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Como melhorar a amplitude de dorsiflexão do tornozelo: exercícios e dicas

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Olá pessoal, tudo bem? Nesse vídeo de hoje, na verdade, eu vou iniciar jogando uma pergunta para vocês, principalmente para você que é fisioterapeuta. Durante a avaliação dos seus pacientes, você costuma avaliar o ângulo de dorsiflexão do tornozelo? Caso você não avalie, principalmente daqueles que apresentam lesões de membros inferiores, caso você não tem o hábito de avaliar o ângulo de dorsiflexão de todos eles, nesse vídeo eu vou mostrar qual a importância de avaliar e qual que é a repercussão que esta limitação vai gerar, não só no pé, mas também no joelho e no quadril.

O quê que pode gerar uma limitação da dorsiflexão nos nossos pacientes? O primeiro e mais comum são as entorses. A entorse de tornozelo ela gera toda uma restrição aumentada articular, então devido a essa limitação a tíbia começa a ter uma restrição de movimento sobre o tálus, consequentemente a capacidade de dorsiflexão desse paciente vai diminuir. Outros fatores podem ser também um encurtamento de gastrocnêmios, Fóliart também vai gerar uma perda da dorsiflexão, uma limitação desse movimento.

E o quê que isso gera de repercussão para o nosso corpo, nosso membro inferior? A partir do momento que eu tenho uma limitação do movimento de dorsiflexão, outras articulações terão que compensar essa perda. A dorsiflexão ela é realizada no plano sagital, é um movimento de dorsiflexão no plano sagital. Se no plano sagital eu tenho uma limitação desse movimento, os outros planos serão compensados pelas outras articulações. Então o joelho, no plano frontal, ele vai ter uma tendência a valgo e rotação interna. O quadril, a mesma coisa, a uma adução e uma rotação interna do quadril. Então esse paciente, devido à uma limitação da dorsiflexão, começa a apresentar um valgo dinâmico do joelho e uma adução e rotação interna do quadril.

Isso daí foi associado a diversas lesões em diversos estudos publicados. Muitos deles associam a limitação da dorsiflexão com diversas lesões de membros inferiores, como por exemplo, síndrome da banda iliotibial, condromalácia patelar, tendinopatia patelar, tendinopatia de calcâneo, fascite plantar, fratura por estresse no metatarso, tibia e até mesmo aumento do risco de lesão do ligamento cruzado anterior, tudo isso associado à limitação da dorsiflexão.

Através de toda essa cadeia regional que eu acabei de falar, tem um artigo que foi publicado em 2015 interessante que, nesse artigo, eles realizaram o teste de step down. Se você não conhece step down, dá um google lá, procura step down, é um teste bem simples e um teste muito bom para fazer no consultório no nosso dia a dia. Através dele, a gente consegue analisar diversas alterações, tanto da limitação da dorsiflexão quanto ao valgo dinâmico do joelho, ao desnivelamento do quadril. Então, dá um google lá, é o step down, é um teste muito bom para se fazer no nosso dia a dia. E nele, a gente consegue analisar o ângulo de dorsiflexão e essas rotações e esses desníveis.

E nesse artigo, ele identificou que pacientes com 17° ou menos de dorsiflexão são mais propensos a desenvolver o valgo dinâmico do joelho, a apresentar o valgo dinâmico do joelho. E os pacientes com 18 graus ou mais não apresentavam esse valgo dinâmico. Ou seja, nesse artigo, com 17° ou menos, o paciente durante o teste de step down apresentava um desalinhamento de membro inferior, um valgo do joelho, uma rotação externa do quadril, devido à limitação da dorsiflexão. E nesse mesmo artigo, eles colocaram um calço e pediram para o paciente realizar o step down, e esses pacientes que tinham essa limitação, esse déficit de dorsiflexão, de 17° ou menos, com o calço, o valgo dinâmico do joelho foi normalizado.

Então, hoje em dia, a gente vê, a gente analisa o paciente, e aí a gente vê o pé e é importante dar atenção para a limitação da dorsiflexão que muitas vezes o paciente está sofrendo uma lesão, mas o problema, a origem do problema, está justamente nesse déficit de dorsiflexão. E aí, a gente pode fazer uma avaliação dessa dorsiflexão de diversas maneiras.

Diversas maneiras da medição da dorsiflexão: a gente pode fazer em cadeia cinética aberta ou fechada. Em cadeia cinética aberta, o paciente vai deitar de barriga para baixo, você vai flexionar o joelho 90° e ele vai fazer um movimento de dorsiflexão, e você, com o goniômetro, vai aferir a angulação desse movimento. Sempre bilateral. Outra maneira de fazer em cadeia cinética fechada é como se fosse um alongamento de panturrilha. O paciente vai estar de pé, vai posicionar o pé próximo à parede, mas não colado. É um espaço. Ele vai fazer uma flexão do joelho, tentando fazer uma dorsiflexão, e ele vai chegar até o limite, não deixando o pé se deslocar do chão. Nesse limite, antes do pé deslocar do chão, você vai lá e mede o grau de dorsiflexão.

Existem essas duas maneiras e cada maneira apresenta uma angulação diferente. Paciente em cadeia cinética aberta, deitado de barriga para baixo, ele vai apresentar uma angulação menor. Ele em pé, em cadeia cinética fechada, a angulação é bem maior, quase que o dobro, às vezes até um pouco mais do que o dobro. Só que não existe uma angulação ideal publicada hoje em dia, comprovada cientificamente, do que é o ideal de um paciente ter. Não existe esse número. Então, o que é importante? Não a gente presta atenção em números, mas comparar um lado com o outro para ver se o lado que ele está apresentando toda a alteração, o valgo dinâmico, botar perna, ele também apresenta um déficit de dorsiflexão comparado ao lado contralateral. Então, não se atentem a números. Número não vai te levar a caminho nenhum. Presta atenção, justamente, nos dois lados, e analisa-se. Um lado tem alguma diferença em relação ao outro? Se encontrar essa diferença, para tratar essa patologia, essa lesão que ele está sentindo, certamente você vai ter que mexer nesse tornozelo do paciente.

Muitas vezes, com o trabalho de mobilização articular, alongamento, um trabalho muito bem feito, nos pacientes que apresentam limitação da dorsiflexão, a gente consegue melhorar muito o ângulo de valgo do joelho, o valgo dinâmico do joelho, e consequentemente a rotação e adução de quadril. Ok? Então, pegou um paciente, analisou o paciente, e viu que ele apresenta uma limitação da dorsiflexão. Se pode associar a essa limitação e suas outras lesões que ele esteja sentindo, porque tem uma correlação muito grande do déficit desse movimento com as lesões de membros inferiores. Ok? Então, a dica de hoje foi justamente para você não deixar de avaliar o ângulo de dorsiflexão de todos os pacientes que apresentam lesões de membros inferiores. Ok? Porque essa limitação gera diversas repercussões, não só em tornozelo, mas também joelho e quadril. Beleza? Essa foi a dica de hoje. Semana que vem, provavelmente, teremos mais algumas. Até a próxima!

Fonte: Limitação do ângulo de dorsiflexão do tornozelo por TechFeet – Palmilhas em 3D