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Efeitos de não realizar a cirurgia do LCA (ligamento cruzado anterior).

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Romper o Ligamento Cruzado Anterior: O que Pode Acontecer?

Olá pessoal! Bom dia, boa tarde e boa noite. Sou o Dr. Adriano Leonardi, médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho e também médico do Sport Club Internacional. O objetivo desse vídeo de hoje é responder uma pergunta que eu recebo com bastante frequência no meu e-mail: se eu rompi o ligamento cruzado anterior e não operar, o que pode acontecer comigo?

Antes de responder essa pergunta, acho muito importante relembrar alguns conceitos do ligamento cruzado anterior. Ele tem três funções básicas:

  • EStabilização ântero-posterior: ele não deixa a tíbia anteriorizar, ou seja, não deixa a tíbia correr para frente, e também não deixa a tíbia rodar para dentro;
  • Estabilização rotatória: quando o ligamento é estirado, ele causa um arco reflexo medular que faz com que toda a musculatura tanto anterior quanto posterior sejam ativadas, protegendo o joelho;
  • Estabilidade na extensão: quando o joelho está dobrado e esticando, o ligamento ajuda a rotacionar externamente.

Quanto à indicação da cirurgia, ela está ligada à ruptura completa do ligamento e à associação ou não a outros ligamentos, além do nível de atividade física do paciente. Em geral, indicamos a cirurgia em pacientes jovens, de 20 e poucos anos, que acabaram de romper o ligamento. Porém, ao operar, sabemos que ele terá algumas consequências a longo prazo, que mencionarei a seguir.

Consequências de não operar a ruptura do ligamento cruzado anterior:

  1. Sensação de falseio: quando o ligamento está rompido, o paciente pode sentir uma sensação de falseio, que ocorre quando a tíbia anterioriza e roda para dentro. Isso geralmente acontece em ângulos pequenos de flexão do joelho, como de 0 a 30 graus;
  2. Artrose: a ruptura do ligamento pode levar ao desgaste da cartilagem do joelho. A falta de estabilidade e rotação externa em relação ao fêmur pode fazer com que a cartilagem comece a se desgastar;
  3. Danos secundários aos meniscos: devido à falta de estabilidade do joelho, principalmente na parte posterior, os meniscos podem romper, causando alça de balde ou ruptura horizontal;
  4. Bloqueio articular: em alguns casos, a cicatrização do ligamento ocorre no túnel intercondilar, bloqueando parcialmente o joelho e limitando o movimento;
  5. Inflamação e formação de cicatrizes: algumas pessoas têm uma reação inflamatória mais intensa, o que pode levar à formação de cicatrizes na região superior do joelho e dificultar a flexão do mesmo;
  6. Atrofia muscular: a pessoa pode experimentar uma atrofia na musculatura da coxa, mesmo que frequente a academia regularmente. Isso ocorre porque o ligamento também possui uma função proprioceptiva, que quando rompido, resulta na inibição da musculatura;
  7. Desequilíbrio muscular: como resultado da instabilidade do ligamento, a musculatura posterior (isquiotibiais) trabalha mais para estabilizar o joelho, o que pode levar à tendinite posterior do joelho e gerar um desequilíbrio entre a musculatura anterior e posterior;
  8. Modificação do estilo de vida: a pior consequência de não operar o ligamento cruzado anterior é a mudança no estilo de vida da pessoa. Dificuldade em praticar esportes, medo, dores e limitações podem impedir a retomada das atividades físicas que a pessoa praticava antes do rompimento do ligamento.

Existem estudos que falam sobre o tratamento não cirúrgico da lesão do ligamento cruzado anterior, mas é importante ressaltar que é muito raro encontrar casos em que a pessoa não precisou modificar o estilo de vida. Em geral, é necessário adaptar a prática esportiva, buscando atividades de menor impacto.

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Fonte: LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR: O que acontece se não operar? por Dr. Adriano Leonardi