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Doença de Lyme: O que é e como tratar o Lyme crônico ou tardio.

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Agradecimento

Oi pessoal, tudo bem? Eu estou gravando esse vídeo para agradecer o carinho que todos têm demonstrado, seja por mensagem, no desapego, seja ligando para mim, seja um comentário no Instagram, no Face, com compartilhar com vocês no Facebook. Eu tenho a doença de Lyme.

Algumas pessoas até me perguntaram como pronuncia, se pronuncia “lime”, é priorizar. Algumas pessoas me perguntaram, não, ela não é contagiosa, não tenho como passar para ninguém que estiver perto de mim e não é todo carrapato. Então, se você tem o seu bichinho e você anda muito em fazenda e tudo mais, pode ser que você seja picado por um carrapato e contraia a doença de Lyme, mas não necessariamente.

Existem vários médicos que dizem que não existe Lyme no Brasil, eu conheço várias pessoas que contraíram Lyme e nunca saíram do país, inclusive fizeram um exame de sangue que deu positivo e todo mundo que foi picado por um carrapato tem doença de Lyme e vai desenvolver as dele. Não é um carrapato específico.

Na reportagem, a bactéria que ele libera quando ele pega você é a borréria, mas não é só a borréria, ele vai liberar várias outras bactérias e chamam essa doença de o grande limitador, porque ela vai simular várias coisas. Por isso, o diagnóstico dele é muito difícil. Você tem uma noção, meu primeiro diagnóstico foi de leucemia, de tanto que bagunça os seus exames de sangue.

Aí eu procurei outra opinião médica e, graças a Deus, não era, seria mais grave. O que me preocupa mais foi um derrame que eu tive na colômbia em agosto do ano passado. Eu fiquei três dias sem conseguir andar direito. E, graças a Deus, acho que estava sendo acompanhado por um médico e fiz uma ressonância. Nesta ressonância acusou edemas, acusou derrame e acusou uma artrose, que facilitaria a trombose. Sempre enquadrada dentro de uma doença auto-imune. Eu fiz exame para todas as doenças autoimunes e deu negativo. Teoricamente, comigo, é degenerativo, ou seja, não tem mais o que possa ser feito. Eu tenho uma coluna de uma mulher de 50 anos, eu tenho 29. O médico falou pra mim: “Vamos fazer de tudo para você chegar aos 50 com esta coluna.” E eu não tenho mais como fazer nada para que minha coluna volte aos 29 anos. Não tem mais.

E porque é isso? Aí quando os médicos começam a investigar, nenhum laudo fecha, nenhum exame fecha. E aí foi quando eu comecei a conhecer algumas pessoas que tinham Lyme e comecei a ler algumas coisas a respeito do Lyme crônico. No início eu vou te falar que eu fiquei apavorada, eu não aceitei aquele diagnóstico. Pra mim, eu não aceitei.

Mas eu comecei a piorar e quando eu comecei a piorar, eu falei: “Eu tenho que fazer alguma coisa. Porque eu vi que aquilo não estava sobre controle, não era mais uma questão de deixar para lá que nada ia acontecer. E se amanhã, conseguisse andar? E se eu perdesse os movimentos?” E não é… Tantas coisas… Tiveram vários dias em que eu perdi a força nos braços, em que eu esqueci totalmente as coisas e tudo mais. É bem desesperador, deixa a gente bem apavorado.

No meu corpo não responde mais, nem eu. Não tenho domínio sobre ele. Eu estou no meio de um segundo tratamento, que é um tratamento bem mais agressivo. São 28 dias de antibiótico intravenoso. Todos os dias eu tenho aqui na clínica. Fico aqui por 40 minutos tomando antibiótico intravenoso. Isso porque a bactéria não se esconde, muito provavelmente, da medula. Ela fica ali quietinha. Ela parece muito com a doença auto-imune. Então, qualquer queda de imunidade que eu tenho, ela pode se manifestar.

No meu caso, eu contraí doença de Lyme nos Estados Unidos. Eu não sei precisar o ano, mas muito provavelmente tenha sido em 2013. Uma das médicas que me acompanha acha que eu tinha antes, inclusive, embolia pulmonar que eu tive em 2003 pode ter sido consequência da picada do carrapato. Infelizmente, é assim.

Tem dia que eu também que digo que vou lá, saiu para correr, faço as minhas coisas, como qualquer outra pessoa. E tem dia que realmente eu tenho que reconhecer o limite do meu corpo. Tenho que reconhecer que a doença fez comigo. Até agora e para. E às vezes é frustrante para a gente, né? Eu conversei recentemente com algumas pessoas que sabe aqueles atletas, assim, que se preparam pra caramba, sabe? Aquela pessoa que estuda muito para concurso, aquela pessoa que estuda muito para uma prova e quando chega na hora, dá tudo errado. Nossa, é horrível. É muito frustrante. A doença dela, ela me expõe dessa forma, porque por mais que eu treine, por mais que eu coma, por mais que eu vá sair com amigos à noite, por mais que eu ouça música, minha família, por mais que eu tenha planos de férias, por mais que eu… Várias coisas. Eu não tenho medo do meu corpo.

Então, tá na hora pra outra. Meu corpo vai parar. Eu estou com 40 graus de febre. E de uma hora pra outra, eu posso sentir uma dor muito absurda. De uma hora pra outra, milhões de coisas podem acontecer. E com micose. Nessas horas, é um estresse ou até mesmo a atividade física ao redor. Eu sinto que minha imunidade já baixou. Porque nem a dor de cabeça, a dor de febre já é um indicativo de que a imunidade está legal. Existe uma chance muito grande de que piore. Eu não vou pagar pra ver, né?

Então, assim, como uma terapia, uma terapia. Mas eu não sou uma atleta. Eu sou uma pessoa muito mais gosta de corridas. Uma pessoa que descobriu, na corrida, uma terapia. É a melhor forma para mim. Quando eu corro, gente, todas as vezes me dá vontade de chorar. Porque eu penso assim, caramba, podia estar em casa. Podia ter privada. Essa doença não vai me ganhar. Essa doença não vai tirar minha vida. E me interessa não. Faço cinco quilômetros em 40 minutos, em 35 minutos, uma hora. Para mim, é uma vitória.

Eu faço tudo com acompanhamento médico. Inclusive, uma forma de terapia e atividade física é extremamente recomendado para quem tem doença de Lyme. Na verdade, para quem está doente de uma forma geral. Mas a grande dificuldade é você com dor, com febre e com complicações, né? Porque a Lyme consome sua massa magra de uma forma muito agressiva. Você perde força muscular e eles têm muita dificuldade de tonificação e digamos assim, de malhar e ganhar força muscular. Mas os médicos recomendam muito que a gente faça uma atividade. Eu descobri a corrida de rua. No meio disso, eu descobri que não corro rápido, não aguento fazer vários exames e eu acho que eu estaria muito pior se não estivesse correndo, se não estivesse fazendo uma atividade. É uma terapia mesmo.

Eu não sou uma atleta, eu sou uma pessoa muito gosta de corridas. Uma pessoa que descobriu, na corrida, uma terapia. É a melhor forma para mim. Quando eu corro, gente, todas as vezes me dá vontade de chorar. Porque eu penso assim, caramba, podia estar em casa. Podia ter privada. Essa doença não vai me ganhar. Essa doença não vai tirar minha vida. E me interessa não. Faço cinco quilômetros em 40 minutos, em 35 minutos, uma hora. Para mim, é uma vitória.

E é isso. Obrigada por ter assistido esse vídeo. Se você quiser compartilhar, beijo!

Fonte: Beatriz Burgos – Doença de Lyme / Lyme crônico ou tardio por Beatriz Burgos