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Diarreia aguda: fisiopatologia, sintomas e tratamento na clínica médica

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Diarreia Aguda

A diarreia aguda é caracterizada pelo aumento do número de evacuações, sendo três vezes mais do que o habitual do paciente. Além disso, há alteração na escala de Bristol, com fezes de consistência líquida (grau 5 a 7), e aumento de volume e peso, com um acréscimo de 250 gramas em 24 horas. O tempo de duração da diarreia aguda é menor que 14 dias, enquanto a diarreia persistente dura entre 14 e 30 dias. Já a diarreia crônica tem duração maior que 30 dias.

Tipos de Diarreia

Quanto à topografia, podemos classificar a diarreia em alta e baixa. A diarreia alta compromete o intestino delgado, apresentando grande volume de fezes e menor frequência, além de restos alimentares visíveis. Já a diarreia baixa afeta o reto e o intestino grosso, apresentando menor volume de fezes, porém com maior frequência e tenesmo.

Fisiopatologia da Diarreia

A diarreia pode ser classificada de acordo com sua fisiopatologia. A diarreia osmótica ocorre devido ao acúmulo de solutos osmoticamente ativos, resultando em um aumento do gap osmolar fecal. Esse tipo de diarreia pode ocorrer devido à má absorção de carboidratos pouco absorvíveis, como a lactulose e o sorbitol, ou ao abuso de laxativos. Já a diarreia secretória ocorre devido a um distúrbio no transporte hidroeletrolítico e de íons no intestino, resultando em um aumento na secreção de água. Um exemplo desse tipo de diarreia é a causada pela cólera, em que há um distúrbio no transporte de íons pelo epitélio intestinal. Por fim, a diarreia inflamatória é causada por uma alteração inflamatória, levando à produção de muco e sangue nas fezes. Essa diarreia pode estar associada a doenças como doença de Crohn, retocolite ulcerativa, entre outras.

Causas de Diarreia

A diarreia aguda é predominantemente causada por infecções virais, sendo o norovírus o principal agente causador nesses casos. As infecções bacterianas, parasitárias e helmínticas também podem causar diarreia aguda. Além disso, o uso recente de antibióticos, a ingestão de alimentos deteriorados, a constipação fecal, a inflamação pélvica e a isquemia intestinal podem estar associados ao desenvolvimento de diarreia. Entre os patógenos mais comuns encontrados na diarreia aguda estão: norovírus, rotavírus, adenovírus, Salmonella, Shigella, Campylobacter, Clostridium difficile, Giardia, Entamoeba e outros protozoários e helmintos.

Fatores de Risco e Transmissão da Diarreia Aguda

Os fatores de risco para o desenvolvimento de diarreia aguda incluem o consumo de alimentos e água contaminados, contato com pessoas infectadas, hospitais, creches e asilos. A transmissão ocorre principalmente pela via fecal-oral, sendo o contato com as fezes a principal forma de contágio. Além disso, a diarreia pode ser transmitida através do contato sexual e pela ingestão de alimentos contaminados por toxinas produzidas por bactérias como o Staphylococcus aureus.

Diagnóstico da Diarreia Aguda

O diagnóstico da diarreia aguda é essencialmente clínico, baseado na história clínica e nos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Geralmente, não são necessários exames laboratoriais, a não ser que haja complicações graves, como presença de sangue nas fezes, duração prolongada dos sintomas ou suspeita de infecção em pacientes imunossuprimidos. Nesses casos, pode-se realizar exames de fezes, como cultura, pesquisa de antígenos ou PCR. A colonoscopia não é indicada na maioria dos casos de diarreia aguda, pois pode aumentar o risco de perfuração e piorar os sintomas.

Tratamento da Diarreia Aguda

O tratamento da diarreia aguda é multifatorial e visa principalmente a hidratação e correção dos distúrbios eletrolíticos. Além disso, é importante controlar os sintomas, como náuseas e vômitos. Em casos graves, com febre, evacuações sanguinolentas ou sinais de toxemia, pode ser necessário o uso de antibióticos. A terapia empírica mais comumente utilizada inclui o uso de fluoroquinolonas, como o levofloxacino ou ciprofloxacino. Também pode ser indicado o uso de probióticos para restaurar a microbiota intestinal. O uso de antidiarreicos deve ser feito com cautela, pois pode causar constipação pós-diarréia. Em casos graves ou recorrentes, pode ser necessária a administração de vacinas específicas para prevenir a infecção por certos patógenos, como o rotavírus.

Fonte: DIARREIA AGUDA – CLÍNICA MÉDICA – fisiopatologia, quadro clinico, tratamento por Canal NEXUS Medicina com Marcela