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Entendendo a vaginose bacteriana: sintomas, tratamentos e prevenção.

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Vaginose Bacteriana: A causa mais comum de corrimento vaginal

Olá, na tarde de hoje aqui na TV Mulher, vou falar sobre a vaginose bacteriana, que é a principal causa de corrimento vaginal, afetando de três a cinco em cada dez mulheres que têm corrimento. A vaginose bacteriana é mais frequente no nosso meio e é importante lembrar que o corrimento vaginal é um sintoma muito frequente e incômodo para as mulheres, independentemente da sua causa.

A vaginose bacteriana é uma infecção na vulva, vagina e parte externa do colo uterino que é ocasionada por um desequilíbrio da flora vaginal. Nesse desequilíbrio, há uma diminuição das bactérias da flora vaginal, como o bacilo de Döderlein e Lactobacillus acidophilus, e um aumento de outras bactérias, como Gardnerella vaginalis, Bacteroides, Micoplasma e Mobiluncus.

A flora vaginal é composta por vários microorganismos que devem estar em perfeito equilíbrio entre si. O principal fator para a manutenção desse equilíbrio é o pH vaginal, ou seja, o nível de acidez da vagina. O pH vaginal normal é de 3,5 a 4,5, o que indica que a vagina normalmente é ácida.

O quadro clínico da vaginose bacteriana é variável, já que metade das mulheres que têm essa condição não apresentam sintomas ou os sintomas são muito discretos. As mulheres sintomáticas podem queixar-se de corrimento homogêneo, bolhoso e acinzentado, com cheiro característico semelhante ao de peixe podre, principalmente após a relação sexual ou após o término da menstruação. Além do corrimento, as mulheres com vaginose bacteriana podem apresentar prurido na vagina ou na vulva, dor durante a relação sexual e sintomas urinários. No entanto, esses sintomas são raros.

Alguns fatores podem predispor à ocorrência da vaginose bacteriana, como mulheres que têm relações homossexuais, aumento na frequência das relações sexuais, uso de duchas vaginais e higiene inadequada com produtos higiênicos utilizados na vagina.

Diagnóstico

Quando nós médicos examinamos uma paciente com vaginose bacteriana, observamos um corrimento com o cheiro característico. Além do exame clínico, alguns testes como o exame de Papanicolau são realizados pelo próprio médico no consultório para auxiliar no diagnóstico. Embora o exame de Papanicolau não seja indicado como teste diagnóstico, ele pode mostrar a presença das coméis, que são células do epitélio vaginal recobertas por bactérias adquiridas, o que sugere a ocorrência de vaginose bacteriana.

Além disso, o pH vaginal é um importante indicador de vaginose bacteriana. Se o pH vaginal estiver acima de 4,5, há suspeita de vaginose bacteriana, pois neste pH, os bacilos de Döderlein e Lactobacillus acidophilus não conseguem sobreviver e ocorre um supercrescimento das bactérias que causam a vaginose bacteriana.

Tratamento

O tratamento da vaginose bacteriana é realizado com antibióticos via oral, acompanhados ou não de antibióticos tópicos na forma de cremes vaginais. É importante ressaltar que durante o tratamento via oral, não se deve consumir bebidas alcoólicas.

O diagnóstico e tratamento corretos da vaginose bacteriana são de extrema importância, pois embora não seja uma doença sexualmente transmissível, ela aumenta o risco para outras infecções do trato genital, como a AIDS, o Papilomavírus e a clamídia. Além disso, na gestante, a vaginose bacteriana pode levar a complicações obstétricas, como parto prematuro, infecção pós-parto e ruptura prematura da bolsa amniótica.

Embora a vaginose bacteriana não seja considerada uma doença sexualmente transmissível, não é rotina tratar o parceiro sexual, a menos que ele apresente sintomatologia ou a presença das bactérias causadoras da vaginose bacteriana. O tratamento do parceiro sexual também pode ser necessário nos casos de recidivas.

É importante destacar que as recidivas pós-tratamento são relativamente frequentes na vaginose bacteriana. Mesmo tratada adequadamente, se não corrigirmos o pH vaginal, estaremos facilitando o meio vaginal para a proliferação dessas bactérias.

Resumindo tudo o que foi dito, a vaginose bacteriana é um corrimento vaginal ocasionado por um desequilíbrio da flora vaginal normal. É importante tratar a vaginose bacteriana, pois ela aumenta o risco para outras infecções e pode levar a complicações obstétricas na gestante. O tratamento é realizado com antibióticos via oral e tópicos na forma de cremes vaginais, acompanhados da correção do pH vaginal.

Espero que tenham gostado do tema abordado hoje e se tiverem dúvidas ou sugestões, podem enviar para o endereço mostrado na tela. Desejo a vocês uma ótima semana e não se esqueçam de cuidar bem do seu corpo, afinal, esse é o maior instrumento que temos. Até a próxima!

Fonte: Vaginose Bacteriana por Marcia Silva