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Anafilaxia: caso clínico, sintomas e tratamento.

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Olá, tudo bem? Meu nome é Lucas e sou do 2º ano da medicina de emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de São Paulo. Sou da primeira turma também. Hoje, a nossa ideia é discutir um caso clínico que foi atendido dentro do nosso departamento de emergência. É um caso em tempo real e vamos inicialmente expor esse caso e depois comentar algumas perguntas e também algumas coisas importantes para o manejo desse paciente dentro do departamento de emergência.

Inicialmente, foi citado um paciente de 44 anos do sexo masculino, cadeirante e com uma paraplegia que ocorreu após um ferimento por arma de fogo na região da coluna vertebral, já há cinco anos. Por conta disso, ele evoluiu com uma bexiga neurogênica e uma úlcera sacral grau dois. Ele também tem uma sondvocal de demora e tem relatado uma alergia a um antibiótico, porém não se lembra do nome. Durante a história de vícios, ele nega o uso recente de antibiótico e a última refeição que ele havia realizado envolvia líquidos e sólidos há quatro horas.

Foram realizados exames como raio-x de tórax, que não apresentou alterações importantes, e coleta de urina, que apresentou a presença de nitrito positivo e contagem acima de 100.000 de bactérias, configurando uma infecção do trato urinário.

O paciente foi atendido inicialmente com uma pressão arterial de 155/100 mmHg, frequência cardíaca de 60 bpm, frequência respiratória de 24 irpm e saturação de oxigênio de 96%. Ele estava febril, com temperatura de 38,2 ºC. Foi pensado em tratar a febre com uma taquicardia e também foi coletada uma gasometria arterial, que mostrou um pH de 7,36, bicarbonato reduzido e uma pressão parcial de CO2 também reduzida, sugerindo uma alcalose respiratória metabólica. O paciente também apresentava tremores e calafrios.

Foi optado por dar ao paciente acesso venoso no membro superior esquerdo, prescrever cristaloide e vasoconstritor e administrar um antipirético analgésico. Porém, após 30 minutos da infusão dessas medicações, o paciente desenvolveu desconforto respiratório, sudorese profusa, mal-estar geral e náuseas, mas não apresentava vômitos. A pele continuava com a úlcera sacral grau dois.

Diante desse quadro, o paciente foi levado à sala de emergência e monitorado. Apresentava taquicardia, agitação, frequência respiratória de 140 irpm, eletrônica em ritmo sinusal, pressão sistólica abaixo de 90 mmHg, saturação de oxigênio não obtida devido à má perfusão periférica e esforço respiratório aumentado. Foi pensado na possibilidade de uma reação alérgica aguda, um quadro de broncoespasmo e choque circulatório.

Para tratar esse quadro, foi prescrito adrenalina, broncodilatadores, corticoide e bloqueador histamínico. O paciente apresentou melhora importante e foi mantido em monitorização na sala de emergência. Foi necessário trocar o antibiótico e ele foi internado hospitalarmente.

Essa situação mostra a importância de fazer um diagnóstico preciso e rápido, além do manejo adequado do paciente dentro do departamento de emergência. É essencial também anotar no prontuário do paciente sobre a reação alérgica para futuras referências.

Fonte: Discussão de Caso clínico: Anafilaxia por Manole Educação