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Como identificar e lidar com os primeiros sinais da demência

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A demência e a doença de Alzheimer

A demência mais comum e mais conhecida é a doença de Alzheimer, em que necessariamente a memória é afetada. Reconhecer os primeiros sinais da demência e diferenciá-la de outros estados é fundamental para um diagnóstico precoce e um melhor cuidado com o paciente.

O que é demência?

A demência é um prejuízo adquirido e permanente da capacidade intelectual que afeta pelo menos três dos cinco domínios da cognição: memória, linguagem, emoção, capacidade de visão espacial e personalidade. Essa alteração interfere na vida social, no trabalho e nos relacionamentos interpessoais.

A demência não tem um início preciso, geralmente as pessoas não conseguem pontuar quando começou. Algumas alterações vão surgindo até que alguém se dá conta de que aquele idoso não está no seu estado habitual, ou acontecem alguns incidentes, como o idoso se perder ou haver algum desastre na cozinha, que são marcados como o início da demência. No entanto, geralmente existem alguns sinais anteriores mais sutis, que diferem de outros estados, como infecção, distúrbios hormonais ou deficiências graves de vitaminas.

A família e os cuidadores precisam estar muito atentos a esse idoso, pois geralmente eles não percebem o esquecimento ou a falta de habilidade, e quando se dão conta, tendem a tentar justificar aquela situação. Infelizmente, a demência é uma trajetória marcada por perdas.

Primeiros sinais da demência

Inicialmente, esse idoso pode ter dificuldade em lidar com novas situações, como viajar ou mudar de local de moradia. Mexer com dinheiro também se torna difícil, pois ele não consegue fazer pequenas compras que habitualmente fazia, ou conferir o troco, por exemplo. Além disso, ele pode começar a fazer combinações exóticas de roupa ou deixar de escolher suas roupas sozinho.

Os idosos com demência podem ficar menos atentos para a questão da higiene, ou precisam de incentivo para o banho, e chegam ao banheiro sem saber o que fazer, até que não conseguem mais tomar banho sozinhos. A incontinência também faz parte dessa evolução, com o idoso começando a perder fezes e urina.

A interação com o meio vai ficando mais restrita, e o idoso já não reage aos mesmos estímulos de antes, não sorri e é mais difícil puxar uma conversa. A linguagem e o vocabulário vão ficando empobrecidos, limitando-se a poucas palavras. Em fases mais graves, o idoso pode deixar de vocalizar e perder força e capacidade motora e de locomoção.

Aos poucos, ele vai precisando de auxílio para se locomover, ficando mais restrito a cadeiras ou ficando sempre sentado. Até que, ao longo da doença, ele vai perdendo a capacidade de sustentar o tronco e o pescoço, até ficar completamente acamado. Esse processo pode demorar anos, mas a cada dia o idoso vai demandar mais auxílio e atenção, precisando de outras pessoas para as atividades mais simples.

Diante desse processo, é importante não antecipar as perdas e permitir que o idoso tome o seu tempo para realizar as atividades que ainda consegue. Algumas situações podem requerer cuidados específicos, como ajudar a vestir-se ou lidar com a incontinência. Mas é fundamental evitar antecipar a perda de independência do idoso.

Tratamento e cuidados

Os transtornos do humor e distúrbios do comportamento são frequentes na evolução da demência e costumam causar sobrecarga aos cuidadores. No entanto, é essencial tratá-los adequadamente. O tratamento sempre deve começar por medidas não farmacológicas, como estabelecer rotinas e uma programação de exercícios para diminuir a ansiedade e o estresse do idoso.

É importante ter elementos de orientação visíveis, como relógios, calendários, fotos de pessoas e acontecimentos importantes, para ajudar o idoso a se orientar. Além disso, a pessoa com demência deve ser integrada às atividades do ambiente em que está, evitando assim o isolamento e a privação de estímulos.

No caso de medidas não farmacológicas não serem suficientes, pode ser necessário um tratamento farmacológico, sempre iniciando com a menor dose possível e ajustando gradativamente até o efeito desejado. Os medicamentos anti-colinesterase podem ser utilizados, pois possuem benefício nos transtornos de comportamento, bem como um ganho cognitivo modesto nos pacientes que estão na fase inicial a moderada.

Os antidepressivos e antipsicóticos também podem ser necessários, mesmo diante de uma doença tão grave como a demência de Alzheimer. No entanto, é fundamental preservar os valores e a dignidade da pessoa, afinal, ela é o sujeito de sua própria biografia, com todas as suas conquistas e fracassos. O cuidado paliativo é uma abordagem que promove qualidade de vida tanto para os pacientes quanto para os familiares, aliviando o sofrimento físico, psíquico, social e espiritual.

Para isso, contamos com a ajuda de uma equipe multidisciplinar, que busca o bem-estar e a longevidade dos pacientes e de seus familiares.

Por Dra. Karen Vieira, Médica Geriatra

Fonte: Primeiros sinais da demência: O que fazer? por Canal Altevita