que podem biologicamente ativar uma crise de pânico. Além disso, um paciente com quadro de pânico tem o que a gente chamou em outros vídeos de hiperfoco, um aumento de foco sobre as sensações físicas e portanto pode confundir essa alteração biológica do próprio exercício com o início de uma crise e a própria crise ser induzida por isso.

No processo de tratamento de um quadro de pânico, uma das coisas que faz parte do aprendizado é um entendimento do próprio corpo, das sensações, da não reação exacerbada com qualquer alteração que alguém, no início do tratamento, ainda não entendeu. Então se você começou agora o tratamento para pânico e está tendo crises frequentes, não é recomendado que você comece exercício físico de forma vigorosa. Porque o ideal é que você espere uns dois meses de início do tratamento. No vídeo em que eu falei “três dúvidas sobre transtorno de pânico” eu falo de como acontece o tratamento. Você vai ver lá que eu falei que, no início, começa a reduzir a intensidade, depois a frequência das crises. E aí o paciente vai adquirindo mais confiança sobre fazer suas coisas.

Se você já desenvolveu um quadro e já fazia exercício e teve uma eminência de crise, quase teve, o que a gente recomenda é que você não pare de fazer. E aí é o contrário do que eu falei anteriormente: para quem nunca começou e está indo no início do tratamento. Porque se a pessoa já fazia, o ideal é que ela não pare, mas sim diminua a intensidade e o tipo de exercício. Inclusive falar com seu orientador sobre o quadro, porque um cuidado que a gente precisa ter é o não desenvolvimento ou não reforço do desenvolvimento de um comportamento evitativo. Aquele comportamento que é muito comum em pessoas que sofrem com quadro de pânico de evitar fazer coisas que fazia antes, como pegar um trem, sair para o trabalho. Tem gente que chega a não conseguir ir ao mercado ou ir fazer seu exercício. Quanto mais comportamento evitativo a pessoa tem, mais itens começam a ser incluídos e é preciso comportamentos mais graves. E aí é um prejuízo da vida produtiva. Ela vai ter. Então a gente tem que ter muito cuidado nessa questão de fazer ou não fazer exercício e avaliar cada quadro quando tá no início, quando já fazia. Porque esse tipo de comportamento precisa ser avaliado e evitar esse desenvolvimento.

Porque lembra de um vídeo, tem um vídeo aqui no canal em que eu já falei: “vai, correto: a enfrentar a ansiedade”. Vai estar aqui no meu quadro, no alto dessa tela e vai estar para você clicar e assistir depois. Porque tudo aquilo que você resiste, persiste. Então a ideia é a gente fazer aquele enfrentamento, se você não está fazendo exercício físico, vai enfrentar a crise. Tudo é você entendendo esse fluir, entendendo o seu corpo, compreendendo esse processo e fazendo tudo gradativamente. Porque aí tanto você vai melhorando na maneira como você lida com a crise quanto você vai entendendo como que o seu corpo funciona, à medida que ele é estimulado e estimulado tanto em situações que têm medo, risco de dano, quanto em alterações biológicas como um exercício que pode ativar um circuito que imita uma crise, certo?

A recomendação de exercício físico é obviamente para todo mundo, mas nos quadros de pânico, no início do tratamento, ela não é recomendada. Se você não fazia e começou, então espera um tempo, melhora a intensidade e a frequência. Se você já fazia, teve crise e começou a ficar com medo, não deixe de diminuir a intensidade. Converse com seu orientador que vai conhecer muito bem esse circuito. Você pode precisar do tempo de desaceleração. O que é melhor e aí progressivamente esse processo vai melhorando. E você vai ficando muito mais calmo e entendendo como que o seu corpo funciona, certo?

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Fonte: Quem tem transtorno de pânico pode fazer exercício? | Dra Anna Luyza Aguiar por Dra Anna Luyza Aguiar