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Diferenças entre pericardite constritiva e cardiomiopatia restritiva

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Bom dia a todos!

Na aula de hoje, nós vamos abordar aspectos importantes na diferenciação entre pericardite constritiva e cardiomiopatia restritiva utilizando a ecocardiografia. Vamos observar no slide a seguir como é possível diferenciar a pericardite constritiva da miocardiopatia restritiva através dos padrões de fluxo pelo Doppler mitral, pelo Doppler tecidual e pelo Doppler de veia pulmonar.

Ao estudarmos uma veia pulmonar de um paciente com pericardite constritiva, encontramos uma relação sístole/diástole em torno de 2. Porém, nos pacientes com miocardiopatia restritiva, essa relação se encontra abaixo de 1/2. Além disso, ao analisarmos o Doppler tecidual do anel mitral e do anel lateral, encontramos uma onda S miocárdica normal, ou seja, a velocidade da onda é igual ou maior que 8 centímetros por segundo, assim como a velocidade da onda E diastólica com valores acima de 18 cm/s no anel mitral e 12 cm/s no anel lateral. Porém, na cardiomiopatia restritiva, devido à queda da função sistólica, a onda S diastólica terá valores menores que 8 cm/s e a onda E diastólica inicial (É) terá valores abaixo de 8 cm/s.

É importante destacar que ao analisarmos o Doppler mitral também podemos diferenciar a pericardite constritiva da miocardiopatia restritiva. Na pericardite constritiva, observamos uma curva de fluxo bastante aguda, com um tempo de desaceleração bem diminuído (geralmente valores menores que 140 ms). Já na miocardiopatia restritiva, tanto a onda E quanto a onda A apresentam um aumento do tempo de desaceleração. Além disso, na avaliação do tamanho da cavidade atrial esquerda, na avaliação da complacência do ventrículo esquerdo, na avaliação da dosagem sérica do BNP, na identificação de movimentos atípicos do septo interventricular e na avaliação da velocidade de propagação do fluxo mitral é que realmente conseguiremos diferenciar essas duas entidades clínicas.

Observe que o enchimento diastólico da cavidade ventricular, tanto na pericardite constritiva quanto na miocardiopatia restritiva, apresentam uma restrição ao enchimento em relação à função sistólica. Na pericardite constritiva, a função ventricular é normal, enquanto nas fases iniciais da miocardiopatia restritiva, também lembrando que pacientes em fases mais evolutivas de miocardiopatia restritiva terão disfunção do ventrículo esquerdo do ponto de vista diastólico.

Na pericardite constritiva, observamos um pequeno aumento da câmara atrial esquerda em relação à complacência do ventrículo esquerdo. Porém, na miocardiopatia restritiva, há um importante aumento da cavidade atrial esquerda em relação à complacência do ventrículo esquerdo. Além disso, ao utilizarmos o BNP de um paciente com pericardite constritiva, observamos valores normais, enquanto nos pacientes com miocardiopatia restritiva, os valores de BNP são aumentados. Também podemos observar alterações na movimentação do septo interventricular na pericardite constritiva, onde o movimento do septo irá causar o chamado “pulso paradoxal”, ou seja, o septo é direcionado para o lado esquerdo, diminuindo a cavidade ventricular esquerda e, consequentemente, o débito cardíaco. Além disso, ao fazer a manobra de inspiração profunda nesses pacientes, será identificada uma queda da pressão arterial e, mais importante, uma diminuição da velocidade do fluxo mitral.

Ao estudarmos a propagação do fluxo mitral através do modo M colorido, identificamos velocidades patológicas na miocardiopatia restritiva, enquanto na pericardite constritiva, os valores estão dentro da normalidade. Mas observe a importância do Doppler tecidual na avaliação da diferenciação entre pericardite constritiva e miocardiopatia restritiva. Ao estudarmos o anel mitral, identificamos uma onda E maior do que 8 cm/s na pericardite constritiva e na miocardiopatia restritiva, valores abaixo de 8 cm/s. Ao estudarmos a relação E/Linha, que é uma variável de grande importância na avaliação e inferência da pressão do átrio esquerdo e da pressão capilar pulmonar, na pericardite constritiva, temos valores dessa relação abaixo de 10, enquanto na miocardiopatia restritiva, essa relação se encontra acima de 10. Porém, existe uma diferenciação entre a velocidade da onda E miocárdica do anel lateral e do anel mitral. A partir do momento em que temos um quadro de pericardite constritiva, a onda E do anel lateral terá valores menores do que a onda E do anel mitral septal. Porém, na miocardiopatia restritiva, essa onda E do anel lateral terá valores maiores do que a onda E do anel mitral septal.

Ao estudarmos o espectro do ventrículo esquerdo, observamos taxas importantes de redução dos treinos emitrais globais nos quadros de cardiomiopatia restritiva. No entanto, na pericardite constritiva, temos taxas de formação do septo e taxas de formação globais dentro dos limites da normalidade.

Então, todos podemos observar a facilidade que temos em diferenciar um quadro de pericardite constritiva de uma miocardiopatia restritiva utilizando a ferramenta do ecocardiograma. Teremos diferenças no modo M, teremos diferenças no Doppler e principalmente no Doppler tecidual. Grande abraço a todos!

Fonte: PERICARDITE CONSTRICTIVA X CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA por Ronaldo Rodrigues