Pular para o conteúdo

Casal de amigos supera limitações da poliomielite após 40 anos de internação

  • por
  • posts

Vivendo há mais de 40 anos em um leito de hospital: a história emocionante de Eliana Zagui e Paulo Henrique

Você já imaginou como é a vida de alguém que mora há mais de 40 anos em um leito de um hospital? De alguém que perdeu os movimentos abaixo do pescoço ainda quando criança e precisou vencer as limitações para poder seguir em frente?

O primeiro impacto foi até o Hospital das Clínicas aqui em São Paulo, para mostrar a trajetória da escritora Eliana Zagui e do Paulo Henrique. Os dois foram infectados pelo vírus da poliomielite quando ainda eram bebês, na década de 1960, e desde então estão internados na instituição.

Nesse período, eles vêm desbravando de que forma você vai acompanhar doar essa história emocionante que o Victor Ferreira vai contar. Acompanhe comigo, meu povo brasileiro. Esteja você aqui em São Paulo ou em qualquer parte desse país que eu tanto amo, essa história fecha pra mim e fala máquina bola.

    Tem gente que mora em casa, em apartamento. Tem gente que mora na cidade, na praia, na fazenda. Tem gente que não tem onde morar. Tem gente também que mora no hospital. Hoje, por exemplo, nós estamos no Hospital das Clínicas em São Paulo, onde há mais de 40 anos duas pessoas dividem um quarto de UTI. Que história é essa que a gente vai mostrar agora para entender o que trouxe Eliana Zagui e Paulo Henrique até aqui? Nós precisamos voltar no tempo.

    Em 1976, Eliana tinha 1 ano e 9 meses e morava com os pais na cidade de Guariba, a quase quatro horas de São Paulo. A febre e a dor de garganta que não passavam para os médicos eram tidas como gripe. Assim, por vários hospitais do interior de São Paulo e um deles fizeram o exame de líquor espinhal que constatou a poliomielite. E daí eles disseram que o lugar ideal para o tratamento seria o Hospital das Clínicas de São Paulo. Foi bem difícil porque ficar entre a vida e a morte era uma coisa muito ruim. O tempo correndo, Leco, não sabe se você e a gente não sabe o que ia suportar pela frente. Até então era até 10 anos de vida. Hoje eu tô com 45.

    Eliana não era única. O Brasil viveu um surto de poliomielite entre as décadas de 1970 e 1980, com quase 27 mil casos registrados. Um vírus transmitido pela ingestão do vírus, um vírus que é transmitido pela ingestão do vírus. Então, o que a gente chama de transmissão fecal-oral. E esse vírus tem o capricho dele, ele comete toda a medula, vai acometendo toda a medula e com isso a gente tem um déficit neurológico. E se for acometida, estiver acometida toda a medula, a gente evolui com uma incapacidade de respirar com a medula comprometida. Eliana perdeu os movimentos abaixo do pescoço, mas usou a boca para vencer a limitação.

    Também aprendi a pintar, escrever, ler, mexer no computador. Tudo e tudo isso só com a boca.

    Foi aqui. Não teve jeito. Eliana conheceu Paulo, com quem divide o quarto até hoje. O grupo era maior, sete crianças que contraíram o vírus da doença durante o surto e acabaram morando no hospital por um bom tempo. Paulo, vocês aqui formaram uma família.

    “Nós formamos uma família, né? Desde criança, eu tô aqui, né? Desde esse tempo todo aí. Infelizmente, por conta de falecer, hoje somos só nós dois.”

    São Paulo, as sequelas da poliomielite foram menores. O movimento dos braços foi mantido. Quando a criança entra num mundo e tenta descobrir tudo. No caso, eu aqui dentro do hospital, comecei a andar de cadeira de rodas e saber que tipo de lugar que estava… foi mal aventura incrível. Porque quando a gente é criança, se a gente só vai querer descobrir. E conforme eu fui crescendo, as coisas, o mundo era amplo. Eu tinha muito mais oportunidade de descobrir tudo aquilo que eu estava querendo.

    Uma das descobertas foi a informática. Paulo encontrou no computador a chance de desbravar o mundo. Chegou a criar uma animação com super-heróis em homenagem aos amigos que também sofreram com a paralisia infantil.

    “Ficou lindo, nossa, eu adorei. Mas espero mostrar pra ver a minha animação, é justamente pegar o público infantil e mostrar que o deficiente não é um bicho de sete cabeças. Pelo contrário, é um amigo, é um barulho fechado. E a gente precisa também de pessoas que estejam ao seu redor.”

    Apesar de o último caso no país ter sido registrado em 1989, a vacina contra a poliomielite ainda é necessária para crianças de até 5 anos. A importância da vacinação é porque hoje em dia o mundo está muito conectado, então a gente ainda tem países onde circula o vírus da poliomielite e, rapidamente, é transmitido através de avião, como a gente vê aí paralelamente o surto de sarampo que a gente teve aqui. Então a gente já tinha erradicado o sarampo no país e a gente viu a introdução do sarampo por pacientes que vieram de outros países. E com a polio a gente sempre tem um risco também.

    Tal Eliana são um milagre da medicina. E quem acha que a história termina aqui está enganado.

    Eliana tem um grande sonho. Está difícil, porque eu não tenho dinheiro, não tenho por onde realizar. Mas eu vou realizar, eu tenho certeza que eu vou realizar. Um sonho pra vocês pode ser muito pequeno, mas pra mim é muito grande. E é conhecer Paris, Ibiza, Barcelona e conhecer Nova York.

    A trajetória de Eliana está reunida no livro “Pulmão de Aço”, lançado por ela em 2013. Agora, a escritora tem o desejo de deixar o hospital. Para isso, fez uma vaquinha nas redes sociais.

    “O hospital não é moradia, não é casa. Não é o seu espaço, menor é sua estátua fora do HC. Morar na minha casa em Sumaré, onde tem os amigos que já estão me acolhendo e que eu tô indo e vindo, né? Até tudo se resolver.”

    Fonte: Há 40 anos internados, casal de amigos vence limitações da poliomielite| Primeiro Impacto (27/09/19) por SBT News