Até quando devemos insistir na fala?

Olá, povão, tudo bem? Hoje eu estava passando pelo Facebook e vi um comentário de uma mãe perguntando se o filho dela, que já tinha tantos anos, ainda iria aprender a falar. Isso me lembrou de um vídeo que eu queria fazer há muito tempo para falar sobre a questão da idade e até quando devemos insistir na fala.

Meu nome é Lucelmo Lacerda, sou doutor em educação pela PUC São Paulo e fiz estágio de pós-doc na UFSCAR no departamento de psicologia. Estudo o autismo e essa questão da fala é realmente preocupante. A fala proporciona diversas oportunidades na vida e é natural que os pais fiquem ansiosos para que ela se desenvolva. Mas até que idade faz sentido insistir nisso?

Existem três motivos principais pelos quais pessoas com autismo podem não falar. O primeiro é a falta de aquisição da fala, relacionada muitas vezes à deficiência intelectual. O segundo motivo é a falta de intencionalidade da fala, o que está ligado ao autismo e ao prejuízo na comunicação social. Se essa falta de intencionalidade for muito profunda, pode resultar na ausência de fala. O terceiro motivo é a dificuldade motora na produção da fala, conhecida como apraxia da fala ou disfraxia.

Quando se faz uma intervenção para o autismo, é preciso lidar com esses três motivos. No caso da apraxia, existem intervenções específicas da fonoaudiologia. No entanto, é importante ressaltar que nem toda criança que não fala tem apraxia. É preciso tomar cuidado com essa generalização.

Até quando devemos insistir na fala, então? Bem, quando trabalhamos com crianças pequenas, é comum focar no ensino da fala juntamente com outros pré-requisitos de comunicação. Quanto mais cedo se iniciar a intervenção, maior é a probabilidade de a criança aprender a falar. No entanto, à medida que o tempo passa, essa probabilidade diminui.

De modo geral, até os sete anos de idade, a probabilidade de adquirir a fala é boa. No entanto, depois dessa idade, é altamente improvável que a fala se desenvolva, embora casos isolados já tenham sido registrados. É importante ressaltar que quando mencionamos os sete anos, estamos nos referindo a crianças que apresentam uma dificuldade real na aquisição do comportamento da fala ou na intencionalidade para com o outro, não apenas a dificuldades fonéticas.

Esse conhecimento foi adquirido a partir de estudos em cirurgia de epilepsia. Quando uma pessoa com epilepsia tem uma parte do cérebro relacionada à fala removida, se ela tiver menos de sete anos, há chances de ela voltar a falar, enquanto que após os sete anos, isso raramente acontece. É claro que a neuroplasticidade existe em qualquer idade, mas comparar casos de sucesso
Fonte: Autismo: até quando é possível falar? [AUTISMO NÃO VERBAL] por Luna ABA

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