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Síndrome do Pânico: Psicanalista especialista em tratamento, Ana Suruagy Botto.

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Olá, eu sou Anna Suruagy Bhutto, psicanalista e diretora do Núcleo Terapêutico Espaço Que Sim. Estamos aqui novamente hoje para abordar um tema: a síndrome do pânico. Imagine que você está dentro de casa, no trabalho, ou em uma situação aleatória conversando com amigos. De repente, uma sensação de terror toma conta de você. Seu coração acelera, sua respiração fica ofegante, suas pernas ficam bambas. É como se você fosse desmaiar a qualquer momento e tem a certeza eterna de que chegou a sua hora, de que você está morrendo. É uma das sensações mais assustadoras que acometem o ser humano, é o que chamamos de Síndrome do Pânico.

Para definirmos de forma mais clara a situação, vamos entender o pânico como algo natural no ser humano. Mas quando ele se torna uma doença, percebemos que estamos ameaçados por uma situação que não é real. Quando estamos em perigo, nosso coração bate mais rápido, nossa pressão arterial aumenta e nossas mãos ficam geladas porque o sangue foge para os músculos. O objetivo desse processo é preparar o organismo para reagir fugindo ou enfrentando a situação ameaçadora.

O que acontece é que, no caso dos que sofrem de síndrome do pânico, há um desequilíbrio nesse mecanismo. Ele é disparado sem que haja uma ameaça real. Pode ser em situações cotidianas, como atravessar um túnel, entrar no metrô, subir em um avião ou até mesmo se deparar com uma multidão ao sair à rua. A ansiedade não encontra uma razão que justifique essa reação orgânica, e a pessoa começa a imaginar que está tendo um ataque cardíaco, inclusive porque os sintomas que ela está sentindo são muito semelhantes, apesar de ela não ter nenhum problema cardíaco. E é aí que surge o problema.

Muitas vezes, o paciente em pânico recorre às emergências de hospitais, sem se convencer de que nada orgânico está acontecendo que justifique aquela sintomatologia. Apesar de as crises não representarem nenhuma ameaça real ao organismo do indivíduo, elas são muito duras para a sua identidade. Ele nunca sabe, por exemplo, quando vai sofrer um novo ataque. Com o passar do tempo, as crises ocorrem de forma ainda mais inesperada e o indivíduo acaba adquirindo uma ansiedade antecipatória, constantemente preocupado com a possibilidade desses sintomas voltarem a acontecer.

Dessa forma, ele começa a evitar situações que podem desencadear as crises. Ele passa a sair sempre acompanhado, não consegue mais sair sozinho na rua, não entra mais em elevadores, começa a evitar situações sociais, não utiliza mais o metrô, não viaja de avião e não dirige. Ele tenta evitar, a todo custo, lugares onde a crise ocorreu. É aí que entra a segunda doença, chamada “medo de ter medo”.

Agora temos uma pessoa que tem a síndrome do pânico e também essa síndrome de evitação, tornando sua vida cada vez mais limitada. É uma situação bastante complicada, que gera muita restrição. A vida que antes era plena e produtiva começa a ser ditada por esses sintomas e medos. A pessoa, antes de ter uma personalidade relaxada e autoconfiante, acaba se tornando insegura e, de fato, muito restrita.

Segundo as estatísticas, cerca de 70-80% das pessoas que não buscam tratamento para a síndrome do pânico acabam desenvolvendo uma depressão secundária. Existe uma associação entre o pânico e a depressão, sendo que o pânico pode se tornar um quadro secundário. É como se o indivíduo estivesse tentando reduzir a ansiedade através do álcool, gerando mais um problema para si mesmo.

Agora, vamos falar sobre o tratamento. Uma parte essencial no tratamento da pessoa com síndrome do pânico é o entendimento da doença e da situação das suas crises. Isso é feito através da psicoterapia, onde a pessoa aprende a lidar, entender e trabalhar essas situações de forma mais harmoniosa para si mesma, tornando-as mais estruturantes. Além disso, dentro da psicoterapia, é realizado um trabalho comportamental, conhecido como dessensibilização progressiva, onde a pessoa é exposta gradativamente a situações que antes ela acreditava serem desencadeadoras das crises.

Os exercícios físicos também ajudam muito as pessoas com síndrome do pânico, assim como as medicações. Existem uma série de medicamentos disponíveis para ajudar no tratamento. É um tratamento que requer tanto a medicação quanto a psicoterapia. É importante buscar ajuda profissional para realizar um tratamento adequado.

Muitas vezes, a pessoa que sofre com síndrome do pânico não consegue identificar o que está acontecendo com ela e pode ficar com medo de buscar tratamento. Mas é fundamental entender que essa é uma condição que tem solução e pode ser tratada com sucesso, possibilitando que a pessoa retome uma vida plena e livre dos sintomas.

Agradeço a vocês e até a próxima!

Fonte: Síndrome do Pânico – Psicanalista Ana Suruagy Botto por Psic. Ana Suruagy Botto