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Como reduzir o risco de morte relacionado à epilepsia: dicas para evitar SUDEP, status epilepticus, suicídio e acidentes. #epilepsia #saúdedeepilepsia

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Olá a todos, mais uma vez! Meu nome é Elisabete Castelon Konkiewitz, sou médica neurologista psiquiatra e professora da Universidade Federal da Grande Dourados. Este vídeo é para falar sobre um assunto delicado, que é o risco de morte em pessoas com epilepsia. Sabemos que a epilepsia está associada a um risco maior de morte, mas não é que ela aumenta terrivelmente. É um risco que se torna, em média, três vezes maior. É importante ressaltar que a epilepsia é um termo bastante genérico, que engloba pessoas que têm doenças cerebrais gravíssimas, malformações congênitas, erros inatos do metabolismo, doenças genéticas, e até mesmo pessoas que têm epilepsia idiopática, ou seja, de causa desconhecida, com exames como ressonância magnética nuclear normal e eletroencefalograma entre as crises também normal. Não podemos colocar esses dois grupos em uma mesma panela, como se fossem iguais.

É claro que as pessoas que têm crises idiopáticas com ressonância normal e eletro normal, e que têm um bom controle das crises, vão ter um risco muito baixo. Então, estou falando de forma genérica, mas pedindo para que se considere a situação de cada um. Vou destacar aqui algumas causas de morte que têm relação com epilepsia.

Primeiro, vamos falar dos traumas. Pode ocorrer um trauma por um acidente, como cair de uma altura, por exemplo. É preciso evitar alturas. Também pode ocorrer um traumatismo craniano ou cervical. Queimaduras também são possíveis, mexendo com fogo, por exemplo. Afogamento também é uma causa de risco. Acidentes de trânsito, inclusive com máquinas elétricas ou cortantes, também são fatores de risco. A melhor forma de prevenir isso é tentar controlar as crises ao máximo, usando a medicação adequada na dose adequada, e evitar todas essas situações de risco.

Outro risco é o suicídio. Estudos apontam que o risco de suicídio em pessoas com epilepsia pode ser até cinco vezes maior. Pessoas com epilepsia mesial temporal têm um risco de suicídio de até 25 vezes maior. No entanto, outros estudos não confirmam isso. O que sabemos é que a tendência é de o risco ser maior, sim. A maioria dos estudos confirma que existe um risco maior. O fator principal para o risco ser maior é a pessoa ter uma doença psiquiátrica concomitante, como depressão ou ansiedade. Isso precisa ser abordado, diagnosticado e tratado. Pessoas com epilepsia que têm dependência de álcool também possuem um risco maior de suicídio. A melhor forma de prevenir o suicídio é conhecer a pessoa, conversar com ela, ter um médico que entenda e trate isso. Se o médico não pensou nisso, alguém da família precisa pensar e levar a pessoa a outro médico. Alguém precisa tratar essa pessoa.

Outro risco de morte associado à epilepsia são os estados epilépticos. Os estados epilépticos são crises prolongadas, que podem acontecer quando a pessoa para subitamente o tratamento da epilepsia. É importante definir os estados epilépticos como uma crise que dura mais de 30 minutos ou várias crises consecutivas sem a recuperação completa da consciência. Na prática, quando uma crise dura mais de cinco minutos, é preciso fazer alguma coisa. Não se pode ficar assistindo passivamente, pois existe um risco alto de evoluir para o estado epiléptico. É uma emergência médica que muitas vezes requer cuidados em unidades de terapia intensiva. A pessoa pode morrer por diversos motivos, como insuficiência respiratória, arritmia, hipertermia, desidratação, entre outros. A melhor forma de prevenir isso é tomar a medicação adequada, evitar o uso de álcool, evitar fatores estressantes e a abstinência do sono.

Outra forma de morte que é enigmática e difícil de tratar é a chamada SUDEP (Sudden Unexpected Death in Epilepsy). A SUDEP é a morte súbita e inesperada do paciente com epilepsia, que não é causada por trauma, estados epilépticos, intoxicação ou envenenamento, ou por alguma outra doença que ele tenha. Acredita-se que possa ser devido a uma alteração respiratória, por uma depressão do centro respiratório do sistema nervoso central após uma crise. Alguns fatores de risco para a SUDEP são crises tônico-clônicas generalizadas e crises noturnas. É mais frequente em pessoas que têm crises não controladas, frequentes, do tipo tônico-clônica e noturnas. A melhor forma de prevenir seria tratar as crises para que elas realmente não aconteçam, já que uma das hipóteses é que a morte aconteça por uma depressão respiratória após a crise. Outra coisa que pode ser feita é ter alguém que durma com a pessoa no mesmo quarto, mesmo que isso seja difícil de organizar para algumas pessoas.

Resumindo, é importante tratar as crises, procurando controlá-las ao máximo e buscando a remissão, a meta é prevenir a mortalidade associada à epilepsia. Além disso, é fundamental tratar doenças psiquiátricas, como depressão, ansiedade, dependência e abuso de substâncias, pois são fatores de risco para suicídio. É importante conhecer a pessoa, conversar com ela e buscar um médico que possa diagnosticar e tratar essas questões. Se o médico não pensar nisso, alguém da família deve pensar e levar a pessoa a outro médico. É necessário tratar essas doenças. Essas são as melhores formas de prevenir a mortalidade associada à epilepsia.

Obrigado!

Fonte: Risco de morte associada à epilepsia: SUDEP, status epilepticus, suicídio, acidentes #epilepsia por Neuropsiquiatria-Neurologia-Psiquiatria