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Entenda o conceito de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

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A Demanda Bioquímica de Oxigênio – Um Parâmetro Importante

Olá pessoal! Nesse vídeo, nós vamos tentar conceituar o que é a Demanda Bioquímica de Oxigênio, ou DBO. Esse parâmetro é importante porque nos dá uma ideia do conteúdo orgânico do influente. Quanto maior o seu valor, mais matéria orgânica ele contém.

A DBO por si só não permite comparar em termos absolutos o conteúdo orgânico de um influente. Outros parâmetros são importantes para a correta interpretação do seu valor, como o Carbono Orgânico Total (TOC) e a análise do teor de nitrogênio em suas diversas formas, como nitratos e nitritos, além da Demanda Química de Oxigênio, conhecida como DQO, entre outras.

Entretanto, a DBO continua a ser o parâmetro mais utilizado, inclusive em estudos de qualidade dos cursos d’água, conforme veremos em outros vídeos dessa série.

Grosso modo, podemos classificar os seres vivos em produtores ou autotróficos e consumidores ou heterotróficos. Os organismos heterotróficos são aqueles que consomem a matéria orgânica produzida pelos autótrofos e a convertem em sua própria matéria e energia. Nível microscópico, no interior da água, também existem organismos autotróficos e heterotróficos. Vamos nos concentrar nos heterotróficos.

Os microrganismos heterotróficos podem ser aeróbios ou anaeróbios. Existem alguns que podem ser as duas coisas, mas não vamos entrar nessa discussão. Os organismos aeróbios utilizam em suas atividades o oxigênio livre presente na água. Os organismos anaeróbios utilizam o oxigênio combinado. Eles são bem menos eficientes que os aeróbios, mas isso não os torna menos importantes, conforme veremos.

Cerca de 20% da atmosfera em que estamos em metros é constituída de oxigênio, ou seja, em cada quilograma de atmosfera existem 200 gramas de oxigênio. Tem oxigênio à vontade. A mesma fartura não ocorre na água. Quando ela está a 20 graus Celsius, a concentração de saturação do oxigênio na água é de apenas 8 miligramas por litro. Um litro de água contém um quilo desse líquido. Um quilo corresponde a um milhão de miligramas. Quer dizer, um milhão de miligramas de água a 20 graus Celsius, saturada de oxigênio, contém apenas 8 miligramas de oxigênio. Isso corresponde à concentração de 8/1 milhão, que é igual a 100.000/0,8, que é igual a 0,00018%. É nada quando comparado aos 20% de oxigênio na atmosfera.

Isso mostra porque a água é tão sensível ao lançamento de resíduos orgânicos em seu interior. Quando lançamos um resíduo orgânico no meio saturado de oxigênio, os microrganismos irão decompor essa matéria. Os aeróbios têm preferência, por que são mais eficientes. O oxigênio vai sendo utilizado pelos microrganismos até zerá-lo na água, e aí acabou a vida. Bom, claro que não acabou a vida boa para os microrganismos aeróbios. E entram em ação os organismos anaeróbios.

Não se esqueça que os organismos aeróbios são eficientes, degradam rapidamente a matéria orgânica, mas se a quantidade de oxigênio foi limitada, eles só vão até certo ponto, que é quando o oxigênio acaba. Aí entram em ação os anaeróbios. Eles são menos eficientes, levam muito mais tempo para decompor a matéria orgânica. Quer dizer, a decomposição da matéria orgânica na água poderá ocorrer de duas formas, dependendo da quantidade de matéria orgânica. Poderá ser totalmente aeróbia, quando o oxigênio não acaba, ou poderá ser anaeróbia no início, até que o oxigênio acabe, passando depois para uma fase anaeróbia.

Depois que o oxigênio acaba, os microorganismos produzem gás carbônico em sua atividade de decomposição, que não tem cheiro ofensivo. Os aeróbios produzem, além do gás carbônico, metano e outros, menos populares, como gás sulfídrico e mercaptanas, que têm cheiro de coisa podre.

Assim sendo, quando formos lançar algum resíduo orgânico na água, é bom nos certificarmos que seu teor não será capaz de acabar com o oxigênio da água. Na verdade, é bom que ele não fique menor que 5 miligramas por litro, ou no mínimo 4 miligramas por litro.

Teremos um porquê desses limites e como nos assegurarmos disso em outros vídeos. Essa é a demanda dos microorganismos por oxigênio para estabilizar a matéria orgânica que constitui a denominada Demanda Bioquímica de Oxigênio, ou DBO. Conceptualmente, é fácil de entender. Lá, pegamos diversos frascos contendo um litro do resíduo, saturamos todas as amostras com oxigênio, tampamos os frascos e todos os dias pegamos um dos frascos e medimos quanto ainda tem de oxigênio dentro de cada um. Anotamos os valores encontrados e aí é só traçar a curva da DBO versus tempo. Mas isso, se a quantidade de matéria orgânica no frasco for tão grande que zere logo o oxigênio, vamos ter que diluir a amostra e fazer tudo de novo.

Essa é a forma usual de apresentar a curva da variação da DBO com o tempo. Na realidade, decorrido um certo tempo, a curva da DBO sofre um acréscimo repentino. Dizemos que, de início, são estabilizados prioritariamente os carboidratos. Temos nessa fase a denominada DBO inicial, primeiro estágio. Em seguida, passam a ser estabilizados os compostos que contêm nitrogênio. Dizemos que ocorre a DBO final, segundo estágio.

Os procedimentos exatos para determinação da DBO são padronizados e constam no livro “Tratamento de Esgotos Domésticos e Industriais”, de José Roberto Rodrigues e Marcelo Libânio, que é atualizado periodicamente. Atualmente, ele está em sua 23ª edição. Todo laboratório de análise de água e esgoto tem um exemplar dele.

A análise que se faz é a de DBO há cinco dias, a 20 graus Celsius. Porque essa história mais comprida será contada depois. Vamos ficar por aqui. Novas explicações serão apresentadas em nossos próximos vídeos. Gostou? Se gostou, não se esqueça de curtir, comentar e compartilhar. Muito obrigado!

Fonte: Demanda bioquímica de oxigênio (DBO): o que é? por Bloom Consultoria