Cefaléia cervicogênica: descubra se a dor de cabeça pode ser causada pelo pescoço.

Olá pessoal, vocês sabiam que algumas dores de cabeça podem ser originadas de alguma estrutura do pescoço? Isso pode ser o que chamamos de cefaléia cervicogênica, que muitas vezes pode ser confundida com quadros de enxaqueca.

O termo cefaléia cervicogênica significa literalmente dor de cabeça originada do pescoço. Várias estruturas podem ser responsáveis por isso, como articulações, ligamentos, o disco intervertebral e a musculatura associada.

Aqui está então o nosso pescoço, composto por várias articulações, ligamentos, discos intervertebrais e musculatura associada. Ele tem a função de rotação da cabeça, de suportar a cabeça e também de proteger a medula espinhal que passa dentro da coluna.

Vamos dar ênfase a uma articulação muito importante: a articulação atlantoaxial, entre a 1ª e 2ª vértebras cervicais. Essa articulação possui cartilagem em seu interior e muitas vezes pode sofrer degeneração, o que ocorre também por sobrecarga da região ou por traumas. Quando isso acontece, o paciente pode sentir dores na região cervical que irradiam para a região da cabeça.

Os principais sintomas são dores frequentemente unilaterais, ou seja, de um lado só da cabeça e do pescoço. Normalmente, a dor se inicia na região occipital ou no pescoço e piora com a movimentação da cabeça. Pode estar associada à diminuição da amplitude de movimento, onde o paciente roda menos a cabeça para um lado do que para o outro, e pode também ser pulsátil e estar associada a náuseas.

Esses sintomas podem muitas vezes levar os médicos a confundirem esse quadro de cefaléia cervicogênica com um quadro de enxaqueca, mas é importante ressaltar que o tratamento é completamente diferente.

Um estudo interessante avaliou o padrão de dor que ocorre no acometimento das articulações cervicais. Quanto mais escura a região, maior a probabilidade do paciente sentir dor. Por exemplo, no acometimento das articulações entre a 1ª e 2ª vértebras cervicais, o paciente pode sentir dor na região occipital ou no pescoço, que pode irradiar até a cabeça e eventualmente até a região dos olhos. O mesmo acontece no acometimento das articulações entre a 2ª e 3ª vértebras cervicais, podendo doer no pescoço e subir até a cabeça e os olhos.

O diagnóstico da cefaléia cervicogênica é feito em quatro etapas: a história clínica, o exame físico, exames de imagem e o bloqueio diagnóstico. O bloqueio diagnóstico é muito importante, pois permite afirmar se uma determinada estrutura é a responsável pela dor. Para isso, é realizado um procedimento sob sedação, onde é localizada a articulação específica e introduzida uma pequena agulha no seu interior, sendo então injetada uma substância anestésica anti-inflamatória. Se o paciente melhora significativamente da dor, é possível afirmar que aquela estrutura é a responsável.

O tratamento da cefaléia cervicogênica é escalonado, partindo de tratamentos menos invasivos e avançando para os mais invasivos apenas caso os primeiros não tenham efeito. Inicialmente, são utilizados medicamentos analgésicos e uma fisioterapia especializada. Caso isso não seja suficiente, pode-se realizar os bloqueios, seja diagnóstico ou como tratamento. Em alguns casos mais graves, é possível injetar substâncias chamadas ácido hialurônico, que são lubrificantes articulares, ou realizar a radiofrequência, que queima os nervinhos da articulação. Por fim, nos casos mais graves, pode ser necessário realizar a cirurgia, chamada de artrodese, que consiste em fundir artificialmente as articulações.

Então, como podemos ver, o diagnóstico é muito importante para escolher o melhor tratamento. Existem mais de 100 a 150 tipos de dores de cabeça catalogadas, e saber exatamente o tipo de dor de cabeça é essencial para um tratamento eficaz.