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Tratamento para herpes zoster crônico: guia completo e recomendações

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Olá pessoal!

Meu nome é André Maçã, médico especialista no tratamento de dores crônicas. No vídeo passado, eu falei sobre por que é importante tratar rapidamente as dores causadas pelo herpes zoster. Nesse vídeo, vou falar sobre as possibilidades de tratamento para quando o episódio se torna crônico, ou seja, quando ele se transforma em uma neuralgia pós-herpética.

Vamos celebrar então as fases dessa doença. Inicialmente, a criança é contaminada pela catapora. Isso acontecia no passado, quando não havia vacina. O vírus que causa a catapora chama-se varicela zoster. Mas acontece que o vírus fica incubado, ele fica dormindo em um nervo. Em algum momento da vida, ocorre queda da imunidade do paciente, seja por estresse, doenças ou uso de medicamentos. Assim, o vírus acorda e ele caminha pelo nervo até chegar à pele. Ele promove uma série de lesões bolhosas extremamente dolorosas, com dor e queimação normalmente em um ou dois nervos e na grande maioria das vezes de um lado só do corpo.

Nessa fase, nossa meta é que a pele cicatrize. Porém, algumas vezes o nervo não cicatriza e quando a dor persiste por mais de três meses, estamos diante da neuralgia pós-herpética. Sabemos que quanto mais cedo tratarmos essa doença, maiores são as chances de sucesso. Por isso, é importante tratar rapidamente quando a dor surge. Temos algumas opções de tratamento, vamos lá!

Eu sempre bato na tecla de que o tratamento da dor crônica deve ser feito em etapas. Normalmente, começamos com medicamentos da classe dos anticonvulsivantes. Já expliquei o motivo de usarmos esses medicamentos em vídeos anteriores, se você não assistiu, o link está aqui acima.

Outra opção de tratamento é a toxina botulínica. Alguns bloqueios também podem ser realizados, assim como o emprego da radiofrequência e o implante de estimulação medular ou de bomba de infusão de fármacos. Vou explicar cada tópico para vocês!

Uma opção inicial e pouco invasiva de tratamento é o uso de adesivos impregnados de anestésico local. Normalmente, esses adesivos contêm lidocaína em alta concentração de 5%. O paciente coloca o adesivo na região da dor e ele libera o anestésico gradualmente, aliviando a dor em muitos casos.

Quando esse tratamento não traz o efeito desejado, podemos utilizar a toxina botulínica. Essa toxina é a mesma utilizada em estética, para tratar rugas de expressão. Porém, também tem efeito na dor crônica, especialmente em dores neuropáticas, como a neuralgia pós-herpética. Realizamos infiltrações precisas em toda a extensão da dor do paciente, diretamente na pele. Vários estudos já mostraram o potencial desse tratamento em reduzir a dor do paciente com herpes zoster e neuralgia pós-herpética.

Outra opção de tratamento são os populares bloqueios. Durante esse tratamento, posicionamos agulhas ao redor dos nervos inflamados pelo herpes zoster e podemos injetar substâncias anestésicas e anti-inflamatórias. Esse tratamento é feito sempre guiado por algum método de imagem, seja o raio-x ou a ultrassonografia. Não há necessidade de internação.

Em casos um pouco mais graves, podemos usar a radiofrequência. Nesse procedimento, colocamos agulhas específicas ao redor de cada nervo que está lesionado. Dentro dessas agulhas, é colocado um eletrodo. Esse eletrodo é ligado a um gerador de radiofrequência, que emite um estímulo elétrico com o objetivo de diminuir os impulsos elétricos que estão causando dor e estão sendo emitidos pelos nervos afetados.

Para casos ainda mais graves, temos tratamentos um pouco mais invasivos. Um deles é a estimulação medular. Nesse procedimento, colocamos um eletrodo atrás da medula do paciente. Esse eletrodo é conectado a um gerador, como um marca-passo, que fica abaixo da pele do paciente. Esse gerador emite impulsos elétricos 24 horas por dia para inibir a dor do paciente, no nível da medula.

Outra opção para casos mais graves seria o implante de uma bomba de infusão de medicamentos. Durante esse procedimento, colocamos um cateter no líquido que banha os nervos da medula. Esse cateter é ligado a um reservatório computadorizado que fica abaixo da pele do paciente. Esse reservatório contém medicamentos e o computador controla a infusão desses medicamentos naquela região 24 horas por dia. Os estudos mostram que a potência desses medicamentos, nessa região, chega a ser 300 vezes maior do que quando tomados por via oral.

Uma mensagem final muito importante é que a neuralgia pós-herpética representa um dos quadros de dores crônicas de mais difícil tratamento. Por isso, é muito importante preveni-la. Como fazemos isso? A vacinação! A vacinação é indicada para quem tem 50 anos ou mais, tendo tido ou não o episódio de herpes zoster. Se você teve o episódio, é preciso esperar um ano para dar a vacina. E é essencial o tratamento precoce, caso você tenha herpes zoster. Quem tem herpes zoster deve procurar rapidamente um especialista em dor, pois estudos mostram que quanto mais rápido tratarmos as dores desse paciente, menores serão as chances de desenvolver a forma crônica da doença.

Espero que tenham achado essas informações úteis! Compartilhe o vídeo, inscreva-se no nosso canal e ative o sininho para receber as notificações de todas as nossas atualizações semanais!

Fonte: Herpes Zoster: O que fazer quando a dor se torna crônica? por Dr. André Mansano – Tratamento da Dor