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Comparação de risco de incontinência urinária entre parto normal e cesariana

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Artigos Científicos – Cesariana ou Parto Vaginal

Olá, meu nome é João Antônio, sou médico urologista e este é mais um vídeo da série “Artigos que Bombaram no Meio Científico”. O tema de hoje é: Cesariana ou Parto Vaginal – Qual a Melhor Via de Parto para Evitar ou Prevenir Incontinência Urinária de Esforço no Pós-parto?

Uma publicação recente de julho de 2018 na revista oficial do Colégio de Ginecologia e Obstetrícia do Reino Unido, o jornal “Britânico de Ginecologia e Obstetrícia”, procurou elucidar essa questão. Foi realizado um estudo multicêntrico que comparou as taxas de incontinência urinária de esforço após dois anos de parto cesariano versus parto vaginal em mulheres com gravidez gemelar.

O estudo foi conduzido por colegas da área de ginecologia, obstetrícia e pediatria de várias universidades do Canadá. Na verdade, este estudo é um desdobramento de uma pesquisa maior e famosa que foi publicada em 2013 no “New England” e avaliou o chamado “Twin Birth Study”, que é um estudo de dois partos em gestações gemelares.

Esse estudo de 2013 foi prospectivo, randomizado e multicêntrico, envolvendo mais de duas mil gestantes. Foram avaliadas gestantes entre 32 semanas e 38 semanas e 6 dias de gestação com gravidez gemelar e apresentação cefálica dos fetos. Para esta pesquisa, foram analisadas as mulheres que haviam optado por um parto programado cesariana e as que haviam optado por um parto programado vaginal. Foram comparadas as taxas de complicações neonatais, morbidade e mortalidade neonatal.

Os resultados mostraram que não houve diferença significativa nessas taxas, independente do tipo de parto adotado em mulheres com gravidez gemelar. As taxas de complicações neonatais foram as mesmas, seja no parto vaginal ou cesariana.

O grupo de pesquisa então decidiu seguir com o estudo por mais dois anos para analisar o comportamento das taxas de incontinência urinária de esforço ao longo da gestação em mulheres que haviam participado do estudo inicial. Essas mulheres foram encorajadas a realizar fisioterapia do assoalho pélvico durante a gestação, pois evidências científicas comprovam que essa prática pode ajudar na prevenção da incontinência de esforço durante a gestação.

Vale destacar que a última revisão Cochrane, realizada em 2017, foi bastante taxativa ao afirmar que a fisioterapia pélvica realizada por um profissional especializado traz benefícios comprovados na prevenção da incontinência de esforço durante a gestação.

Entre as grávidas do estudo, a fisioterapia do assoalho pélvico foi recomendada e a maioria delas seguiu essa recomendação. Essas mulheres foram então acompanhadas e analisadas as taxas de incontinência urinária de esforço ao longo dos dois anos pós-parto gemelar.

No braço de mulheres submetidas à cesariana, foram analisadas mais de mil pacientes. Já no braço que fez parte do parto vaginal, foram analisadas cerca de 700 pacientes.

Os resultados encontrados foram os seguintes: no grupo de mulheres que não apresentava incontinência urinária de esforço antes da gravidez, 95% delas mantiveram-se sem incontinência após o parto. Por outro lado, 12% das mulheres que tiveram parto vaginal desenvolveram incontinência urinária de esforço, em comparação com 7% das mulheres que optaram pela cesariana.

Portanto, de acordo com este estudo, as taxas de incontinência urinária de esforço em mulheres com gravidez gemelar, considerando todas as variáveis analisadas, são quase o dobro nas mulheres que optam pelo parto vaginal em relação ao parto cesáreo.

Entretanto, quando analisado o questionário de qualidade de vida, não houve diferença entre os dois grupos. Ou seja, as mulheres que apresentaram incontinência urinária de esforço no pós-parto vaginal tiveram a mesma alteração na qualidade de vida do que as mulheres que optaram pela cesariana.

Portanto, podemos concluir que o parto vaginal está mais associado à incontinência de esforço do que a cesariana em mulheres com gravidez gemelar. No entanto, a severidade dessa incontinência é a mesma, independentemente do tipo de parto adotado.

Outra conclusão importante é que, nas mulheres que já apresentavam incontinência urinária de esforço antes da gestação, cerca de 30% delas tiveram uma piora no quadro de incontinência após a gravidez gemelar, sem diferença significativa entre o parto vaginal e cesáreo.

Portanto, estudos mostram que a pré-existência de incontinência de esforço é um fator de risco para o agravamento dessa condição no pós-parto.

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Um abraço e até a próxima!

Fonte: Risco de Incontinência Urinária – Parto Normal X Cesariana por Logica Urologica